domingo, 14 de dezembro de 2008
MOVIMENTO APOSTÓLICO DE SCHOENSTATT - 2
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
GATA – Grupo Activo de Teatro Amador - 1
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Corpo Nacional de Escutas na Gafanha da Nazaré - 1
DA GAFANHA DA NAZARÉ
Em 29 de Julho de 1979 dá-se a oficialização do Agrupamento do CNE (Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português), ao qual foi atribuído o n.º 588. Na véspera, na noite de 28, fizeram a sua promessa os três primeiros dirigentes: Carlos Alberto Borges Ferreira (Chefe do Agrupamento), Orlando Leitão de Figueiredo (Secretário), e Fernando Alberto Borges Ferreira (Chefe de Grupo). Era assistente o Padre Miguel Lencastre.
Logo de seguida, iniciaram a preparação com vista à chefia da Alcateia (Lobitos) as futuras chefes Madalena Matias, Maria Ana Cunha Pereira, Maria do Céu Gandarinho Lopes e Custódia Lopes Caçoilo.
A primeira promessa de Lobitos ocorre a 2 de Maio de 1982, depois da necessária preparação. Em 1981, o chefe Carlos Alberto Ferreira deixa o Agrupamento e em 10 de Julho do mesmo ano assume a chefia Fernando Alberto Ferreira.
Em 25 de Setembro de 1982, os responsáveis do Agrupamento n.º 588 são já os seguintes:
Orlando Leitão de Figueiredo - Chefe do Agrupamento
Padre Rubens António Severino – Assistente
Fernando Martins - Adjunto do Assistente
Carlos António da Silva Loureiro – Secretário
Madalena Matias - Chefe da Alcateia
Eunice Rodrigues da Silva - Chefe do Grupo Júnior
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Coisas dos nossos “intigos”
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Foto com desafio - 3
domingo, 2 de novembro de 2008
Foto com desafio - 2
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Acta da Instalação da primeira Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Dia das Bruxas
domingo, 26 de outubro de 2008
FOTO COM DESAFIO
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O trabalho não azeda
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
O assador de castanhas
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Para rir... Ruralidades...
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Saúde nas Gafanhas
sábado, 11 de outubro de 2008
TIMONEIRO — Jornal paroquial
Por dificuldades de vária ordem, em 1958 a Gafanha da Encarnação desligou-se e em 1964 era já propriedade exclusiva da paróquia da Gafanha da Nazaré. Durante alguns anos integrou um grupo de Boletins Paroquiais, o que lhe proporcionava a utilização de alguns artigo, principalmente na primeira e última página.
Desde a sua fundação até à entrada na paróquia do Padre Miguel Lencastre, como coadjutor, o TIMONEIRO era escrito, quase na íntegra, pelo seu fundador e director, Padre Domingos. Nessa altura, um grupo de leigos, com algumas responsabilidades na freguesia, aceita colaborar com a finalidade de tornar o jornal mais representativo da comunidade. Desde então, têm sido inúmeros os seus colaboradores, mantendo-se o pároco como primeiro responsável e director, regra que tem acontecido até aos dias de hoje.
Dificuldades económicas puseram em questão a sua continuidade na década de setenta do século passado, dizendo-se, na altura, que a paróquia não podia “suportar tal luxo”. No entanto, durante uma viagem ao Brasil, o Padre Miguel pôde testemunhar o carinho com que o TIMONEIRO era recebido. E a partir daí nunca mais se falou “em luxo”, porque se reconheceu que o jornal era uma necessidade, também para os muitos emigrantes gafanhões espalhados pelo mundo.
Durante os anos da sua existência adoptou diversos formatos e outros tantos cabeçalhos, bem como foi variando o número de páginas. Em 1985 optou pelas 12 páginas com capas a duas cores, mantendo-se mensal, mas reduzindo a tiragem para mil exemplares, nunca tendo sido estudada a causa da falta de interesse de alguns paroquianos.
Inicialmente o jornal era distribuído pelos “Zeladores do Sagrado Coração de Jesus”, conforme aviso lido às missas do dia 23 de Dezembro de 1956, que reza assim: “… bater a todas as portas, apontando o nome, visivelmente, e investigando se querem que o jornal seja entregue pessoalmente ou pelo correio.” Todos, então, optaram pelo seu recebimento por mão própria, e só muito mais tarde, quando se verificou o cansaço de alguns “zeladores”, é que passou a ser distribuído pelos CTT.
Em 1986, o seu preço avulso era de 30$00, sendo a assinatura anual de 350$00 (Portugal) e de 500$00 (estrangeiro). Um ano antes conseguiu o Porte Pago, o que levou a que, com alguma publicidade, se tornasse economicamente independente.
Foram seus directores , até 1986, os Padres Domingos, Miguel e Rúbens, sendo Fernando Martins o responsável pela Redacção. Desde a primeira hora, o TIMONEIRO procurou ser um órgão oficial da comunidade católica, mas aberto à comunidade humana, com a inserção nas suas páginas de temas de âmbito geral.
Fonte: “GAFANHA – N.ª S.ª da Nazaré", de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Tradições das Gafanhas
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré - 3
terça-feira, 30 de setembro de 2008
ROMARIA DA SENHORA DA SAÚDE MANTÉM A TRADIÇÃO
terça-feira, 23 de setembro de 2008
MOVIMENTO APOSTÓLICO DE SCHOENSTATT - 1
O Movimento de Schoenstatt tem um carisma Mariano, Apostólico e Comunitário, e, por inspirador, o fundador (o Pai-Fundador, como é mais conhecido), padre José Kentenich. Os membros deste Movimento estabelecem uma Aliança de Amor com Nossa Senhora, segundo múltiplos graus de pertença, desde o peregrino que visita o Santuário e esporadicamente toma parte em actividades de formação, até aos que ingressam nos Institutos, passando pelos que se vinculam às tarefas de auto-educação, através do cumprimento fidelíssimo do dever e de uma vida cristã autêntica, base essencial da renovação religiosa e moral do mundo.
Na Gafanha da Nazaré, o Movimento de Schoenstatt exerce a sua missão a partir do centro Tabor e da Casa de Sião, pelas Irmãs de Maria e pelos Padres de Schoenstatt, estando o Santuário no centro de todas as actividades, numa ligação plena à Igreja. A Família de Schoenstatt baseia-se na imagem da família natural para que, nas comunidades, o Povo de Deus se transforme em família de Deus, aceitando a protecção da Mãe, Rainha Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, através do Santuário, como lar espiritual, onde se presta um contributo decisivo às tarefas que a Igreja, em especial, e o Vaticano II, em particular, têm indicado ao mesmo Povo de Deus.
Porque acredita que a liberdade é um dom fundamental da pessoa humana, o Movimento tem como determinantes o princípio: Liberdade quanto possível; Vínculos só os necessários; e Cultivo de espírito elevado ao máximo. Assim, Schoenstatt quer formar o homem novo, livre e capaz de se decidir, que sabe usar as coisas do mundo, estando desprendido delas, e que, com magnanimidade, aspira a ideias elevadas. Em Schoenstatt, Maria anuncia as verdades fundamentais da Fé Católica, tão ameaçadas no dia-a-dia por constantes injustiças e manipulações de toda a ordem que instrumentalizam o Homem cada vez mais, e procura restituir-lhe a dignidade de filho de Deus.
O Movimento de Schoenstatt mobiliza e tem mobilizado centenas de paroquianos na Gafanha da Nazaré e noutras paróquias da Diocese. Torna imprescindível, por isso, registar algumas notas do Padre Miguel Lencastre, grande obreiro de toda esta espiritualidade que se respira na região. Ouçamo-lo, pois: «Nos meus começos de coadjutor na Gafanha da Nazaré, procurei pesquisar as possibilidades que se abriram na paróquia e arredores. Por isso mesmo, tentei penetrar apostolicamente em Aveiro e paróquias vizinhas. Desta maneira, ia regularmente ao Colégio do Coração de Maria, tomando contacto com os jovens. Também procurei alguns padres que pareciam ter simpatia pelo Movimento. Cheguei a reunir uns oito ou nove, quase todos Aveiro.
Em Novembro de 1970, dava-se um facto, a meu ver muito importante. O «Símbolo do Pai», vindo da Suíça, fazia pela 1.ª vez a sua entrada em Portugal - Lisboa. Para quem conhece o Movimento, sabe bem o que representava essa visita e toda a corrente de vida e de graças que a acompanhava. Por isso mesmo, desabafei com o P. Domingos Rebelo, dizendo: «Hoje cheira-me a grande caçada. Temos que descobrir a lebre. Ou eu me engano muito, ou este dia vai ficar gravado na história da Igreja e do Movimento em Portugal». E com esta fé, o P. Domingos e eu entrámos no meu carro - o Maresia.
Demos uma grande volta, atravessando a paróquia, sem esquecer a Barra. Já no final, o P. Domingos levou-me até aos terrenos da Colónia. Encontrámos uma casa completamente abandonada — hoje Casa de Sião — e uma outra na sua frente, não abandonada, mas quase. Viviam lá colonos, que pouco tempo depois saíram. Ficava no terreno que hoje é o das Irmãs, logo à entrada, um pouco à direita. Junto da primeira casa, o P. Domingos e eu ajoelhámos e rezámos e também sonhámos: E se conseguíssemos fazer daqui um grande Centro Espiritual, talvez mesmo com um Santuário?...
Não tínhamos nem um centavo, mas nas mãos de Deus tudo seria possível. E nunca mais esta ideia me abandonou. Com o grupo desses padres simpatizantes de Schoenstatt, procurei transformá-la em realidade. Conversámos e fomos amadurecendo o projecto. Fiz também sondagens a nível das autoridades da Colónia e da Diocese.
Em Abril de 1971, chega à Gafanha o P. Celestino Trevisan. Ele ficou entusiasmado com a ideia, e dá-nos a sua força. E no dia 5 de Maio de 1971 esse grupo de padres resolveu escrever uma carta às autoridades competentes, pedindo a cedência gratuita dessa primeira casa abandonada, prometendo em contrapartida a construção de um Centro Social e Espiritual. A resposta veio mais tarde, mas a casa e terrenos só seriam cedidos a título precário. Escreveu-se, então, nova carta. E como o colono da 2.ª casa já tivesse saído (ou estava para sair…), pedimos também esta segunda com os seus terrenos anexos. Mas tudo isto demorou o seu tempo. Finalmente, veio o sim tão desejado em 25 de Maio de 1973.
Lembro-me do primeiro piquenique lá realizado, com os simpatizantes de Schoenstatt. Foi no dia 12 de Junho de 1972, dia do meu aniversário. Entre outras pessoas, estavam o P. Domingos, Maria Luísa, P. Celestino, minha irmã Margarida, um grupo de Unionistas brasileiras do Rio Grande do Sul, do qual fazia parte Anita Trevisan, uma outra senhora brasileira Flora Adami, além de D. Luz e Belinha. Também com o Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade, e os padres do Arciprestado de Ílhavo. D. António dos Santos ainda era pároco. Fizemos lá vários almoços, nas nossas reuniões de zona, com alguns desafios de futebol de permeio. D. Manuel era sempre guarda-redes! E capitão! Chegou depois o final do meu contrato como coadjutor - 30 de Setembro de 1972. Por isso, regresso ao Brasil, assim como o P. Celestino. Passados uns seis meses, regresso à Gafanha - Abril de 1973, desta vez como pároco.
Começo de imediato a legalizar a situação dos terrenos, o que me deu grandes canseiras e preocupações, tanto com as autoridades eclesiásticas como com as civis, e também com os superiores do meu Instituto!... Mas, com a ajuda de Deus, tudo se resolve. Isto já em pleno 1974. Em 25 de Abril estoira a revolução nacional! Em Agosto desse ano, promovo um campo de trabalho para estudantes estrangeiros, começando assim as obras de restauro da futura Casa Sião, sem qualquer ajuda económica. Foi tudo na base das boas-vontades. Para dormir, utilizámos as instalações do antigo Lar da Obra da Providência - hoje Jardim-escola. Aí pernoitavam os estudantes. Finalmente, nesse ano de 1974, consegui uma verba da Alemanha, que me permitiu continuar e concluir a Casa Sião. Entretanto, o Movimento na Gafanha crescia.
Formaram-se grupos de Mães, um de rapazes e outro de raparigas, além do Movimento das Virgens Peregrinas e da celebração dos dias 18, na Capela da Igreja. Com este crescimento, veio naturalmente a primeira peregrinação oficial ao Santuário de Lisboa, a 14 de Setembro de 1975, inaugurado a 31 de Maio de 1974. Em Lisboa, encontrámos as Irmãs de Maria, recém-chegadas do Brasil. Convidei-as para uma visita à Gafanha. E no dia seguinte viemos de «Maresia» para a nossa paróquia, com passagem por Fátima.
As Irmãs, depois de visitarem Porto e Braga, decidiram-se a ficar na Gafanha. O primeiro lugar para onde elas foram, foi para o Jardim-escola, que havia sido fundado nessa própria altura, talvez começos de Outubro! Mas, pouco tempo depois, passaram para a Casa Sião, e mais tarde para o Tabor. E daqui para a frente a história é bastante conhecida.»
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Senhora dos Navegantes no Forte da Barra
É conhecida, de há muito, a devoção que as gentes das Gafanhas têm por Nossa Senhora, à semelhança do que acontece um pouco por todo o País. A figura da Mãe, tanto no plano natural como divino, levou os crentes a aceitarem a Virgem Maria como símbolo da ternura, da disponibilidade, da protecção e do amor. Nessa linha, Maria nunca deixou de inspirar devoção a quem olha para Ela, sobretudo em momentos de aflição ou dificuldades. A Mãe de Deus, e nossa Mãe também, está permanentemente aberta ao povo sofredor. Nossa Senhora da Nazaré, da Encarnação, do Carmo, dos Aflitos, da Boa Hora, da Boa Viagem, da Saúde, dos Campos e, ainda, dos Navegantes. A mesma Nossa Senhora para cada situação. Não é de estranhar, pois, que a Senhora dos Navegantes tenha surgido em espaço e tempo de frágeis técnicas de marear, com perigos constantes, tanto à boca da barra como no mar alto. Embora não se saiba de onde partiu a ideia de venerar no Forte da Barra a Senhora dos Navegantes, é de presumir que a proposta, com toda a naturalidade, tenha nascido no coração de quem vive sentindo as riquezas do oceano, mas também a sua bravura.
domingo, 14 de setembro de 2008
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré - 2
Por mais complexo que seja o processo de nascimento de uma qualquer instituição, há sempre uma data que se fixa como a primeira. Assim, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré nasceu oficialmente no dia 1 de Setembro de 1983, sendo lógico aceitar que a fecundação aconteceu anteriormente, com mais rigor em 1980/81, na referida festa da Catequese, em que alguém avançou com a ideia de se dançar e cantar modinhas dos nossos avós, no encerramento do ano catequético. E se é verdade que se assumiu aquela data como a mais próxima da realidade, também é certo que o registo do nascimento se fez em 11 de Julho de 1986, através de escritura notarial. Nesse dia, no Cartório Notarial de Ílhavo, a cargo da licenciada Maria Helena de Matos Ferreira, assinaram a escritura, como fundadores do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, os seguintes: Alfredo Ferreira da Silva, José Manuel da Cunha Pereira, Maria Isabel Fidalgo das Neves Nunes, José Maria Serafim Lourenço, Maria Isabel da Rocha Ribau Amarante, Augusto Manuel da Rocha Amarante, José da Costa Ferreira, Maria de Lurdes Matias Cravo, Humberto Nunes Merendeiro, José Manuel Ribau Augusto, Maria Rosália Figueiredo Rodrigues Teixeira, Maria Helena Pereira de Sousa, David Soares Caçoilo, João Álvaro Teixeira da Rocha Ramos, José Augusto Vilarinho Fidalgo, Maria da Conceição Bola Soares e Manuel Joaquim Retinto Ribau. A publicação da escritura veio no Diário da República de 14 de Agosto de 1986, III Série. Entretanto, os corpos gerentes do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré ficaram assim constituídos: Assembleia Geral: Presidente — João Álvaro Teixeira da Rocha Ramos Secretários — Paulo Manuel Marques Riço David Soares Caçoilo Direcção: Presidente — Alfredo Ferreira da Silva Vice-Presidente — José Manuel da Cunha Pereira Secretário-Geral — José Augusto Teixeira Rocha Secretário-Adjunto — Paulo Jorge Albuquerque Teixeira Tesoureiro — José da Costa Ferreira Tesoureito-Adjunto —Maria Isabel Fidalgo das Neves Nunes Vogais — Maria Conceição Bola Soares Alda Rei Albuquerque Rosa Bela Vidreiro Pata Conselho Fiscal Presidente — Manuel Cravo da Rocha José Maria Serafim Lourenço Eduardo Aníbal Falcão Ribeiro Arvins O primeiro ensaiador do Grupo foi Acácio José Teixeira Rito Nunes, mas tempo depois, por motivos da sua vida profissional, teve de emigrar, sendo substituído por Carlos Alberto Pereira de Sousa, que acabou por abandonar essas funções por ter ingressado num Seminário, na perspectiva de vir a ser ordenado sacerdote, como veio a acontecer. O terceiro ensaiador foi Eduardo Aníbal Falcão Ribeiro Arvins.
FM
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domingo, 7 de setembro de 2008
Eça de Queiroz na Costa Nova
sábado, 6 de setembro de 2008
Eça de Queiroz na Costa Nova
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
As Mulheres da Gafanha
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Origens do Vocábulo Gafanha
Origem do Vocábulo GAFANHA (Síntese elaborada por Mons. João Gaspar) |
:Qualquer estudo que se faça sobre a nossa terra, leva, inevitavelmente, os seus autores a debruçarem-se sobre as origens do vocábulo Gafanha, sem que até hoje alguém tenha chegado a qualquer verdade absoluta. A palavra Gafanha não escapa à dificuldade natural e ainda hoje não é possível saber-se concretamente qual a sua origem. Sobre ela, falei várias vezes com o tio João, o primeiro gafanhão que me falou da “Monografia da Gafanha”, escrita pelo Padre João Vieira Rezende, antigo pároco da Gafanha da Encarnação e bem conhecido do meu amigo. Não conhecia a obra do Padre Rezende, mas não descansei enquanto não a li. Ainda hoje, agora com edição da Câmara Municipal de Ílhavo, se mantém como ponto de partida ou de referência para diversos estudos sobre esta região.
A “Monografia da Gafanha” do Padre João Vieira Rezende, obra que viu a luz do dia, na sua primeira edição, em 1938, continua a ser o trabalho mais completo sobre esta região das Gafanhas, não obstante terem passado quase 70 anos sobre a sua publicação. Nela afirma o Padre Rezende que a palavra Gafanha teria derivado de gadanhar (cortar com a gadanha) uma vez que por aqui havia bastante junco que os primeiros habitantes empregavam não só nos currais dos animais como nas próprias habitações. Os primeiros gafanhões ou quantos por aqui gafanhavam, ou, melhor dizendo, gadanhavam, eram analfabetos ou semianalfabetos, daí se justificando a troca do d pelo f. Aliás, trocas dessas sempre aconteceram na Gafanha, como, por exemplo, nos dias de hoje, quando se diz buano em vez de guano, ou Ílhabo, em vez de Ílhavo, com a conhecida e persistente troca do v pelo b.
Diz o Padre Rezende que a expressão “vamos à gafanha do junco” significava “vamos à gadanha (gadanhagem, corte) do junto”. E diz, ainda, que o senhor Manuel das Neves, mestre não diplomado das primeiras letras, falecido em 1927, com 83 anos, na Gafanha da Encarnação, contava que, “quando menino, vinham por aqui, com frequência, umas mulherzinhas cortar e apanhar feno e junco que levavam para as suas terras e que, a esta acção de cortar com o foicinho, aplicavam o termo de gafenhar.” Gafenhar e não gafanhar. “Corrompeu‑se o termo das pastoras dos suínos, que levavam para Mira, Calvão, Lombomeão, etc., os fenos gafenhados por estes sítios.”
Excluída a hipótese gafaria, por não haver qualquer documento ou vestígios que situem uma leprosaria por estes lados, resta-nos seguir outros caminhos, talvez mais convincentes. O Padre Rezende também não concorda com a derivação da palavra árabe gafar (tributo que se paga pela passagem de um rio) por se saber que, ao tempo da ocupação árabe, a Gafanha, ou a zona actual das Gafanhas, nem sequer existia!
O Dr. Joaquim da Silveira, em carta que enviou ao autor da Monografia e publicada na segunda edição (1944), tece algumas considerações sobre a questão, dizendo, nomeadamente: “Gafanha, leva-me naturalmente a relacionar esse nome com o adjectivo gafenho, também pronunciado gafanho, que existe na língua (a par dos sinónimos gafento e gafeirento) para significar gafado, doente de gafeira.
Eu ouvi gafanha no mesmo sentido, aplicado a carneiros e cabras atacados de morrinha, que é uma das modalidades da gafeira (sarna leprosa).” E continua: “Sabe-se que uma das consequências da gafeira, ou seja a lepra, doença tão horrorosa nas pessoas ou nos animais, é fazer cair o pêlo, tornando a sua pele nua, seca, ronhosa, e deixando apenas aqui e ali (quando deixa) um ou outro tufozito de fios sem vigor.
Na espécie humana recurva e enclavinha os dedos das mãos (e às vezes dos pés) que ficam hirtos e enganchados.” Diz mais adiante: “Ora a vegetação, que é o pêlo da terra, desapareceu por completo da Gafanha, ou mal se notava nuns raros pinheiritos tortos e enfezados da sua parte norte. Era uma região árida, estéril, parecendo gafada (gafenha) e maldita por Deus. Uma metáfora tirada daquele triste espectáculo dos indivíduos leprosos (principalmente do glabrismo da pele, semelhante à superfície calva das areias, e talvez do recurvamento rígido dos dedos, de que os pinheiros contorcionados davam ideia) deve a meu ver, ter dado origem ao nome da Gafanha.” E acrescenta: “Na minha aldeia natal (Fogueira‑Anadia) havia um baldio arenoso e sáfaro, que ainda conheci povoado apenas de magras e descontínuas moitas de mato, chamado Gafanha. E no Alentejo, na freguesia e concelho de Redondo, há igualmente uns casais chamados Gafanhas ou Gafanhas-de-João-Curado.”
Em nota à margem da sua carta, refere, ainda: “No Caramulo, como me informou pessoa de Campia, usa-se o adjectivo gafanho para designar uma espécie de tojo, que tem os ramitos mais delgados que o negral e os picos mais pequenos e fracos. É talvez do aspecto dos ramitos, que parecem quebrados, que lhe vem o nome. Na Bairrada ao tojo-gafanho chamam chamusco ou tojo-chamusco.” No III Volume da Etnografia Portuguesa, José Leite de Vasconcelos apresenta, no capítulo dedicado à Gafanha, na página 331, uma Anotação Filológica de muito interesse que transcrevemos por vir a propósito: “Tratando da etimologia de gafanhoto, escreve Gonçalves Viana que tal palavra tem aspecto de diminutivo (cf. perdigoto), a que corresponde o aumentativo gafanhão (gafanhoto grande), e supõe que devemos admitir como palavra primitiva gafanho ou gafanha; a primeira não a pôde abonar, ao passo que a segunda abona com o nome da nossa sub-região; e alega paralelos na toponímia, a saber, Gafanhão (em Castro Daire), Gafanhoeira (em Arraiolos e Évora).” Pela minha parte adiciono Gafanhas (no Redondo) e Gafanhoeiras (em Reguengos de Monsaraz). Julgo muito sensata a explicação apresentada pelo nosso grande filólogo – ao contrário de outras que se têm proposto –; a ela me inclino, e direi em seu apoio mais o seguinte: “Que Gafanha era na origem nome comum prova-o o receber o artigo definido (a Gafanha).” “A Gafanhão, no sentido de Gafanhoto grande, liga-se Gafanhoeira com o seu plural, como Sardoeira e Sardoeiras e sardão; mas em fazenda, herdade, a horta do Gafanhão (Alentejo) creio que, conquanto aí se patenteie o referido aumentativo, correspondente a gafanhoto, havemos de ver, não um nome puro e simples de animal, e sim uma alcunha tornada topónimo, de que na nossa língua há inúmeros exemplos”. “Em suma: Gafanha seria na origem um nome zoológico, ou aparentado biológica ou metaforicamente com o gafanhoto, ou ao menos formado como gatanho (tojo-gatão), onde entra o sufixo anho, deduzido de murganho (nome de estirpe latina), e aplicado no feminino.”
Depois das considerações autorizadas do sábio Leite de Vasconcelos, ocorre-nos ainda chamar a atenção para o substantivo Gafa (vaso que servia nas salinas para transportar sal) uma vez que, nestas paragens, sal foi coisa que sempre houve. O ilustre historiador aveirense, Mons. João Gonçalves Gaspar, em estudo oportuno, inclina-se para a hipótese de Gafanha derivar de Galafanha e acrescenta que “Galafanha sempre me serviu de pista para, em confronto com outros nomes de locais ou povoações relacionados com água, descobrir algo mais consentâneo com esta região e com os primitivos juncos nascediços ou ervas selvagens, que por aqui foram aparecendo ao deus-dará e reproduzindo-se sem qualquer entrave. Dentro dos meus limitados conhecimentos, agrada-me ver essa palavra como um composto originário de dois antigos étimos ou radicais diferentes – “gala” e “fânia” – ambos de procedência pré-romana, que, como outros, continuariam a ser comuns ao linguajar do povo, por vezes com feição latina.”
Também o nosso conterrâneo, padre Manuel Maria Carlos, se debruçou sobre o assunto em artigo publicado no Timoneiro de Setembro/Outubro de 1980, acrescentando ao que se tem dito as seguintes considerações: “... o nome inicial de Gafanha devia ter sido Cafânia ou Gafânia, derivado de Gafano. Comparemos com Lusitânia, com Hispânia (que deu Espanha), Bretânia (Bretanha), Alemânia (Alemanha), etc.” Diz que Gafanha “não tem origem românica porque em latim não existe qualquer étimo ou raiz “Caf” ou “Gaf”. Sendo assim, a origem do nome em questão ou é anterior à presença dos Romanos na Península, ou então foi nome dado a esta nossa região pelos povos que posteriormente ocuparam estes territórios.” Aquele gafanhão alvitra a hipótese de terem sido os Bárbaros os que estiveram na base do aparecimento da palavra Gafanha, uma vez que estes povos por cá deixaram algumas palavras de origem germânica. Depois recorda que “Gaf” é a raiz de muitas palavras e que Gafa aparece com inúmeras acepções, significando, por exemplo, gancho, doença da lepra, caranguejo, etc. Gafar pode ser verbo, significando agarrar, submeter... e também pode ser substantivo, significando, neste caso, o tributo que os cristãos e os judeus pagavam aos turcos, quando estes os passavam duma à outra margem do esteiro. É possível que este esteiro fosse o estuário do rio Vouga; até porque estuário e esteiro têm idêntica etimologia.
Recorda‑se a propósito que existe actualmente na freguesia do Bunheiro, concelho da Murtosa, um lugar chamado Esteiro, apesar de não existir lá actualmente qualquer esteiro. Diz, por fim, que “Gafano seria, portanto, o homem destas terras, que estava gafado (agarrado, submetido) pelas doenças ou pelos turcos, a quem estava sujeito e a quem tinha de pagar a passagem do esteiro. Gafânia ou Gafanha seria portanto a terra dos Gafanos.”
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro - 5
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
FÉRIAS
CAMPISMO E CARAVANISMO na Gafanha da Nazaré
Foi o funcionário da loja que me deu as primeiras “dicas” sobre o assunto e de como eu devia proceder para poder ter acesso a qualquer parque de campismo, em Portugal ou no estrangeiro.
Falando com o meu amigo Fernando Martins, que já então era praticante de campismo, filiado no Clube dos Galitos, ele instigou-me a entrar em contacto com a direcção do Grupo Desportivo da Gafanha, para ver da possibilidade de ser criada uma Secção de Campismo no clube.
Achei a ideia interessante e dirigi-me a uma reunião de direcção que a acolheu com entusiasmo, mas com a condição de ser eu a responsabilizar-me pela nova secção, tendo logo ali sido nomeado para proceder à filiação do clube, na Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo.
Daí e até 1997, nunca mais deixei de estar ligado a esta secção, embora já tivesse deixado, há alguns anos, de ser um campista activo.
Durante estes anos, e como era necessário manter em actividade permanente pelo menos 25 campistas para que a Secção não fosse extinta pela Federação, houve anos em que eu acabei por revalidar, e pagar do meu bolso, Cartas de Campismo de filiados que, quando não precisavam delas, as não revalidavam.
Com a aquisição dos terrenos para o Complexo Desportivo, em 20 de Março de 1976, por Alvará de Cedência Gratuita da Secretaria de Estado da Estruturação Agrária, logo se pensou na construção de um Parque de Campismo para o Grupo Desportivo da Gafanha.
Eu mesmo elaborei o projecto, que submetemos à apreciação dos vários organismos públicos, entre eles a Câmara Municipal de Ílhavo.
Durante alguns anos de avanços e recuos, acabou por ser a câmara, presidida pelo engenheiro Manuel Galante, quem na altura, por entender politicamente mais favorável, chamou a si a execução do empreendimento, mas então, já com um projecto próprio, que não diferia muito do antes apresentado.
Com a entrega deste empreendimento à Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, na qualidade de proprietária do terreno, esta, por sua vez, transferiu a sua administração para o Grupo Desportivo da Gafanha, como único e legal usufrutuário, constante do mesmo Alvará de Cedência Gratuita, de todo o terreno ocupado pelo Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré.
A Nossa Gente
Aveiro, 5 de Abril de 1957
FILARMÓNICA GAFANHENSE - 7
quinta-feira, 31 de julho de 2008
GAFANHA DA NAZARÉ: Desporto
Não sei qual dos três clubes seria o mais antigo, já que eu era ainda muito criança, mas sei que havia na altura uma grande rivalidade entre eles e também com o “Estrela da Gafanha da Encarnação”. Outros tempos… os mesmos sentimentos, as mesmas paixões pelo futebol!... Eram instituições que viviam quase exclusivamente da carolice dos seus mentores, autênticos patrões que dispunham a seu bel-prazer e à sua custa, dos favores e desfavores dos resultados desportivos obtidos.
Vamos começar pelo União, já que foi esta instituição que sobreviveu durante mais tempo, e que acabou por estar na origem do actual Grupo Desportivo da Gafanha, em Agosto de 1957:
1. SPORT CLUCE UNIÃO GAFANHENSE, com Sede Social – BEBEDOURO, próximo da Igreja Matriz (casa do Aurélio da Neta) Campo de Jogos – FORTE DA BARRA Equipamento habitual – AZUL E BRANCO Último Presidente – HENRIQUE CORREIA (Motorista dos Estaleiros Mónica) Inicialmente o União utilizava um pelado existente no meio do juncal, na Ilha da Mó do Meio, espaço que chegou também a ser utilizado para provas de hipismo. Mais tarde, já no Campo do Forte da Barra, era necessário levantar os carris que atravessavam o pelado, sempre que o recinto era preciso para a realização dos jogos.
3. ATLÉTICO CLUBE DA MARINHA VELHA Sede social – MARINHA VELHA (casa do senhor Casqueirita) Campo de Jogos – PRAIAS DE JUNTO (próximo do moinho do Conde na Marinha Velha) Equipamento habitual – ENCARNADO E BRANCO Presidente/Patrão – MANUEL CASQUEIRA (Casqueirita) O senhor Casqueirita que também se dedicava ao amanho das terras, era um homem com jeito e apetência para a confecção de trajes para os “anjos” das procissões, bem como para as tarefas de cangalheiro, na organização de funerais e de seus aprestos. No entanto, nutria um amor muito especial pelo seu Atlético, onde gastou uma grande parte dos proventos que angariava nessas actividades.
Nesse tempo, ele já pagava a jogadores, para virem nas “horas vagas” do Beira Mar, dar uma ajudinha para derrotar os principais rivais. Como o campo de futebol se situava muito junto à Ria, muitas vezes o horário dos jogos tinha de ser compatibilizado com o horário das marés na baixa-mar. Durante a praia-mar, principalmente nas marés vivas, era frequente o campo ficar debaixo de água, impossibilitando, deste modo, a realização dos jogos.
Generalidades
Nesses tempos, apesar das dificuldades de transporte e embora eu fosse bastante jovem, já nutria um carinho muito especial pelo UNIÃO. Com o meu amigo José “Perrana” (falecido muito jovem), nós deslocávamo-nos de bicicleta aos lugares onde o União ia jogar com outras equipas da sua igualha. Nós íamos a Vilar, à Costa do Valado, ou à Oliveirinha nos arredores de Aveiro. Mas também nos deslocávamos a Fermentelos, no concelho de Águeda, ou à Amoreira da Gândara, no concelho de Anadia, apenas pelo prazer de ver jogar o Hortênsio, o Fernando Vaz (Alentejano) e seus pares. Armando Cravo
NOTA: Agradeço ao meu amigo Armando Cravo a disponibilidade com que acedeu ao convite para colaborar neste meu blogue, com o único objectivo de nos ajudar a reviver tempos idos. É com estes contributos que é possível deixar aos vindouros as marcas indeléveis do nosso passado, de que tanto nos orgulhamos. Assim outros se juntem a nós…
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