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domingo, 30 de dezembro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 324

PITADAS DE SAL – 54 



Caríssima/o:

Pitada a pitada, semana a semana, fomos andando por aí, como agora se diz. Não sei se éramos muitos se poucos, mas a mim deu-me muito prazer, qual galgo à solta, andarilhar como perdido à busca de memórias vividas. É tempo de resguardar o sal (agora tem de ser com um plástico…).
Mas, antes de me ir embora afastando-me das marinhas, permiti que abrace um velho amigo que, ao longo dos anos me acompanhou e proporcionou aventuras as mais fantásticas e incríveis, qual delas a mais inesperada… Não minto se vos disser que, sentado à minha beira, com a Madalena e minha Mulher, reviveu e recontou muitas destas pitadas. Obrigado, Baltazar!
Demos então a voz ao poeta que reservei para hoje:

O SAL DA LÍNGUA 

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém? 


Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua. 


Eugénio de Andrade

A todos desejo um 2013 pleno de saúde, felicidade, paz e amor!

Manuel






domingo, 18 de novembro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 317

PITADAS DE SAL – 47


E OS PROPRIETÁRIOS DAS MARINHAS?!..

Caríssima/o:

As marinhas tinham donos (os proprietários) e havia pessoas que nelas trabalhavam: os marnotos, os moços, as mulheres... 
Nos tempos que já lá vão (há 50, 60 e mais anos…), tínhamos vizinhos em todas estas «classes». Com que deferência eram tratados os nossos patrícios donos de marinhas de sal! E na memória coletiva pairava a ideia de «pessoas ricas». 
Também os marnotos estavam uns degraus acima dos artistas nas várias profissões; trabalhavam muito e no duro, mas gozavam da fama de que tinham dinheiro. 

Mas afinal de quem são as marinhas?
Com vossa licença vou desdobrar algumas páginas que nos apresentam dados concretos e curiosos:

domingo, 4 de novembro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 315

PITADAS DE SAL – 45 



EMBARCAÇÕES 

Caríssima/o: 

Curiosamente o sal tem andado por aí e foi-nos ocupando uns largos meses; podemos dizer: safra comprida. Apetece uma pausa… E nada melhor que um passeio pelos canais da nossa Ria. Quem já um dia sentiu a aragem cortante nas orelhas ou a frescura da água rasgada pelo pé deslizante fora de borda não deseja outro «comprimido» para combater a fadiga e o cansaço. 
Felizes éramos nós que podíamos dispor de duas embarcações que o Tio António confiara à guarda do nosso Pai: não havia que enganar, perdidos e achados, “navegávamos” governados pela estrela da ilusão. E lá íamos! Quando fiz o exame da quarta classe [!], meu irmão (5 anos mais velho do que eu, já um rapaz espigadote…), quis oferecer-me algo de especial que nem eu, nessa ocasião, nem os meus amigos hoje podemos imaginar. «Vens comigo… e logo se vê!» E vi: o bote estava preparado… 
O melhor é dar a palavra ao Artur. Diz ele:


domingo, 28 de outubro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 314


PITADAS DE SAL – 44 



A SEMENTEIRA DO SAL 
E A CAÇA AOS GAFANHOTOS 

Caríssima/o: 

Pois aí fica mais um conto popular; este terá o condão de nos fazer sorrir… com a vantagem de ter um final feliz! 

«Passando por Fajão um almocreve que vendia sal, logo lho compraram e semearam como se semeassem centeio. 
Passou-se muito tempo, e como o sal não nascesse, tomaram a resolução de esperar o homem que lhes tinha vendido o sal. 
Chegado a aparecer, os homens perguntaram-lhe, indignados, que lhes tinha ele vendido, pois tinham semeado o sal e ele não nasceu. 
Disse-lhes então o vendedor: 
— Pois vocês deixaram-no comer aos gafanhotos! 
E foi o que lhe valeu, dar esta desculpa. 
De facto, antigamente havia muitos gafanhotos e, de tempos a tempos, vinham mesmo pragas de gafanhotos que roíam as hortas e tudo. De modo que os de Fajão resolveram juntar-se e fazer-lhes uma batida. 
Armaram-se de espingardas e foram para os campos onde os gafanhotos andavam, para lhes darem caça. 
A certa altura um gafanhoto saltou e foi poisar-se no peito do Pascoal. O Pascoal viu que tinha o gafanhoto poisado no peito, e então não falou, para não espantar a caça, mas fez sinal a outro caçador, e apontou com o dedo para onde estava o gafanhoto. O outro vai e aponta a arma ao gafanhoto. Claro está que o Pascoal caiu também, como morto. Mas por sorte não morreu, porque o tiro era fraco.» [Narração de António Lucas - Contos de Fajão - Recolha de Monsenhor Nunes Pereira - Edição do Museu Antropológico de Coimbra] 

Manuel 

domingo, 21 de outubro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 313

PITADAS DE SAL – 43 


RIA E CANAIS 

Caríssima/o: 

Sempre nos encantou e surpreendeu o navegar pelos esteiros e canais: ora deixavam espraiar o horizonte e brilhar o sol, para logo ficarmos mergulhados em penumbras e sombras. E os sons? Em dias de neblinas e nevoeiros, até os tiros dos caçadores estremeciam com o frio e o “canto” das gaivotas e maçaricos se prolongavam a escorregar no espaço. 
Mas nestas coisas de sal e Ria não há como ouvir os Mestres: 

«A Ria de Aveiro é o acidente mais importante desta parte da costa. É um delta interior, edificado pelas aluviões do Vouga no abrigo duma laguna. A sua superfície é de 1100 Km2, pouco mais de metade coberta pelas águas. A Ria compreende quatro braços principais e tem hoje apenas uma saída artificial; parece que, no século XIV, a flecha de areia setentrional caminhava para o sul, ao encontro de um cordão litoral mais antigo, mas deixando entre ambos uma larga abertura; no século XVIII, Aveiro, que fora porto importante dois séculos antes, tinha a entrada tão assoreada que foi necessário abrir um canal, dragado cuidadosamente para não se obstruir. Uma série de lagoas marcam ao tempo a progressão das areias eólicas e o limite da colmatagem pelas aluviões fluviais. À roda da Ria, estende-se uma terra rasa, em que se insinuam canais e braços por onde sobe a maré com a múltipla riqueza proporcionada pela água salgada.» [Orlando Ribeiro, Geografia de Portugal, 1955, citado em Portugal – Luz e Sombra, 2012, p. 158] 

Também nos dias que correm outros Mestres nos elucidam: 

domingo, 14 de outubro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 312

PITADAS DE SAL – 42 



DOENÇAS NAS MARINHAS 

Caríssima/o:

Normal será que alguém pergunte se as marinhas de sal sofrem de alguma doença. E um bom marnoto logo acenará afirmativamente com a cabeça. Procurando nos manuais, podemos ler: 

«Ronha f. Doença das salinas, produzida pelo vento do sul ou de leste, que torna a água gordurenta e incapaz de produzir sal.» 

Porém, não era destas doenças que pretendia falar, mas sim das que porventura atacavam as pessoas que aí trabalhavam, motivadas por esse trabalho ou pelas condições em que era executado. 
E o nosso Ângelo escrevia: 

«Havia ainda outra coisa terrível. Quando vínhamos da marinha, tínhamos de pegar nos bois, pô-los ao carro, e ir com eles buscar carradas de milho às terras, para no dia seguinte ser desmantado. Não havia sapatos para os pés, não havia qualquer protecção. 
Os troços do milho eram duros e feriam-nos os pés, especialmente entre os dedos. No dia seguinte, na marinha, era uma desgraça pôr os pés naquela moira tão salgada. Só quem já sentiu tais dores, pode na verdade avaliar esse sofrimento! 
Tanto valia pôr “pachos” (pedaços de pano embebidos em colódio) nessas feridas como não. Ia-se à farmácia, comprava-se o colódio, e antes de ir para a moira, enchiam-se os “poços” (buracos feitos na carne pelo sal e a moira), com o colódio, que se colava na carne, por algum tempo. 
As canelas, que enfolavam com o bater do sal, eram protegidas com “encoiras” normalmente de borracha, e que iam do pé até ao joelho, sendo amarradas com fio.» 

E na mesma linha avança Énio Semedo: 

domingo, 16 de setembro de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 308


PITADAS DE SAL – 38 



LÍNGUA DE SAL E DITOS DE MARINHA 

Caríssima/o: 

Como estamos no início de um novo ano escolar, creio que não ficará mal fazer um pequeno exercício de imaginação, pondo à prova os conhecimentos «culinários» e das marinhas. Por questão de arrumação, respeitemos a ordem alfabética de alguns termos e expressões da área vocabular das marinhas de sal: 

Alimentar o mandamento; Amanhar o mandamento; Amanhar a marinha; Alimentadores; 
Balde; 
Cabeça de carneiro; Cabrita; Caldeirões; Caldeiros; Comedorias; 
Desmamar; 
Enjoo; 
Meter água; Molhaduras; 
Regar o mandamento; 
Salgar; Sustentar a marinha; 
Talhos; Tomar água; Travessas. 

Para amenizar um tudo nada, alguns ditados populares: 

Quem come salgado, bebe dobrado. 
Peixe podre, sal não cura. 
Grande vai o mal, na casa onde não há pão, nem sal. 
Panela sem sal - faz de conta que não tem manjar. 
A comida sem sal, a doentes, não faz mal 
A comida sem sal nem sabe bem nem mal.

E, por último, não levem a mal que inclua a “explicação” de apenas três desses itens: 

Balde - Espécie de pá de madeira e ferro, com 1,15 m. de comprimento; usa-se para compor o torrão e remover as lamas. 

Cabeça de carneiro - Alfaia com 1,2 m. de comprimento, formada por um cabo, tendo, na extremidade, uma peça em forma de prisma com três lados, dos quais um é arredondado; serve para abrir as canejas. 
O mesmo que Canejeiro. 

Cabrita - Ancinho com um cabo de 1,75 m. e, mais ou menos, 30 dentes curtos, em madeira, que, quando se partem, são, por vezes, substituídos por cavilhas de ferro, de igual tamanho; emprega-se para envieirar o moliço, que se desenvolve durante o Outono e o Inverno. 

Manuel

domingo, 9 de setembro de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 307

PITADAS DE SAL – 37 



A ALIMENTAÇÃO DOS MARNOTOS E SEUS MOÇOS 

Caríssima/o: 

E haverá certa curiosidade em saber como se alimentariam os marnotos e os respetivos moços; contudo, os alimentos e a confeção não andariam longe dos hábitos e costumes da população em geral. Se não, veja-se algo do que está escrito:

«Findo este trabalho, o moço mais velho que era habilidoso a cozinhar, foi tratar da bacalhoada, enquanto eram ultimados outros serviços. 
Agora, enquanto o tabuleiro era amanhado, o pessoal aproveitava para almoçar. 
A comida era despejada do panelão, numa travessa grande, e todo o pessoal comia dessa travessa. Cada um pegava no seu garfo, partia um pedaço de boroa e toca a comer, que a manhã tinha sido de muito trabalho e tinha puxado pelo corpo… 
No final da refeição, aquele que não estivesse satisfeito, pegava num bocado do miolo da boroa que tivesse sobrado, e fazia migas no resto do caldo da bacalhoada. Era saboroso. Mas, azar! Não tínhamos trazido colheres. Só uma colher grande de pau, que serviu para mexer a comida enquanto era cozinhada, e para prová-la, para saber se estava bem temperada. Não faz mal. 
- Come um de cada vez e anda à roda, foi o alvitre! 
Assim fizemos, e não constou que alguém tenha adoecido!» [Ângelo Ribau Teixeira, em O Sonho]

domingo, 12 de agosto de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 303



PITADAS DE SAL – 33



O VESTUÁRIO DOS MARNOTOS
Caríssima/o:

Olhando para as imagens que encabeçam o escrito e tendo presente o dito chinês que põe uma imagem a valer mil palavras, o melhor que teria a fazer era silenciar-me tantas e tão díspares mensagens nos ficam disponíveis. Se não, surge a tentação da interpelação…
Se hoje é assim (ausência quase total de tecido a cobrir e proteger o corpo), como foi outrora?
As reconstituições folclóricas respondem-nos:

« No século XIX, o operário salícola trajava
manaia (espécie de calção)
e camisa branca em linho ou tecido cru, sem colarinho e sem punhos;
faixa preta ou encarnada;
barrete de fazenda de lã ou chapéu preto de aba larga
e lenço vermelho de algodão estampado.»

Podem acrescentar-se alguns pormenores:
As manaias, bragas ou calções, seriam largos de cor azul em algodão;
A camisa também poderia ser de lã branca;
Faixa preta ou encarnada à cintura;
O chapéu preto de feltro e o barrete de fazenda de lã;
O lenço preso com uma caixa de fósforos.

Já agora digamos que «o pescador diferenciava-se no vestir com seu carapuço preto de lã, camisa axadrezada em quadros de uma só cor e ceroulas de iguais padrões, tudo em lã, enquanto à cinta vestia uma faixa preta de semelhante qualidade, com franjas nas extremidades. De uma maneira geral, pelo final do outono e no inverno, todos usavam o tradicional gabão com mangas, romeira e capuz, de burel à semana, preto para festas e uso dominical».

E para terminar só uma olhadela para a salineira que «usava saia garrida comprida e blusa de motivos claros, com rendas nas mangas; por cima da saia, um avental de serguilha e, sobre a blusa, um xaile colorido, de franjas longas, traçado da esquerda para a direita; normalmente, andava descalça ou calçava chinelas pretas envernizadas, enquanto que na cabeça usava um chapéu de aba larga arqueada, onde prendia um lenço de lã, também garrido».

                                                                         Manuel

domingo, 5 de agosto de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 302


PITADAS DE SAL – 32


SAL DE UNTO
Caríssima/o:


Quem é aqui das nossas bandas e tem já uma idadezita não precisa que lhe expliquem isto do sal d’unto, o que precisa mesmo é de encontrar quem ainda o faça e pô-lo na caldeirada para se deliciar com o regalo do cheiro e do …paladar!
Mas os mais jovens estarão a perguntar que coisa é essa: cheira mesmo a mistério e faz, de certeza, mal à saúde:… sal… e unto!
A sorte bafeja-me com um amigo que, quando me visita e traz peixe para caldeirada, logo lembra à mulher:
- Madalena, não te esqueças do sal d’unto! Olha que a caldeirada sem ele não tem graça nenhuma e o compadre aprecia! (E cofia o bigode.)
Agora para os novos ficarem com uma ideia deste produto, transcrevo umas tantas “composições” que, espero, os não baralhem:

«O unto é a gordura, que se encontra na cavidade abdominal no mesentério, usada para cozinhar.
Era a antiga manteiga do povo, além de ser muito gostosa era um conforto para a alma, hoje nada existe é considerado muito prejudicial à saúde devido a poder aumentar o colesterol.
Ainda me lembro de quando eu era jovem, ver as pessoas batendo no unto, e ajuntando-lhe sal e pimentão, e depois de muito bater se fazia uma bola, que era guardada na pele da bexiga do porco.
Hoje se faz com menos trabalho e muito melhor, se coloca a gordura cortada aos pedaços e se coloca numa máquina um-dois-três, e se tritura com facilidade, depois é só acrescentar o pimentão e o sal a gosto, fica uma delícia.»
«Sal-de-unto: sal com a banha derretida, depois de fazer os rojões na caldeira.»

«Sal de unto: mistura obtida com banha de porco, sal e condimentos típicos da zona.»
«Sal de unto: preparação de sal grosso com banha que os pescadores levavam nas suas longas viagens de faina, e que em preparando-se deve ficar cerca de 3 meses a maturar.»
Não gostaria de deixar ninguém baralhado, por isso dou a palavra aos entendidos.
                                                                     
    Manuel


domingo, 22 de julho de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 300


PITADAS DE SAL – 30


LENDA DINAMARQUESA


Caríssima/o:

Conta a lenda que a água do mar é salgada...

"Conta a lenda dinamarquesa que a água do mar é salgada, porque duas mulheres gigantes estão no fundo do oceano a moer sal.
Tudo começou quando um rei escandinavo as raptou da Terra dos Gigantes e ordenou que moessem sal com duas pedras mágicas.
Elas moeram tanto sal que afundaram o navio e ainda hoje estão sentadas no fundo do mar a moer sal."

É uma lenda … mas será bom que as mulheres continuem a moer e que o sal continue a sair das pedras mágicas!
                                                             Manuel

domingo, 15 de julho de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 299


PITADAS DE SAL – 29


MARINHAS: ESTADO ATUAL


Caríssima/o:

Como se vê pelas imagens, o estado atual das nossas marinhas não é muito animador; retrato do abandono e da desolação. De fato, muito se tem dito e escrito; não vale a pena acrescentar seja o que for, não altera a situação e deixa-nos sempre um amargo de boca tanto ou mais difícil de tragar que uma boa pitada de sal fresco.
Contudo, permitam que transcreva ideias em frases soltas que nos ajudarão a navegar por estas águas (não cito o autor no propósito de alertar a nossa resistência crítica):
«A jurisdição sobre a Ria tem estado dispersa por inúmeras entidades e foi concentrada, recentemente, na administração da bacia hidrográfica, ainda em instalação.»
«Os canais e esteiros da Ria estão sem manutenção desde que essa competência foi retirada à administração portuária, e os problemas têm-se agudizado devido ao assoreamento, ao abandono das explorações de sal que travavam o avanço das águas e à intrusão salina em terrenos agrícolas.»

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tecendo a vida umas coisitas - 297


PITADAS DE SAL – 27




OS RATOS
Caríssima/o:

Muitos de nós habituados a olhar para as marinhas como se de um postal ilustrado se tratasse, não imaginamos o quão difícil é caminhar nos muros (e o caso complica-se quando, pelas várias circunstâncias, somos forçados a correr). É um exercício de equilibrismo complicado que origina cambalhotas, saltos, pontapés na atmosfera e, quantas vezes!, quedas aparatosas e banhos forçados e inesperados.
Quem andar longe desta realidade perguntará a causa de bailado tão intrigante. A resposta fácil remete para a qualidade dos serviços de reparação … Porém, o que mais origina as roturas nos muros são os ratos; é incrível como conseguem iludir os mais sagazes. Mergulham, escavam as tocas e, de tal forma que aparecem depois com uma ninhada de ratinhos encantadores. Entretanto, o “trabalho” está feito e se o marnoto não estiver atento arranja uma carga de trabalhos…
Ora, como estamos num ecossistema que queremos perfeito, as tocas dos ratos são ocupadas por enguias que fazem as delícias dos “pescadores”: quando descobrem essas luras é quem mais arregaça a manga da camisola e atira o braço com a mão à frente e grita e salta quando agarra a enguia pela cabeça e, orgulhoso, exibe o troféu:
- Esta é das grandes! Duas destas fazem uma caldeirada!
Só que…

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GAFANHA -Séculos X-XII

O mar já andou por aqui... E se ele resolve regressar? Não será para o meu tempo, mas pode acontecer um dia!