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sábado, 13 de janeiro de 2018

RIA DOUTROS TEMPOS


O postal que reproduzo acima é mesmo um postal ilustrado, não com as cores naturais, mas com tonalidades que eram um luxo para a época. Um postal daqueles que os viajantes ou turistas enviavam pelos correios para assinalarem a sua passagem por terras ou paisagens diferentes das habituais dos seus quotidianos. A técnica aplicada não é para aqui chamada, que disso pouco ou nada sei, mas nem por isso deixa de ser agradável à vista. Presentemente, a evolução da arte fotográfica é tão intensa e tão rápida que nos deixa maravilhados. Contudo, este postal ilustrado conseguiu trazer até nós uma realidade que, também ela, está há décadas ultrapassada, mas presente na minha memória.
Os moliceiros cumpriam a sua missão de transportar o moliço que os homens e algumas mulheres apanhavam na laguna, com ancinhos largos próprios para esse serviço, num vaivém contínuo para abastecer os lavradores das Gafanhas e de outras terras ribeirinhas. E nesta zona, com a ponte da Cambeia a obrigar a manobras de arriar o mastro para o moliceiro poder passar, seja na maré baixa seja na alta, o esforço era realmente grande. Assisti a essa manobra várias vezes.
A borda, zona de acesso à ria, naquele local com Farol à vista, desde 1893, era espaço de descanso, dos primeiros mergulhos e primeiras braçadas de meninos, jovens e menos jovens, de apanha de berbigão, ameijoa, lingueirão de canudo, mas ainda de caranguejos fugidios. Também alguns lavradores apanhavam as algas e limos enlameados que a maré alta deixava quando as águas escorriam para o mar, para tornar mais férteis as areias das terras gafanhoas.

Fernando Martins

sábado, 29 de outubro de 2016

Postal Ilustrado: Farol da Barra


Mesmo no Inverno, é sempre agradável passear por recantos bonitos, como este da Praia da Barra, onde o Farol, dos mais altos de Portugal, é o centro de muitas atenções.

NOTA:

1. Em 2005 (como o tempo passa!...) publiquei em dezembro esta fotografia com uma curta mensagem, decerto para chamar a atenção para este símbolo da nossa região. Repito a publicação,  hoje e aqui, no meu Galafanha, que na altura ainda não tinha visto a luz do dia;

2. Para conhecer as histórias dos Faróis Portugueses, clique aqui.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Gafanha da Nazaré: Farol e canal de Mira


Aqui está, para delícia dos que gostam de recordar o passado, uma bela imagem de tempos idos, que ainda apreciei com gosto na minha meninice e juventude, do canal de Mira, também designado por canal do Desertas, em recordação do feito histórico do salvamento do Vapor Desertas, que encalhou ao sul da Costa Nova em 18 de novembro de 1916.
Paisagens destas, com moliceiros ancorados e na faina, com farol à vista, agora só para turista ver. E já não é mau. Mas que não é a mesma coisa, lá isso não é.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Farol da Barra de Aveiro: Um pouco da sua história




Farol: ex-líbris da região aveirense

O Farol da Barra de Aveiro, situado em pleno concelho de Ílhavo, na Gafanha da Nazaré, é um ex-líbris da região aveirense. Imponente, não há por aí quem não o conheça, como o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Já centenário, faz parte do imaginário de quem visita a Praia da Barra. Quem chega, não pode deixar de ficar extasiado e com desejos, legítimos, de subir ao varandim do topo, para daí poder desfrutar de paisagens únicas, com mar sem fim, laguna, povoações à volta e ao longe, a dominar os horizontes, os contornos sombrios das serras de perto e mais distantes.
À noite, o seu foco luminoso, rodopiante e cadenciado, atrai todos os olhares, mesmo os mais distraídos, tal a sua força. Mas são os navegantes, os que mais o apreciam, sem dúvida.
Ora, esse foco, que começou por ser alimentado a petróleo, passou a beneficiar da energia eléctrica em 1936, completando, este ano, 70 anos de existência. Bonita idade para tal melhoramento merecer ser assinalado, embora de forma simples, com esta nota.
Se tem lógica e algum merecimento a recordação desta efeméride, não deixa de ser oportuno e justo lembrar que este ano também se podem celebrar os 150 anos da portaria do ministro das Obras Públicas, engenheiro António Maria de Fontes Pereira de Melo, assinado em 28 de Janeiro de 1856 e dirigida ao director das obras públicas do Distrito de Aveiro, engenheiro Silvério Pereira da Silva, que dá orientações para se avançar, rumo à futura construção do nosso Farol.
Reza assim, na parte que nos diz respeito, como se lê na revista "Arquivo do Distrito de Aveiro", em artigo assinado por Francisco Ferreira Neves:
"Há por bem sua majestade el-rei (D. Pedro V) ordenar que o director das obras públicas do distrito de Aveiro, de combinação com o capitão daquele porto, e com o director-maquinista dos faróis do reino, trate de escolher o local nas proximidades da barra que for mais próprio para a construção de um farol, devendo o mesmo director, apenas se ache determinado o dito ponto, proceder, de acordo com o referido maquinista, à confecção do projecto e orçamento da respectiva torre com a altura conveniente para que a luz seja vista a dezoito ou vinte milhas de distância.
Sua majestade manda, por esta ocasião, prevenir o sobredito funcionário de que encomendará em França, para ser estabelecido no mencionado local, um farol lenticular de segunda ordem, do sistema de Mr. Fresnel, e semelhante ao que se destina ao Cabo Mondego, cujo desenho se lhe envia, com a diferença, porém, de ser girante para o distinguir dos faróis que lhe ficam ao norte e ao sul daquele porto"
A Barra de Aveiro tinha sido aberta em 1808 e eram conhecidos os riscos que ela oferecia à entrada das embarcações, "com prejuízos que podem resultar à humanidade e ao comércio", como se sublinha na referida portaria.
No mesmo artigo de Francisco Ferreira Neves, lembra-se que a comissão nomeada para a determinação do local em que deveria ser construído o farol deu o seu trabalho por concluído em 11 de Julho de 1858. Entretanto, os naufrágios sucediam-se entre o Cabo Mondego e a Foz do Douro, "por falta de sinalização luminosa nesta parte da costa marítima".
Os trabalhos não foram tão céleres quanto seria de desejar, o que levou o ilustre parlamentar José Estêvão a pedir ao Governo, em 4 de Julho de 1862, na Câmara dos Deputados, a construção de um farol na nossa costa. No ano seguinte, em 15 de Setembro, a Câmara Municipal de Aveiro apresentou a el-rei D. Luís uma exposição, requerendo a edificação de um farol ao sul da barra.
Para justificar a sua petição, a autarquia aveirense recorda que importa "evitar os naufrágios que tão frequentes se têm tornado nestes últimos tempos, no extenso litoral entre o Cabo Mondego e a Foz do Douro". E acrescenta: "Ninguém pode duvidar, Senhor, que numa costa tão extensa como acidentada, em que as restingas ou cabedelos se formam pela violência das correntes, cuja direcção varia diariamente, um farol evita que os navios, que singram próximo de terra, se enganem no rumo, vencendo as dificuldades da navegação sem correrem o risco de naufragar nos bancos de areia, às vezes em noites bonançosas, como infelizmente tem sucedido entre nós."
A resposta do Governo não tardou. No dia 26 de Setembro de 1863, uma portaria governamental ordena que se fizesse o projecto e o orçamento. O projecto foi concluído em 5 de Abril de 1884 e os trabalhos da construção iniciaram-se em Março de 1885.
A inauguração oficial do farol aconteceu em 31 de Agosto de 1893.

Fernando Martins

Nota: Texto escrito em 2006

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TRADUÇÃO

GAFANHA -Séculos X-XII

O mar já andou por aqui... E se ele resolve regressar? Não será para o meu tempo, mas pode acontecer um dia!