Mostrar mensagens com a etiqueta Cortejo dos Reis. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cortejo dos Reis. Mostrar todas as mensagens

domingo, 13 de janeiro de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 327



POSTAL DO PORTO – 192 



E o galo, … viste-lo? 

Caríssima/o: 

Sempre que há festa na Terra, renova-se o ambiente, estralejam os foguetes e o riso é mais pronto e fagueiro, escancara-se a salgadeira e o jantar ressuma cheiro e aguça o paladar. Ah, meus amigos, a alegria espelhada nos rostos, provocada pela fartura, espalha-se por todo o canto. 
Também no dia do Cortejo de Reis a cena se repete: o lume acende-se mais cedo, as cozinheiras enchem-se de brios, a canela espalha-se sobre o arroz doce ou a aletria e cresce água na boca da pequenada que espreita na esperança de lamber a colher ou ter sorte maior e poder rapar o tacho! Oh maravilha! 

Porém, nesse ano, chegou o dia e a tradição não se cumpriu: a fogueira espreitou tímida para cozinhar um caldo magro. E ninguém reagiu: em breve a irmãzita seria batizada e não se podiam dar ao luxo de, em tão poucos dias, se banquetearem com duas bodas. 
Não foi por isso que deixaram de correr e fazer algazarra quando apareceu a estrela e logo se sumiu que o palácio do Herodes estava perto. Cavalgada ligeira e os três Reis a conferenciarem para prepararem a visita ao senhor de Jerusalém! 

O auto esgotou-se rápido e, mal a estrela foi levantada, a debandada foi geral com as mães mais apressadas para os últimos gravetos no borralho. 
Só que, na última volta do caminho, a porta do pátio escancarada provocou-lhes um arrepio; a corrida acelerou. Ainda não tinham chegado e já a criação a cacarejar lhes dizia que alguém abriu a tramela. E um baque sufocou-os: Será que…? 
- Qu’é do galo, … viste-lo? 
De facto, o galo tinha desaparecido misteriosamente! 
Maldita a hora!... Ai se eu o apanhava aqui… 
A guerra tinha terminado há poucos anos, a fome era negra e, à mínima distração a boda podia ficar estragada. E foi o caso: do galo assado nem o cheiro! 

Manuel


domingo, 6 de janeiro de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 326



POSTAL DO PORTO – 191 



O CORTEJO DE REIS 

Caríssima/o: 

Já não me lembro de o dia 6 de janeiro calhar ao domingo. Este ano é, pois, especial e permite que o dia de Reis se festeje como gostamos: no seu dia! Bem, isto é só uma maneira de falar que nem desabafo chega a ser… 

Epifania… Dia de Reis! 

Haja festa e cortejo! 

Era tradição na nossa Terra (e creio que ainda é) ser esta a primeira grande festa, manifestação popular. Agora o que nem toda a gente pensa é no muito trabalho necessário para que o povo saia para a rua e se regozije a gosto e a preceito. Só um pequeno exemplo: os cânticos e os ensaios… 

Claro, para que saia tudo bem e até pareça que é mesmo assim, todos vamos atrás e cantarolamos e gostamos e estava tudo tão certinho, houve muito trabalho, muita canseira, uma montanha de organização. (Só cá para nós: sabes quando começam os ensaios?) 

De facto, estes ensaios são um quebra-cabeças à prova de bala: horários que convenham a todos, espaços para se reunirem, escolha das músicas e dos cânticos, instrumentistas e instrumentos… E a chuva? E o frio? E o sono? 

Mas o cortejo correu bem, com muita animação, o tempo até ajudou, os donativos razoáveis, … para o ano cá estaremos novamente, para adorar o Menino! 

Lembremos e prestemos a nossa homenagem aos que, por “amor à camisola”, participam, colaboram e animam a Comunidade para que esta se sinta feliz e envolvida nesta atividade cuja realização se perde na memória dos tempos. 

De uma forma especial, queria reverenciar os ensaiadores que, ano após ano, são a alma de todos estes festejos. Na pessoa do senhor Rocha [Manuel da Rocha Fernandes Júnior, n. 6-01-1907, +18-04-1985], que foi ensaiador de excelência, deixo a minha gratidão e reconhecimento. 

Um bom e animado Cortejo de Reis vos deseja o 

Manuel


Arquivo do blogue

TRADUÇÃO

GAFANHA -Séculos X-XII

O mar já andou por aqui... E se ele resolve regressar? Não será para o meu tempo, mas pode acontecer um dia!