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terça-feira, 8 de março de 2011

Aradas: O entrudo da nossa infância

Lavadeira de Aradas (rede global)

Somos mais ou menos da mesma geração por isso as memórias não serão muito diferentes. O que talvez faça a diferença são os locais onde fomos criados e as tradições que por aí vivemos.
Sou de uma freguesia do concelho de Aveiro (Aradas) e o entrudo era vivido com muita alegria. Muitas partidas que pregávamos uns aos outros sempre com o objectivo de festejar estes 3 dias que também eram de férias. Os mais novos procuravam entre as roupas dos avós e demais adultos da família adereços que lhes permitissem divertir-se. Os mais velhos acompanhavam-nos, por vezes com uma máscara, sabendo de antemão que elas não eram muito bem-vindas. Assim trajados, todos iam para a rua, batíamos às portas uns dos outros e o grupo ia engrossando assim como iam engrossando as risadas e brincadeiras malucas, muitas delas predestinadas por aqueles que não gostavam tanto de alinhar nestas brincadeiras.
As serpentinas ajudavam ao colorido, as gaitas e os pequenos tambores, feitos por nós, também ajudavam ao ruído da festa. E, rua acima rua abaixo, fazíamos do carnaval um espaço de confraternização, de alegria, de convívio entre pequenos e grandes.
Convém dizer que os mascarudos (eram assim chamados pela criançada) iam para a rua só depois de um bom almoço, onde não faltava uma feijoada à maneira (muitas famílias matavam o porco) ou o melhor galo da capoeira.
Este era o carnaval da minha infância. Não era melhor nem pior do de hoje. Era o nosso carnaval. Era a nossa forma de convidar os outros à alegria, de fazer alegria e convívio. São momentos que fazem parte das minhas (nossas) memórias e que ao passá-las aos mais novos só ajuda a que não morram, que as nossas tradições ainda sejam preservadas, facto que comprovamos ao ver em muitas das nossas terras o carnaval trapalhão tão característico da nossa identidade de portugueses. Bem-hajam por isso.

Maria de Lurdes Menezes

Nota: Resposta de Maria de Lurdes Menezes ao meu desafio sobre o entrudo da nossa infância, que agradeço.
FM

O entrudo da minha infância e juventude




Confesso que pessoalmente, por razões que nem sei explicar, nunca fui dado a festejos carnavalescos. Pura e simplesmente passavam-me ao lado,  como ainda hoje passam, não obstante reconhecer que é justo que cada um viva as suas alegrias como muito bem lhe der na real gana. Vestir-me à margem do normal, usar máscara e participar em cortejos de carnaval, nem pensar.
Recordo, no entanto, os meus tempos de menino e rapaz, longe dos cortejos organizados de agora. Nas Gafanhas não havia nada disso. Sentado no passeio frente à minha casa, com a mãe, o irmão e um ou outro amigo, mais umas pessoas idosas com conversas de nada, por ali ficávamos a ver quem passava. E passavam então os entrudos, como se dizia. Penso que mais homens que mulheres. Uns a pé e outros de bicicleta. O gabão era traje que predominava. Máscara sempre. Umas conversas simples, disfarçando a voz. De vez em quando lá vinha uma bicicleta, supostamente com duas pessoas. Era uma apenas, com um boneco de palha vestido, para imitar o colega do que dava aos pedais.

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TRADUÇÃO

GAFANHA -Séculos X-XII

O mar já andou por aqui... E se ele resolve regressar? Não será para o meu tempo, mas pode acontecer um dia!