As efemérides, sobretudo as que nos são mais queridas, devem ser recordadas. Deixá-las cair no esquecimento, por incúria ou má memória, é crime imperdoável. Na certeza de que o presente se alicerça no passado e de que o futuro tem de estar enraizado naquilo que somos e fazemos, então urge valorizar as conquistas alcançadas, para que sirvam de estímulo aos nossos herdeiros.
A elevação da Gafanha da Encarnação a vila, que hoje aqui evocamos, tem de ser assumida por todos os seus naturais e residentes, numa perspectiva de futuro. E para isso torna-se necessário conhecer a terra e as gentes que Maria Donzília de Jesus Almeida e Oliveiros Alexandrino Ferreira Louro retrataram no livro que publicaram em 2009.
Para que o livro seja lido, aqui deixamos, como desafio pertinente, o discurso de apresentação da obra, proferido pela minha amiga e colaboradora, que felicito de maneira especial.
FM
Gaivotas na borda
Discurso de apresentação do livro
"Língua e Costumes da Nossa Gente",
da autoria de Maria Donzília Almeida
e Oliveiros Ferreira Louro
Ilustres colegas,
minhas Senhoras e meus Senhores,
caros Amigos!
Contrariando a letra, do fado clássico, acerca da cidade berço, da nossa formação académica, minha e do Professor Oliveiros, “Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida”, nós diríamos com toda a convicção, que a Gafanha teve mais encanto, na hora do nosso regresso.
Com efeito, desde muito cedo que andámos a calcorrear cidades e vilas, tendo começado o afastamento da nossa querida Gafanha, nos tenros 10 anos de idade, quando iniciámos estudos, na cidade de Aveiro.
Quis o destino que nos viéssemos a reencontrar nos bancos da Lusa Atenas, onde fomos beber a sabedoria aos mestres do conhecimento. Aí, na primavera das nossas vidas, cheia de sonhos, aspirações e alguma utopia, construímos o nosso futuro profissional, que haveria de ser dedicado ao magistério.
Pelas vicissitudes da própria profissão, fizemos vida de saltimbancos, conhecemos muita gente, adquirimos experiência, maturidade e gosto pela arte literária.