PITADAS DE SAL – 50
AS MULHERES E O SAL…
Caríssima/o:
Reservei esta pitada, por estarmos a viver a festa da Imaculada Conceição, para conversarmos sobre a relação das Mulheres da Gafanha com o sal. Talvez ainda se lembrem que era nesta data que se celebrava o Dia da Mãe. Por tudo isto, andava às voltas com as palavras para ver o melhor alinhamento, quando nos entrou pela porta a senhora Amélia a gritar:
- Nossa Senhora me valha, mas não tanto!
E foi-nos contando o valente trambolhão que acabara de sofrer…
Quase me atrevo a dizer que esta súplica irrompeu de muitas bocas de mulheres que correndo pelas pranchas dificilmente se equilibravam com a canastra de sal à cabeça! Isso no-lo atestam as imagens e os livros:
«Como o testemunha esta já antiga fotografia, tempos houve em que os marnoteiros da ria de Aveiro (e não só desse espaço lagunar) utilizavam, essencialmente, mão-de-obra feminina no transporte do sal, das zonas de produção para os lugares de armazenamento. Esse trabalho rude era feito com o auxílio de canastras, que as corajosas mulheres da Aveiro e de outras localidades vizinhas levavam à cabeça...»