terça-feira, 16 de junho de 2009

Princípios da Gafanha

“Principia a história da Gafanha no terceiro quartel do séc. XVII e começos do XVIII: existem documentos de que pelos anos de 1677, 1682 e 1727 fizera o Conde de Aveiras aforamentos de quintas que bordam a Ria, desde o sítio do actual Esteiro até à mota que dá passagem para a Costa Nova, ainda que já antes de 1677 devia ter havido alguns cultivadores da Gafanha. (…) Grande porção do antigo areal adaptou-o pois o homem assim sucessivamente à cultura, com trabalho e suor, aproveitando a fertilidade do solo, e os adubos que a Ria lhe ministrava: cultura da batata, feijão, milho, centeio, algum vinho…" Etnografia Portuguesa de José Leite de Vasconcelos

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ria de Aveiro na Literatura

Ria de Aveiro

E voltando-se então, 
verá as águas mansas da extensíssima ria 

“E voltando-se então, verá as águas mansas da extensíssima ria fulgurando de todos os lados: e, entre elas, as salinas, recticuladas pelos tabuleiros em evaporação, com os seus montes cónicos de sal novo dando a impressão de um largo acampamento de tendas imaculadamente brancas espalhadas a perder de vista pela vastidão dos polders. Para o sul, terá o braço da ria que segue para Ílhavo e Vagos e que margina os pinhais e campos arenosos da Gafanha; a seguir, em sentido inverso, o outro braço que se alonga para as Duas Águas e vai d ar à Barra, e donde emergem as mastreações das chalupas e iates ancorados; ao poente, a linha fulva das dunas da costa, vaporizadas pela tremulina; e para o norte a imensa ria da Torreira, onde o arquipélago das ilhas baixas, formadas pelas aluviões, a Testada, o Amoroso, a dos Ovos, a das Gaivotas, Monte Farinha, verdejam nas suas extensas praias de junco. E nessa vastidão de águas tranquilas, nesse gigantesco pólipo fluvial que por todos os lados estende os seus fluídos tentáculos, entre a rede confusa dos esteiros e canais, bordados de tamargueiras e de caniços, velas sem conta, velas às dezenas, às centenas, vão, vêm, bolinando em todos os sentidos, e pondo no verde das terras ou no azul das águas a doçura do seu deslizar silencioso e a graça da silhueta branca.” 

Luís de Magalhães 
In “A arte e a natureza em Portugal”, 
citado por Orlando de Oliveira, 
no seu livro "Origens da Ria de Aveiro"

sábado, 6 de junho de 2009

Era a Gafanha um areal inculto e desprezado

“Era a Gafanha um areal inculto e desprezado, a que só no último quartel do século XVII começam a fazer referência alguns actos de aforamento, com que principiou a cultivar-se a região: e logo se seguem as primeiras notícias de casas, de colonos, de povoadores vindos de fora e de gente da terra que cresce e se multiplica, como aquela simbólica Joana Maluca, que deixou 9 filhos e 66 netos e por isso passou, indevidamente, por progenitora dos gafanhões! Temos aqui um exemplo, importantíssimo e raro, de povoamento que pode seguir-se desde o início e em todas as fases da sua evolução: povoamento que, como noutros lugares do nosso litoral, tem na base os foros, as courelas cultivadas por famílias, que arroteiam o maninho, criam o solo arável à força de adubos, levantam casa na sorte que cultivam, transformam o areal estéril em plaino produtivo salpicado de habitações dispersas…”
Orlando Ribeiro
In Introdução à “Monografia da Gafanha

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Carlos Roeder foi um empresário com visão de futuro

Carlos Roeder, o fundador do Estaleiro de S. Jacinto, foi um empresário com visão de futuro. O Estaleiro, que empregou centenas de trabalhadores, das mais variadas qualificações profissionais, deu trabalho a muitos gafanhões. Que eu saiba, para além do baptismo de uma praceta na Praia da Barra, Gafanha da Nazaré, por iniciativa das nossas autarquias, mais nada foi feito para o homenagear. E ele bem o merecia. Como? Não sei, de momento. Mas julgo que vale a pena pensar no assunto, se acharem bem.
FM

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Ria de Aveiro

"A ria é um enorme pólipo com braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pelas dunas de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água de rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes, obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. Edifica sobre a água, conquistando-a, como na Gafanha, onde alastra pela ria, aduba-a com o fundo que lhe dá o junco, a alga e o escaço, detritos de pequenos peixes…" Raul Brandão In Os Pescadores

Aos homens do mar

  Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida. Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré 1996 «Ó mar salgado, quanto do teu sal s...