terça-feira, 27 de setembro de 2016

Escolas da Gafanha da Nazaré



NOTA:

1. A propósito do meu post editado neste meu blogue sobre a Escola da Cambeia, conhecida na minha infância por Escola da Ti Zefa, proprietária do edifício que ainda hoje existe, publico aqui a lista das escolas que elaborei em 2010, onde fica claro o registo da homologação dos diversos edifícios escolares. Sobre a Escola da Marinha Velha, a cuja inauguração assisti, tinha eu 17 anos, confirmo a data de 1955. E recordo o discurso que  o Presidente da Junta, Manuel da Rocha Fernandes Júnior, então proferiu.  Apoiava-se ele num texto, julgo que do livro da segunda classe, em que uma menina, ao colo de um adulto, foi convidada a ler um edital que os presentes, analfabetos,  não saberiam decifrar. A família do Senhor Rocha, homem que muito estimei, não terá encontrado o referido discurso no seu espólio;
2. Os números do quadro são referentes a 2010.

O rei que abriu portas à criação da freguesia e paróquia

D. Manuel II 
D. Manuel II
O último Rei de Portugal, D. Manuel II, nunca esperou vir a sentar-se no trono do Reino. Tão-pouco havia sido preparado para tais funções. Era segundo filho e o trono, por herança dinástica, seria para seu irmão Luís Filipe.
Quis o destino que o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, de triste memória, o levasse a sentar-se na cadeira que tinha sido ocupada por seu pai, o Rei D. Carlos.
D. Manuel sobe ao trono com apenas 18 anos. Sem a preparação adequada, enfrentou imensos problemas, que ia ultrapassando com a ajuda de políticos que considerou capazes, mas que não estiveram à altura de impedir os avanços da República. E face aos conselhos que os mais próximos lhe dirigiam para que interviesse junto dos partidos, monárquicos e republicanos, de várias correntes, escreveu em Maio de 1909: «Querer que o rei intervenha nas lutas entre os políticos parece-me um erro. Muito interferiu meu pai, e bem triste fim teve», como escreveu Margarida Melo em “O Rei sem Trono”
Na visita que fez à região, em 1908, D. Manuel II passou pela Gafanha da Nazaré, visitou as obras da Barra e regressou a Aveiro, pela Ria. Numa sessão solene, na Câmara Municipal, condecorou um gafanhão, António Roque, que conduziu o barco em que viajou, com a «medalha de mérito, philantropia e generosidade».
Em 1910, no dia 23 de Junho, abre as portas legais para a criação da freguesia e paróquia, com decreto que terá sido o último que assinou para esse fim.
Pouco depois, aquando da implantação da República, em 5 de Outubro, segue para o exílio em Inglaterra. Respeitou quanto pôde e o deixaram o novo regime, nunca escondendo o seu amor à Pátria e aos portugueses. A República também o respeitou, atribuindo-lhe uma pensão para que pudesse viver com dignidade longe dos portugueses.
Com saudades da Pátria, morreu a 2 de Julho de 1932, vítima de um edema da glote.
A 2 de Agosto, o Governo de Salazar «toma a iniciativa da sua trasladação, decretando um funeral de Estado. O corpo do último rei de Portugal fica depositado em S. Vicente de Fora».

Fernando Martins

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Gafanha do Carmo é freguesia há 56 anos

Já era paróquia desde 1957


A Gafanha do Carmo tinha, na altura da criação da freguesia, 1155 habitantes e um grau de desenvolvimento comunitário de grande valia. O sentimento de independência, acicatado pela criação de paróquia em 1957, terá levado o povo a alimentar brios de se organizar para civilmente se desligar da tutela de São Salvador, Ílhavo. 
Na sequência desse propósito, o povo organizou e endossou as suas pretensões às autoridades competentes, como era de lei.
Obtidos os pareceres indispensáveis, o processo culminou com a publicação do Decreto-Lei n.º 43 165, com data de 17 de setembro de 1960 e assinado pelo Presidente da República, Américo de Deus Rodrigues Thomaz, pelo Chefe de Governo, António de Oliveira Salazar, e demais ministros. 
Diz o Decreto-Lei que se atendeu ao que «representou a maioria dos chefes de família eleitores do lugar de Gafanha do Carmo», tendo sido considerado que «a nova circunscrição, com cerca de 297 fogos e 1155 habitantes, já constitui paróquia religiosa, tem igreja e cemitério paroquial».

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

56.º Aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo



Padre João Gonçalves com D. António Moiteiro
Padre João com Inês Leitão, autora do livro "O Padre das Prisões"
A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da Gafanha do Carmo assinalam, no próximo dia 17 de setembro, sábado, o 56.º Aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo, numa Sessão Comemorativa, com o seguinte programa:

16h30 Concentração e visita à obra da Casa Mortuária da Gafanha do Carmo
17h00 Apresentação do documentário e do livro “O Padre das Prisões” do Padre João Gonçalves, no Centro Cultural da Gafanha do Carmo
Neste dia de aniversário, a Câmara Municipal de Ílhavo convida toda a população participar nesta sessão comemorativa, felicitando muito em especial aqueles que nasceram e habitam na Gafanha do Carmo.
 
Nota: Texto da CMI

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A barrilha e a Vista Alegre



Um dia destes estava distraído a pensar nem sei o quê. De repente, os meus olhos pousaram na lombada de um livro de José Hermano Saraiva — Itinerário Português – o Tempo e a Alma —, que havia lido há bastante tempo. Dele guardara uma ou outra referência à nossa região. E abri a página 134, onde pontificava um título que nos diz muito: Vista Alegre — Homenagem à porcelana.
A dado passo diz assim:

«A localização da fábrica na região de Aveiro não foi mero acaso. Aveiro tinha tradição cerâmica; nos barreiros da ria tinham aparecido vestígios de caulino; na Gafanha criava-se uma erva, a barrilha, que, calcinada, era usada no fabrico de vidros e cristais.»

Confesso que nunca ouvira falar de tal erva. Mas se ele diz…
Fui ao dicionário e lá estava: 

«Barrilha (botânica), designação comum a plantas do género Salsola e Halogeton, da subfamília das quenopodiáceas, cujas cinzas são especialmente ricas em carbonato de sódio»

A flor ou fruto dessa planta, suponho,  trouxe-me à ideia os chuchus ou coisa parecida, os quais segregavam um líquido que gostávamos de saborear... Seria a tal barrilha?
Os botânicos que nos expliquem, por favor.

Gafanha antiga para os mais idosos




Estas duas fotos da nossa igreja matriz e arredores são especialmente dedicadas aos mais idosos, para os ajudar a reavivar a memória. Os mais novos não terão, eventualmente, grande interesse, ou talvez tenham para poderem ver a evolução que entretanto se operou o na nossa terra.  Como recordo tudo isto!

Gafanha da Nazaré: Da torre da igreja para sul

Cemitério 
Cemitério

Uns 70 anos separam estas duas fotografias. Oferta do Ângelo Ribau, um apaixonado pela fotografia.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Gafanha Antiga: Da torre da igreja para norte



Encontrei esta foto num dos meus blogues, quando procurava outras. Partilho-a na esperança de que alguém possa identificar alguns pormenores. Eu dou uma ajuda: Lá está o antigo mercado, a escola da Cambeia, situada, curiosamente, no Bebedouro, terrenos onde, entretanto, plantaram casas, e mais não digo...

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Gafanha da Nazaré: Algumas datas para esclarecer



1. A ereção canónica da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré aconteceu em 31 de agosto de 1910 por decreto do Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, a cuja diocese pertencíamos.  Só em 11 de dezembro de 1938, com a restaurada Diocese de Aveiro, é que deixámos a diocese coimbrã.

2. No dia 27 de outubro de 1910, verificou-se a instalação e primeira sessão da Comissão Paroquial da freguesia da Gafanha, concelho de Ílhavo, que ficou assim constituída:
Presidente: José Ferreira de Oliveira
Tesoureiro: António Teixeira
Secretário: Manuel Nunes Ribau
Vogais: Jacinto Teixeira Novo, José Maria Fidalgo e Manuel Ribau Novo.
O tesoureiro não assinou a ata por ter faltado à sessão. Veio a falecer algum tempo depois.

3. A instalação da Primeira Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré teve lugar a 2 de janeiro de 1914. Ficou assim constituída:
José Ferreira de Oliveira
João Sardo Novo
José Maria Fidalgo
Manuel Ribau Novo
José da Silva Mariano
Manuel José Francisco da Rocha
Manuel Conde
Secretariou Alberto Ferreira Martins
Na mesma sessão, os presentes elegeram por unanimidade, José da Silva Mariano como presidente, João Sardo Novo como tesoureiro e Alberto Ferreira Martins como secretário. Posteriormente, a nova junta nomeou para vice-presidente Manuel José Francisco da Rocha.

Aos homens do mar

  Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida. Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré 1996 «Ó mar salgado, quanto do teu sal s...