segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Formação do espaço que hoje habitamos (2)

Formação da restinga

Neste vaivém, a laguna aveirense foi sofrendo as consequências da impossibilidade do rejuvenescimento das suas águas, que se tornaram putrefactas e, naturalmente, fonte de doenças respiratórias e outras. A laguna em morte lenta ia matando e afugentando gentes próximas. 
Várias tentativas se sucederam para abrir a passagem das águas do Atlântico para a ria, escancarando frágeis portas a embarcações que demandavam Aveiro e região. Desde a Torreira a Mira, no espaço de tempo compreendido entre 1200 e 1808, altura em que a Barra de Aveiro assentou arraiais de vez, a ligação à ria fez-se na Torreira, Mira, Quinta do Inglês, Vagueira, Costa Nova e Senhora das Areias. 



Localização da barra através dos  tempos  (fig. 3)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Formação do espaço que hoje habitamos (1)

O espaço seco que hoje habitamos, com o mar e a ria a limitá-lo na sua grande parte, não é de sempre. Observando mapas e lendo registos fica-nos a certeza de que o mar foi dono das atuais Gafanhas. 
Há mil anos as águas salgadas dominavam toda esta região, em jeito de quem sonha com uma ria e o rio Vouga abertos ao mundo.
A restinga de areia que se formou ao longo de 25 séculos, protegendo-nos dos avanços e ataques do oceano, foi criando condições capazes de atrair pessoas habituadas a enfrentar dificuldades.
Orlando de Oliveira, no seu livro “Origens da Ria de Aveiro” (ORA), avança com a certeza de que a laguna, delimitada como presentemente a podemos ver, vem do tempo da fundação da nacionalidade.
«Podemos dizer com orgulho que a Ria de Aveiro e Portugal se formaram ao mesmo tempo. Nasceram simultaneamente por alturas do século XII e poderíamos dizer, fantasiando um pouco, que, enquanto os nossos primeiros Reis e os seus homens iam dilatando as terras peninsulares, a Mãe-Natureza ia conquistando ao mar esta joia prodigiosa que generosamente viria ofertar às nossas terras alavarienses.»(ORA)

O mar no início da nacionalidade (Figura 1)

Entre os séculos X e XII, o oceano tocava em Mira, Vagos, Ílhavo, Aveiro, Cacia e por aí acima. Entretanto, a restinga de areia que o mar trazia e levava com a mesma ligeireza foi-se fixando, afastando-se da linha definida por aquelas terras, e até ao século XIX, com um cordão dunar muito vulnerável, foi dando garantias de poder ser habitada sem receio. Lentamente mas em crescendo, até ao presente.

Nota: Mapa preparado por João Gonçalves Gaspar

In "Gafanha da Nazaré — 100 anos de vida"

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Considerações gerais sobre a Gafanha da Nazaré


Nota Prévia

1. Sou do tempo em que a Gafanha da Nazaré era uma moçoila cheia de viço, com os seus 28 anos de vida e com uma grande vontade de se projetar no futuro. Soube mais tarde que os seus pais e avós enfrentaram imensas dificuldades, em luta constante para tornar férteis os solos areentos e esbranquiçados, onde quase nada se criava digno de menção. Mas deles também fiquei a saber que, com trabalho persistente, teimoso, tudo foi possível. Vontade não lhes faltou para ajeitar um berço mais fofo e acolhedor para os herdeiros. E a guerra titânica contra ventos e marés projetou-se no viver e sentir de todos os gafanhões, que hoje se orgulham dos seus antepassados.

Renascimento

Lavradeira è espera do moliço?

Resolvi, depois de muito refletir, retomar a vida normal deste meu espaço dedicado à Gafanha. A razão é simples: Nos últimos tempos, tem aumentado o número de contactos sobre a nossa terra. As questões vêm das mais variadas fontes e interesses. Por simples curiosidade, da parte de jovens, por motivos de estudo e elaboração de teses, por necessidade de conhecerem as Gafanhas, terras em que se instalaram. 
Sei que será um acréscimo de trabalho, mas nem por isso quero deixar de ser útil aos meus contemporâneos. Afinal, este desafio, mais um, será um renascimento, tarefa que devemos tomar como normal nas nossas vidas.



Aos homens do mar

  Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida. Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré 1996 «Ó mar salgado, quanto do teu sal s...