O Rubem da Rocha Garrelhas teve a gentileza, que agradeço, de me enviar a foto do seu avô materno, José Estanqueiro da Rocha, que participou na primeira Grande Guerra de 1914-1918, e que eu conheci pessoalmente. Tratava-se de um meu vizinho e parente, embora afastado, como o atesta o apelido Rocha. Haverá mais fotos de outros gafanhões, porventura guardadas nas arcas, que também participaram nessa guerra e que eu gostaria de recolher para memória futura. Fico à espera que mas enviem.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
GAFANHÕES NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA DE 14-18
O Rubem da Rocha Garrelhas teve a gentileza, que agradeço, de me enviar a foto do seu avô materno, José Estanqueiro da Rocha, que participou na primeira Grande Guerra de 1914-1918, e que eu conheci pessoalmente. Tratava-se de um meu vizinho e parente, embora afastado, como o atesta o apelido Rocha. Haverá mais fotos de outros gafanhões, porventura guardadas nas arcas, que também participaram nessa guerra e que eu gostaria de recolher para memória futura. Fico à espera que mas enviem.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Aveirenses Ilustres: Marnotos da Ria de Aveiro
23 de Novembro de 2011
Auditório do Museu da Cidade de Aveiro, 18.30 horas
Auditório do Museu da Cidade de Aveiro, 18.30 horas
Marnoto
«Marnotos da Ria de Aveiro: Homens robustos e tisnados, que trabalhavam normalmente, de sol a sol, de Fevereiro a Setembro, nas marinhas de sal. Numa mão traziam o ancinho, noutra o ugalho da lama ou o rapão do sal. Carregavam pesadas canastras cheiinhas de sal das salinas para as eiras e destas para os barcos saleiros. Tanto podiam ser cagaréus, como oriundos de localidades como a Gafanha da Nazaré, Mira, Aradas ou mesmo, Trás-os-Montes. Na sua maioria eram homens de fora do concelho, vinham para a marinha à segunda-feira e só regressavam a casa à sexta-feira. Dormiam no chão de feno ou de junco, ou numa caminha de madeira, no palheiro, onde também comiam o parco comer das provisões acarretadas.
No século XIX, o operário salícola trajava manaia (espécie de calção) e camisa branca em linho ou tecido cru, sem colarinho e sem punhos; faixa preta ou encarnada; barrete de fazenda de lã ou chapéu preto de aba larga e lenço vermelho de algodão estampado.»
Fonte: Boletim Municipal / Cultura e Património, ed. CMA, Dez. 1997, p. 48.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Gafanha da Nazaré: Rua Sacadura Cabral
Sacadura Cabral, um herói
da Aviação Naval Portuguesa
A Rua Sacadura Cabral estende-se desde o Cruzeiro até à Av.
José Estêvão, serpenteando em todo o seu traçado. Recebe, ao longo do seu
percurso, diversas ruas e outros acessos, apresentando-se alcatroada. Antes
desse melhoramento, foi ensaibrada, sucedendo a caminhos de terra batida,
antigos, que justificam o seu atual piso, pouco alinhado.
Esta rua é uma homenagem ao piloto aviador do mesmo nome,
colega de Gago Coutinho na histórica travessia aérea de Lisboa ao Rio de
Janeiro, em 1922. Sacadura Cabral como piloto e Gago Coutinho como navegador
constituíram, assim, uma dupla de renome mundial, na época, sendo certo que
ainda nos nossos dias tal feito ocupa um lugar de mérito.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Seminário de Santa Joana Princesa - 2
Cortejo a favor do Seminário de Aveiro
Seminário de Santa Joana Princesa
Das minhas memórias, recordo que participei num cortejo
de oferendas a favor do Seminário, com o envolvimento
de dezenas de paróquias da diocese.
Foi isto em 30 de Junho de 1946
«Após o meio-dia toda a cidade [Aveiro] se animou com um grandioso cortejo de oferendas a favor da construção do Seminário de Santa Joana. As dezenas de paróquias da Diocese vieram com suas representações características, com seus ranchos folclóricos e com os seus donativos generosos. As ruas encheram-se dos mais variados cantos alegres e populares, dos sonoros acordes de diversas filarmónicas e da beleza dos carros alegóricos e garridos. Além do valor material que significou esta magnífica jornada de caridade, o cortejo constituiu mais um elemento a unir as terras do Bispado à volta do mesmo centro espiritual, fixado em Aveiro.» LVST
Integrei o cortejo, a que se associaram empresas e católicos da nossa terra, com carros enfeitados e carregados de presentes, os mais diversos, desde géneros alimentícios, incluindo bacalhau, até materiais de construção e madeiras dos estaleiros.
As pessoas partiam em grupo dos seus lugares rumo à concentração, junto à ponte de madeira que nos ligava a Aveiro. E assim seguimos a pé até ao destino.
A minha memória diz-me ainda que as nossas ofertas mais miúdas foram depositadas nas barracas da Feira de Março, ainda não desmontadas.
O que levava numa saca, que depois passou para um carro de vacas, já se me varreu da memória. Milho? Feijão? Não sei. Só sei que voltei a pegar nela, no Rossio, para a entregar numa barraca. Aí, o seu conteúdo passou para uma caixa e voltei satisfeito com a saca na mão para casa.
Fernando Martins,
no livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida"
NOTA: LVST - "Lima Vidal e o seu Tempo", de João Gonçalves Gaspar
Seminário de Santa Joana Princesa - 1
«Muitas coisas, quando se fizer a história do seminário,
se as quiserem saber, têm que ir à minha campa
e perguntar por elas às minhas cinzas
que ainda por lá estiverem.»
Lima Vidal,
CV de 14-02 de 1950, (DA)
Com a restauração da Diocese de Aveiro, concretizada em 11 de Dezembro de 1938, pela aplicação da Bula Omnium Ecclesiarum, D. João Evangelista de Lima Vidal tinha em mente já o sonho da abertura de um Seminário Diocesano. Porque «Uma Diocese sem seminário é como se fora um corpo sem alma. Nem teria mesmo a aparência duma máquina que se move com a pouca corda que se lhe dá» (DA), disse o primeiro Bispo da Diocese reconstituída, numa altura em que desejava, quanto antes, passar do sonho à realidade.
E se era importante e até fundamental o seminário para a formação dos futuros padres, não deixaria de o ser menos um edifício próprio, com espírito novo.
Trabalhos complexos foram necessários, até poder abrir as suas portas aos candidatos ao sacerdócio.
Depois de passar por alguns edifícios, provisoriamente, porque a vontade de D. João era levantar um seminário de raiz, a construção do actual edifício do Seminário de Santa Joana Princesa avançou poucas semanas depois do concurso das fundações, que ocorreu em 23 de Março de 1945, sob a direcção da Comissão Comercial, da qual fazia parte um gafanhão, Benjamim Fidalgo, que aqui registo para memória futura. DA
Antes, porém, da construção do Seminário de Santa Joana Princesa, iniciaram-se obras noutra zona de Aveiro, que foram interrompidas, a favor do aproveitamento do barro ali existente, necessário à indústria cerâmica. E aqui surge um gafanhão, muito rico, o Dr. José Maria da Silva, ex-padre e depois professor de Liceus. Dispunha-se ele a construir, sozinho, o seminário. DA
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Dia de S. Martinho — 11 de novembro
Bom Dia de S. Martinho para todos
Como manda a tradição, celebra-se hoje o Dia de S. Martinho.
Se a nossa região fosse terra de vinhos, teríamos de provar o vinho novo com as
castanhas. Assim, limitar-nos-emos a beber um vinho qualquer, ao gosto de cada
um, ou a também tradicional jeropiga. Vou pelo que estiver à mão.
Que me lembre, as castanhas numa foram a base da alimentação
das nossas gentes, o que acontece mais nas terras de muitas e boas castanhas.
Neste caso, é sabido que as castanhas serviam para confecionar boas e
substanciais sopas, alguns doces e até para acompanhar carne assada. Garanto
que as castanhas são um excelente complemento.
Por cá, pelas nossas terras, opta-se pelas castanhas
assadas. Antigamente em caçarolas de barro, com buracos, e temperadas com sal
grosso. Eram saborosas, sim senhor. Mas nada que se compare às que comprávamos
nas pontes, o olho da cidade, em Aveiro. Vinham embrulhadas em papel de jornal
e em folhas das listas telefónicas já retiradas de uso. Sabiam muito bem. Uma
dúzia de apetitosas castanhas, de casca esbranquiçada, pelo fogo e talvez pelo
sal, descontando umas tantas pobres que vinham sempre na rede das mãos dos
vendedores, eram delícias que nos enriqueciam o paladar, para além de nos aquecerem um pouco o corpo e a
alma.
Agora, são, normalmente, assadas num qualquer fogão a gás ou
elétrico, mas que não é a mesma coisa, lá isso não é. Garanto-vos. Nem as
cozidas me sabem tão bem como as assadas. Gostos temperados noutros tempos, por
certo.
Bom dia de S. Martinho para todos.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
O GATA SEMPRE VAI RENASCER?
O GATA (Grupo Activo de Teatro Amador) foi
fundado em 27 de Setembro de 1973 e os ensaios decorriam no edifício da Casa do
Povo, na Chave, cujo presidente era o Dr. Humberto Rocha. A primeira peça a
subir ao palco, no salão paroquial da Gafanha da Nazaré, foi “O Mar”, de Miguel
Torga, no dia 13 de Julho de 1974, «perante 800 espectadores, num espaço
calculado para 400 pessoas sentadas», como se lê no jornal Timoneiro desse mês
e ano.
É justo
lembrar alguns nomes desse memorável espectáculo:
Artistas: Eva
Gonçalves, Fátima Ramos, Irene Ribau, Eduarda Fernandes, Fátima Gonçalves,
Dinis Ramos, José Alberto, Carlos Margaça, Horácio Bola, Carlos Bola, Herlander
Loureiro, Alberto Margaça e Silvério Marçal.
Ensaiador,
Augusto Fernandes; Encenador e Sonoplasta, Humberto Rocha; Luminotécnico,
Eduardo Teixeira; e Contra-regra, Luís Miguel.
Outras peças
se sucederam e novos espectáculos surgiram, quer na Gafanha da Nazaré, quer
noutras terras do país, numa permuta saudável com vários grupos de teatro.
NOTAS:
1. Ao
abordar este assunto, não posso deixar de manifestar a minha tristeza ao
verificar que o Teatro, para além do GATA, nunca conseguiu impor-se entre o
nosso povo. As diversas manifestações teatrais, esporadicamente levadas a
palco, não passaram disso mesmo.
Há décadas, muitos
jovens mostraram à saciedade que tinham jeito e talento, mas nunca conseguiram
dar o salto para voos mais altos.
Presentemente,
com as condições de que dispõe a Gafanha da Nazaré, seria óptimo que os mais
entusiastas pela arte de Talma se congregassem para ressuscitar o GATA ou para
avançar com outro projecto, quiçá diferente, alimentado para outros sonhos.
2. Evoco hoje com estas simples linhas a
necessidade de acordar a nossa juventude, de todas as idades, para esta
vertente da arte. Consta-me que a ADIG já pensou nisso e que até já trocou
impressões com Humberto Rocha, um gafanhão muito dado a iniciativas que mexam
com as pessoas. Gostaria de o ver a recomeçar o teatro entre nós, fazendo
ressuscitar o GATA que ele próprio ergue há anos. Se ele quiser, a aposta terá
garantias de sucesso.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Agosto, mês de inverno para as marinhas
Ponte da Cambeia, Portas d'Água e Jardim ao fundo
Recordações da minha juventude
Estávamos em Agosto. Era o primeiro mês de “Inverno” para as
marinhas (palavra de marnoto), dado que começavam os primeiros nevoeiros e a
produção de sal diminuía a olhos vistos!
— Hoje trouxe uns sacos para levar sal para casa, diz o
marnoto. Quando chegar o Inverno tenho de ter sal para salgar o porco, quando
for a matadela. Logo não vamos para o Egas. Vamos para a Cambeia, que tenho lá
a minha mulher à espera com o carro dos bois.
E assim foi. Terminados os trabalhos do dia, foram enchidos
os sacos e transportados em padiola para a bateira.
Depois de arrumadas as alfaias no palheiro, fechado este e
arrumadas as chaves num buraco de ratas, demos início ao regresso a casa. O
vento era fraco, mas mesmo assim içámos a vela, e lá viemos, desta vez em
direcção ao Esteiro Oudinot, por onde chegaríamos à Cambeia. Mais adiante, no
Jardim do Oudinot, as árvores, que eram altas, impediam o vento de chegar à
vela, pelo que a solução era os moços saltarem para terra e com uma corda (a
cirga), puxarem eles a bateira pelo Esteiro fora, que tinha cerca de dois
quilómetros de comprimento, enquanto iam conversando.
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