Sacadura Cabral, um herói
da Aviação Naval Portuguesa
A Rua Sacadura Cabral estende-se desde o Cruzeiro até à Av.
José Estêvão, serpenteando em todo o seu traçado. Recebe, ao longo do seu
percurso, diversas ruas e outros acessos, apresentando-se alcatroada. Antes
desse melhoramento, foi ensaibrada, sucedendo a caminhos de terra batida,
antigos, que justificam o seu atual piso, pouco alinhado.
Esta rua é uma homenagem ao piloto aviador do mesmo nome,
colega de Gago Coutinho na histórica travessia aérea de Lisboa ao Rio de
Janeiro, em 1922. Sacadura Cabral como piloto e Gago Coutinho como navegador
constituíram, assim, uma dupla de renome mundial, na época, sendo certo que
ainda nos nossos dias tal feito ocupa um lugar de mérito.
Sacadura Cabral, de seu nome Artur de Sacadura Freire
Cabral, nasceu em Celorico da Beira, S. Pedro, em 23 de abril de 1881 e
faleceu, no Mar do Norte, em 15 de novembro de 1924, dois anos após a famosa
travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e Rio de Janeiro, concluída em
apoteose e dando azo a muitas homenagens, quer no Brasil quer em Portugal. Foi
vítima de um desastre no Mar do Norte,
quando voava em direção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O
seu corpo nunca foi encontrado.
Como aviador e oficial da Marinha Portuguesa, desempenhou
inúmeros cargos de grande responsabilidade no âmbito da sua carreira
profissional. «Serviu nas colónias ultramarinas no decurso da Primeira Guerra
Mundial, foi um dos instrutores iniciais da Escola Militar de Aviação, diretor
dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de
Lisboa. Unanimemente considerado um aviador distintíssimo, pelas suas
qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial,
ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam
sentir», como se lê na Infopédia.
Sacadura Cabral está, de algum modo, ligado à nossa região,
pois foi em S. Jacinto que preparou os hidroaviões (F-3), vindos de Inglaterra,
com vista à I Travessia Aérea do Atlântico Sul, por haver condições para a
entrada e saída da água, como sublinha Joaquim Duarte, no seu livro
“Hidro-Aviões nos Céus de Aveiro”. Este autor esclarece: «Na Ria, Sacadura faz
então as suas experiências, beneficiando, sem dúvida, da esplêndida laguna que
se lhe oferecia. O Faire II D, o hidro-avião que iria tentar a viagem
Lisboa-Madeira, sobrevoa a região de Aveiro, mas a grande preocupação de
Sacadura Cabral, o homem de Celorico da Beira, era verificar o peso do
combustível que poderia meter nos depósitos, a quantidade que iria permitir a
descolagem e a autonomia de 9 horas e meia sobre o mar, o Oceano Atlântico.»
Fernando Martins
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