sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Escola de outros tempos


Subsídios para a história da Gafanha



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Quando se recorda a escola de antigamente, não faltam críticas à actual. Naquele tempo é que era, dizem alguns. E começam a desfiar conhecimentos outrora decorados, nem se sabe para quê. Rios e afluentes de Portugal e das colónias, serras e caminhos-de-ferro, vidas de reis contadas ao pormenor, citando batalhas e guerras, mulheres e filhos que os fizeram felizes e infelizes. É, ainda hoje, para os da minha idade, um nunca mais acabar. Haveria, dizem os estudiosos, algumas razões.
Os tempos e os métodos são outros. A escola não pode parar na descoberta das melhores pedagogias que preparem para a vida. E tem-no conseguido. Sem dúvida.

A “Monografia da Gafanha” traz até nós a informação referente aos que, depois da Escola Primária, seguiram mais além. Reportando-nos aos que habitavam a nossa terra, aqui fica a nossa singela homenagem, citando apenas os que não estão, por qualquer motivo, referidos no texto:
Francisco Fernandes Caleiro, diplomado em 1905 pela antiga Escola de Ensino Normal de Aveiro. Foi professor na escola masculina da Glória, Aveiro. Nos meus tempos de jovem, falava-se muito deste professor, como grande conhecedor da Língua Portuguesa.
Carolina Augusta de Almeida Martins, diplomada pela Escola Distrital de Aveiro em 1908, foi professora na escola feminina da Cale da Vila.
Manuel dos Santos da Silva Vergas Júnior, diplomado em 1911 pela escola do Ensino Normal de Aveiro, foi professor em Ílhavo.
A partir desta data, começa a crescer o número de diplomados e licenciados oriundos da Gafanha da Nazaré ou aqui radicados. 

Fernando Martins

No livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida"

Nota: Nas imagens, provas do exame da 3.º classe de Manuel Cirino da Rocha, em 1915, rubricadas pelo professor Domingos Cerqueira, que era ou veio a ser Inspector Escolar e autor do livro Cartilha Escolar, para a 1.ª classe. Permitam que chame a atenção para a caligrafia do então aluno, para a ausência de erros ortográficos e para o tipo de exercícios matemáticos usados.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Outubro de 1969 — Gafanha da Nazaré é elevada a vila



Porto de Pesca Longínqua

Elevação a Vila da Gafanha da Nazaré

Sendo presidente da Junta da Freguesia o comerciante da nossa terra Albino Miranda, a autarquia iniciou o processo do pedido ao Governo da elevação a vila da Gafanha da Nazaré. Os documentos a apresentar incluíam a indicação das infra-estruturas sociais, culturais, desportivas, religiosas e recreativas, bem como tudo o que dissesse respeito ao desenvolvimento e ao progresso demográfico, económico, social, comercial e industrial. 
Paralelamente a essa vertente oficial, em que colaboraram alguns amigos, nomeadamente o Prior Domingos e eu próprio, fiquei responsável pela divulgação do projecto através da comunicação social. Era também uma forma de difundir o sonho dos habitantes da Gafanha da Nazaré. 
O vespertino “Diário Popular” foi o primeiro jornal, que se saiba, a fazer uma reportagem sobre a pretensão das nossas gentes, feita pelo jornalista Ângelo Granja e publicada em 21-12-1966. No antetítulo sublinhava «Do deserto nasceu um oásis…» e no título «A Gafanha da Nazaré luta pela sua elevação à categoria de vila». Numa caixa, destacava «Aspirações de uma aldeia conquistada às dunas e transformada numa das mais importantes do País». Acompanhei a equipa de reportagens e recebi-a em minha casa. 
Seguiu-se o Comércio do Porto, graças à excelente colaboração do jornalista Daniel Rodrigues, correspondente, em Aveiro, daquele matutino portuense, que aproveitou as suas reportagens, inclusivamente, para se lançar na Gafanha da Nazaré aquele diário, onde apenas tinha um leitor, que a loja de jornais e revistas do ilhavense José Quinteles Pereira, antecessora do actual Quiosque Terramar, lhe vendia diariamente, perto da igreja, em espaço arrendado, que foi dos pais de Dona Maria da Luz Rocha. 
O decreto da elevação a Vila, assinado pelo Presidente da República, Américo Thomaz, em 29 de Outubro de 1969 e publicado no Diário do Governo n.º 254 (1.ª série), na mesma data, especificava, precisamente, as razões que justificavam a categoria de Vila, a saber:

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mónicas na Figueira da Foz — 1


Foto da Rede Global


Continuando a debruçar-me sobre a “Monografia da Freguesia de S. Julião da Figueira da Foz” da autoria de Rui Ascensão Ferreira Cascão, registo a presença dos Mónicas no capítulo dedicado à Construção Naval naquelas paragens. Na página 212 e seguintes lá está: «Além dos anteriores, em 1919, existia mais um estaleiro, pertencente à Fomentadora Marítima Figueirense, L.da , situado na Carneira e dirigido pelo “velho mestre Mónica”. Esta empresa industrial fora constituída em 13 de Julho de 1918, sendo o seu capital (110.000$00) subscrito por 45 sócios, na sua esmagadora maioria da Figueira. O seu objectivo social era a construção, reparação e negociação de navios, bem como a sua exploração industrial e comercial.»

domingo, 16 de outubro de 2011

Ensino Primário obrigatório em Portugal

«O ensino primário, obrigatório, foi promulgado, no século XIX, mais precisamente, no dia 7 de Setembro de 1835. Por curiosidade, dei-me ao trabalho de analisar o Decreto do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino: determina as matérias a serem ensinadas na Instrução Primária; estabelece que a instrução primária é gratuita para todos os cidadãos em escolas públicas; incumbe às Câmaras Municipais e aos párocos empregar todos os meios prudentes de modo a persuadir ao cumprimento desta obrigação, junto dos pais. 
A partir daí, foram-se sucedendo os decretos e Cartas de Lei, que regulamentavam a institucionalização e obrigatoriedade do Ensino Primário. Dessa legislação emitida pelo governo, saltou-me à vista pelo insólito do texto, o Decreto do Governo de 28 de Setembro de 1884, que passo a transcrever: Os que faltarem a este dever, (Ensino Primário Obrigatório) serão avisados, intimidados, repreendidos e por último multados em 500 até 1000 reis; serão preferidos para o recrutamento do exército e da armada os indivíduos que não souberem ler nem escrever; serão criadas escolas especiais para meninas e definidos os objectos de ensino. Se por um lado se fazia o apelo ao cumprimento da escolaridade obrigatória, surge como algo paradoxal, a preferência para a defesa do estado, de indivíduos analfabetos! O poder legislativo, desde, há séculos, que se baseia na incongruência e omissão.»
(...)
Ler mais aqui

Maria Donzília Almeida


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Festas na Gafanha da Nazaré



S. Tomé, imagem que veio da primeira igreja matriz

Diz a tradição que sempre houve festas na Gafanha da Nazaré. Mesmo antes da criação da paróquia e freguesia o povo organizava e participava nas festas, muitas delas, senão mesmo todas, feitas à sombra dos padroeiros e outros santos da comunidade católica. 
Além da festa da padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, há registos e memórias de outras: Nossa Senhora da Conceição (Muito participada por todos, em especial pelos marítimos ligados à pesca do bacalhau), São Tomé (com promessas dos lavradores referentes ao gado), Mártir São Sebastião, Nossa Senhora dos Navegantes (no Forte) e São João (na Barra). 
Posteriormente, vieram as festas de Nossa Senhora dos Aflitos (Chave) e São Pedro (na Cale da Vila) eram festas que se estendiam no Verão, depois ou durante as colheitas, como necessidade de descompressão para quem trabalhava duramente nos campos. 
Havia ainda datas festivas, que entusiasmavam o nosso povo, celebradas com alegria, nomeadamente, o Natal e a Páscoa, cada uma com características próprias. Destas, destacamos o Natal, a que se associava os Reis. 
Contudo, não faltava a alegria, sempre que motivo surgisse. A “botadela” na marinha, o erguer da casa, a “matadela” do porco, as novenas, as romarias da região, como o São Paio da Torreira, a Senhora da Saúde, a Senhora das Areias e a Santa Maria de Vagos, entre outras. Mas também os casamentos e baptizados, as primeiras comunhões, as visitas de Nossa Senhora de Fátima e os encerramentos da catequese, entre outras. 
Romarias mais distantes estiveram, desde sempre, nas agendas dos gafanhões. A pé ou de camioneta, em especial ao santuário de Fátima, como ainda hoje acontece.

Do livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um gafanhão com ideias sobre o melhoramento da Barra de Aveiro


José Maria da Silva nasceu na Gafanha da Nazaré e foi ordenado padre, em Coimbra (pertencíamos à Diocese de Coimbra), em 1911. Naquela cidade continuou a estudar, na universidade coimbrã, sendo simultaneamente pároco de Santo António dos Olivais. Licenciou-se em Letras e diplomou-se pela Escola Normal Superior de Lisboa. Foi professor nos liceus de Angra, Beja, Braga e Porto, tendo sido aposentado   no Liceu Alexandre Herculano desta última cidade. Antes, tinha abandonado o sacerdócio e casou. Um filho faleceu ainda jovem. Os seus herdeiros, sobrinhos, viviam maioritariamente, tanto quanto sei, na Gafanha da Nazaré. 
Dedicou-se a negócios ligados ao volfrâmio e outros, mas nunca se esqueceu da sua e nossa terra. Ajudou na construção do Seminário de Santa Joana Princesa e até se envolveu nos problemas relacionados com os melhoramentos da Barra de Aveiro, com esta proposta de obras, que foi naturalmente contestada pelos engenheiros do setor. 
José Maria da Silva faleceu em 23 de Abril de 1955.

sábado, 8 de outubro de 2011

Acessos ao Porto Bacalhoeiro

(Clicar na imagem para ampliar)


Acessos ao Porto Bacalhoeiro, de há décadas. Hoje, estas imagens pouco ou nada dizem às gerações mais novas. Eu, quando por lá passo, nem sempre me entendo com os novos arruamentos. Há quem concorde, há quem discorde, mas a verdade é que o mundo não pode deixar de rodar, com o progresso ou com a falta dele. Quem terá por aí fotos com mais qualidade sobre a nossa terra?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ponte da Cambeia e Portas d'Água




Para memória futura, aqui ficam, numa só imagem, duas fotos de épocas diferentes. Se é verdade que não podemos viver só passado, precisamos dele para não esquecermos as nossas raízes, 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Gafanhões na Primeira Grande Guerra — 1914-1918



Há tempos, dei comigo a pensar nos gafanhões da Gafanha da Nazaré que participaram na Primeira Grande Guerra de 1914-1918. Tinha ouvido rumores de que não foram poucos os que tiveram de partir, forçados,  para a guerra. Tentei algumas diligências, através de serviços que eu supunha terem registos de quem foi e de quem regressou, mas dei com o nariz na porta. Em Lisboa, por exemplo, para confirmar o que quer que fosse, tinha que levar elementos identificativos dos eventuais combatentes naturais da nossa terra. Não os tinha. Ainda tentei, mas pouco encontrei.
Em contato com alguns amigos, ao sabor do vento, nomeadamente, com o antigo presidente da Junta de Freguesia Mário Cardoso, lá se conseguiu registar um ou outro nome, alguns ainda sujeitos a confirmação.
Aqui ficam os seus nomes, na esperança de se conseguirem outros com a ajuda dos meus amigos:


João Maria Garrelhas, n. 19-8-1891; f. 23-10-1977;
João Ramos Luzio;
João Maria Ferreira (o Bicho);
Manuel Maria Nunes;
Bernardino Soares;
José Francisco da Rocha Júnior;
Manuel da Cruz Ramos;
Manuel Palhais Cravo (o ti Catarréu). Nasceu em 1893 e faleceu a 7/11/1960. Fez as campanhas de África durante a 1.ª Guerra Mundial e foi dado com inapto para continuar, devido à perfuração dos tímpanos provocada pelo troar dos canhões, regressando então a casa, tendo casado entretanto! Só depois de terminada a guerra, imigrou para França para participar na sua reconstrução. (Dados fornecidos por Armando Fidalgo Cravo, seu filho)
José Filipe, conhecido por Guincho. Faleceu pouco depois do regresso de França, com perturbações provocados pelos gases que o atingiram. 

ETC

A lista poderá ser alterada a todo o momento…

Aos homens do mar

  Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida. Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré 1996 «Ó mar salgado, quanto do teu sal s...