domingo, 31 de março de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 338


POSTAL DO PORTO – 203 



BOTE-ME A SUA BÊNÇÃO 

Quedemo-nos neste Domingo de Páscoa a reviver e gozar alguns momentos que nos enrijavam o corpo e nos enchiam o espírito. 
A primeira bênção que recebíamos no tempo pascal era a bênção do lume! Como nos sabia bem e aquecia a alma aquele calorzinho que saía da boca do forno! Pés descalços, uns panitos coçados a cobrir a pele, frio de rachar, num tiritar constante até ranger os dentes, que consolo aquelas chamas coloridas e mesmo o fumo que nos fazia chorar! E havia magia nesse fogo pascal: o negrume preto dos tijolos do forno tornava-se vermelho irradiante! Que maravilha! Abençoado fogo! 
Mas uma segunda bênção vinha até nós: os folares, o pão doce e os ovos. Víamos o suor cair do rosto de nossos pais e mães enquanto misturavam, amassavam, batiam, atiravam ao ar, e voltavam a amassar. Com que afã viviam estes momentos! E a Mãe benzia o pão ‘S. Vicente te acrescente…’ e traçava uma grande Cruz na massa que agora ficava a descansar para levedar, para crescer. E cobria-se com um pano sobre o mexão atravessado na masseira. Depois de cozidos, os folares eram uma bênção para as nossas bocas sedentas de pão e para nossos estômagos esquecidos de pão de trigo e doce. Então dos ovos a bênção era a dobrar: alimento de doentes e dias festivos; estes, cozidos e pintados na panela e recozidos no forno, são manjar de festim que sabe a outro Mundo! Abençoado folar! 
Por fim, tudo culminava com a bênção do Padrinho e com a bênção da Madrinha. ‘Bote-me a sua bênção’ era o pedido que se ouvia e sentia e repetia, agora dirigido a padrinhos e madrinhas. ‘Se não pedires a bênção, não tens folar!’ Mas chegado o dia de Páscoa, em casa dos padrinhos, os joelhos iam a terra e o ‘bote-me a sua bênção’ ouvia-se respeitosamente e era correspondido com o solene ‘Deus te abençoe!’. 

Pois que a todos nós, Deus nos abençoe! 

Manuel 

domingo, 24 de março de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 337



POSTAL DO PORTO – 202 



LÁZARO, RAMOS… NA PÁSCOA ESTAMOS 

Hesitei entre deixar umas palavras sobre S. José e o Pai; afinal vamos pelos ramos. 
Alguns provérbios, para abrir: 

- Depois de Ramos, na Páscoa estamos. 
- Os Ramos querem-se molhados. 
- Ramos molhados, anos melhorados. 
- Na semana de Ramos enxuga os teus panos, que na semana maior ou choverá ou fará sol. 
- Páscoa em Março, ou fome ou mortaço. 

E para terminar, este que não conhecia e ouvi no domingo passado da boca de uma transmontana, a Lúcia, esposa do senhor Américo: 

- Ana, Bagana, Rabeca, Fuzana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos. 

Nestes dias há uma azáfama de se lhe tirar o chapéu: preparar os ramos para entregar à madrinha e ao padrinho. 
Naqueles tempos não era assim, todos procuravam ajudar nos preparativos para a festa da Páscoa: carrear lenha para o forno, juntar e poupar os ovos e comprar a farinha e o açúcar, tudo para a fornada dos folares. Primeiro amassava-se e os mais pequenos davam colaboração preciosa chegando a água e, com o dedo, provando a massa! À hora prevista, acendia-se o lume no forno para o aquecer. Entretanto, estendia-se a massa na mesa e enformavam-se os folares que ainda cresciam! (E cá para nós, muitas moscas sacudiam as nossas Mães! Com a vontade que a canalha estava a provar a massa, se elas se distraíssem, não tinham massa para todos os folares!) 

Forno com os tijolos vermelhos, o pão levedado, feita a prova metendo o braço no forno, folares para dentro e porta na boca! E a espera, a mais longa das nossas vidas! Como gostávamos da primeira prova: às vezes até escaldava! Mas que sabor! E que cheirinho! 
Era então o fazer chegar o folar a casa dos afilhados que ansiosamente o esperavam para o confrontar com o dos amigos e companheiros: o que tivesse mais ovos era o campeão! 

Por aqui me fico que vou pelo alecrim para o Ramo! 

Manuel


quinta-feira, 21 de março de 2013

Maria João e Mário Laginha no Dia do Porto de Aveiro



O Dia do Porto de Aveiro, 3 de abril, vai ser comemorado por iniciativa da Comunidade Portuária de Aveiro, desta vez com música, a cargo de Maria João e Mário Laginha, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, pelas 21.30 horas. Assim vai ser recordada a abertura da Barra de Aveiro, que ocorreu em 3 de abril de 1808. 


quarta-feira, 20 de março de 2013

Condecorações Municipais - 2013


​O Executivo Municipal deliberou aprovar seis Condecorações Honoríficas, a entregar no Feriado Municipal de Ílhavo no próximo dia 01 de abril, das quais se dá nota sumária:

Medalha de Dedicação em Vermeill:

• António Cândido Pereira (pelo serviço prestado na CMI durante cerca de 31 anos, tendo desempenhando as funções de Técnico Administrativo e Técnico Superior, tendo exercido também as funções de Chefe de Divisão de Administração Geral e de Responsável pelos Serviços de Controle Interno);
• João José Pereira (pelo serviço prestado na CMI durante cerca de 25 anos, tendo assumido as funções de Motorista, nomeadamente de veículos pesados de transporte de passageiros).

Misericórdia de Ílhavo tem contas aprovadas

Ribau Esteves distinguido com título de Irmão Benfeitor


Provedor Fernando Maria


Na mais recente Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo foram aprovados os relatório e contas do ano de 2012 da instituição, onde se destaca o saldo positivo de 57 898,69 euros. Os custos com o pessoal (128 efetivos e 45 independentes) foram de 175 6 762,97 euros, o que corresponde a 53% das despesas totais. Para o Provedor, Fernando Maria, este resultado é animador, tendo lembrado que o objetivo da Santa Casa, não sendo o lucro, tem o dever de procurar o equilíbrio financeiro.
No decorrer da Assembleia Geral, receberam referências elogiosos os diversos setores da Santa Casa, nomeadamente, a Medicina Física, Reabilitação e de Imagiologia, o Apoio Domiciliário, as Creches e os Jardins-de-infância, o Rendimento Social de Inserção, Espaço Sénior, a revista “Comunicar”, o Orfeão e a Unidade de Cuidados Continuados, distinguindo-se os trabalhos desenvolvidos por todos os profissionais. Do mesmo modo se reconheceu a importância dos protocolos celebrados com a CMI, Centro Distrital da Segurança Social de Aveiro, o Por Centro, Administração Regional de Saúde, o Rotary Club de Ílhavo, Universidade de Aveiro, o Conselho Municipal de Educação e Fábrica Vista Alegre/Atlantis, entre outra entidades.
Por proposta do Provedor, ao presidente da CMI, Ribau Esteves, foi atribuído o título de Irmão Benfeitor. A entrega desta distinção decorrerá no dia 27 de abril, durante as cerimónias do 94.º aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Pessoal Civil da Aviação Naval de S. Jacinto

Pessoal civil da Aviação Naval


A imagem não é de qualidade. É antiga e mostra o pessoal civil da Aviação Naval de S. Jacinto. Estava numa gaveta, não perdida mas esquecida. Mostro-a na esperança de que alguém possa descobrir gente conhecida da nossa região. Seria muito interessante que alguns nos indicassem, para eventualmente os podermos recordar, os nomes destes homens... 

domingo, 17 de março de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 336


POSTAL DO PORTO – 201 



FUMO… FUMO BRANCO! 

Caríssima/o: 

“Onde há fumo, há fogo!” 

Assim dizia o nosso povo, e sabia do que falava. A fogueira era uma constante e dominava a vida das nossas aldeias, dos nossos lugares e cantos, marcando as relações de vizinhança. O lume tinha de estar sempre aceso e, para poupar nos amorfos, o brasido mantinha-se por baixo da cinza, na certeza que na manhã seguinte, afastada a cinza e com uma forte sopradela, o fumo subia nos ares saído da chaminé. Quando as brasas se tinham apagado, forte contrariedade, ia-se a casa da vizinha pedir umas brasas acesas para reacender a fogueira. Não vamos pelo ritual, que se iniciava pelas bicas e pela busca de gravetos que aguentassem a fogueira. Nossas Mães esfalfavam-se a procurar, machadar e transportar à cabeça, raízes e ramos de ‘stramagueiras e outros arbustos das motas da Junta. Como a fartura não era nenhuma, a maior parte das vezes, esta lenha ia para a fogueira sem estar seca; a fumaça era tão densa que não se via nada dentro da cozinha e os olhos choravam… Não havendo chouriços para o fumeiro, eram as panelas e as traves do telhado que ficavam com a ‘cura’… 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Escola de Educação Rodoviária comemora o 9.º Aniversário

EMER

Na próxima segunda-feira, 18 de março, a Escola Municipal de Educação Rodoviária (EMER) assinala o seu 9.º Aniversário, tendo a Câmara Municipal de Ílhavo preparado um conjunto de atividades, em torno da temática da Prevenção Rodoviária, para desenvolver ao longo das manhãs de toda a semana (de 18 a 22 de março), esperando-se a participação de cerca de 150 Crianças e Jovens do Município de Ílhavo e de outros Municípios da Região Centro. 
O programa contempla ateliês de artes plásticas, onde se construirá uma prenda para EMER, prenda essa que será a escultura de uma mota em tamanho real com material reciclado, com a colaboração de artesão da região. Haverá também demonstrações de BMX, presença de motociclistas e respetivas motas, nem como uma exposição de veículos caraterizados da Guarda Nacional Republicana e dos Bombeiros.

Fonte: CMI

terça-feira, 12 de março de 2013

Férias Divertidas - Páscoa 2013

A elevada adesão das Crianças ao Programa Municipal de Férias Divertidas – Páscoa 2013, para a semana de 18 a 22 de março, levou a Câmara Municipal de Ílhavo a reforçar a oferta, promovendo mais um programa na referida semana. Assim, este novo programa destinar-se-á às Crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos. A data limite de inscrição nas “Férias Divertidas” é o dia 15 de março.
Entretanto, ainda poderão ser feitas inscrições no programa previsto para a semana de 25 a 28 de março de 2013: “Férias Divertidas Náuticas”.

Fonte: CMI


Arte Xávega

A azáfama 


Ainda está na memória de muitos de nós a Arte  Xávega, com bois a puxar a rede com peixe fresco ou mesmo sem ele, que a sorte não era para todos os dias. Pois Ana Maria Lopes tem a sensibilidade para nos oferecer essas recordações, através do seu blogue Marintimidades, que sugiro aos apaixonados pelas coisas  da laguna... Atenção: a história vai continuar.

Ver aqui

domingo, 10 de março de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 335



POSTAL DO PORTO – 200 


BENTO XVI 


Caríssima/o

Quando estou a escrever ainda não há fumo branco, motivo por que intitulo desta maneira. Hesitei, pensei mesmo duas vezes, antes de me sentar para escrever sobre o Papa; contudo, li tantas e tais afirmações e opiniões que concluí que por mais abstrusas que fossem as minhas palavras não ficariam mal em semelhante contexto. Mas será que tenho algo para dizer que caiba no postal? 

Falando de papas, recuo logo a João XXI (1210-1277), o nosso Papa que, embora por pouco tempo mostrou o seu valor: eleito a 20 de setembro de 1276, morreu a 20 de Maio do ano seguinte. Como se costuma dizer, quem souber bem procurar mais algum (papa português) há-de achar. 

Depois enfileiram os que preenchem a minha memória, de Pio XII (1939-1958), passando por João XXIII (1958-1963), Paulo VI (1963-1978), João Paulo I (1978), João Paulo II (1978-2005), até Bento XVI (2005-2013). Sinceramente, foi a figura de João XXIII, o Bom Papa João, que me bateu à porta nos meus dezoito anos; mais tarde, no Ano Santo de 1975, em Roma, Paulo VI pontificava. Passado poucos anos, o sorriso do primeiro João Paulo derreteu muita presunção. De João Paulo II e Bento XVI está tudo dito; apesar disso, atrevo-me a repetir uma ideia ouvida ontem: «para fazer pão é preciso misturar a massa com o fermento e mexer e remexer… Depois a massa tem de repousar. Ora, João Paulo II mexeu-se e fez mexer; a seguir Bento XVI foi o tempo de descanso necessário para se obter bom pão… 

Deste último Papa destaco duas afirmações: 

“Acreditar não é mais do que, na escuridão do mundo, tocar a mão de Deus.” 

Concluindo: 

[Agora] sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra.” 

Manuel


sábado, 9 de março de 2013

Parlamento dos Jovens no Museu de Ílhavo


Segunda-feira, 11 de março

Museu de Ílhavo


O Museu Marítimo de Ílhavo acolhe na próxima segunda-feira, 11 de maço, entre as 9 e as 17.30h, a Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens do Distrito de Aveiro (ensino básico). 
Esta iniciativa, promovida pela Assembleia da República, irá contar com a participação dos jovens deputados oriundos das escolas do distrito de Aveiro, sendo que os seus objetivos estão centrados em torno da promoção da educação para a cidadania e da valorização do interesse dos jovens pelo debate de temas da atualidade. 
Nesta Sessão Parlamentar do Parlamento dos Jovens, os participantes terão a oportunidade de, na qualidade de deputados, debaterem e aprovarem o projeto de recomendação do círculo eleitoral de Aveiro e elegerem os seus representantes à Sessão Nacional, que irá ter lugar na Assembleia da República nos dias 6 e 7 de maio. 
A sessão de abertura decorrerá pelas 9.00h e contará com a presença do Deputado à Assembleia da Republica Raul Almeida e do Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo Ribau Esteves.

quarta-feira, 6 de março de 2013

ÍLHAVO: Concurso de Fotografia “Olhos sobre o Mar”

Boca da Barra

A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou as normas de participação no X Concurso de Fotografia “Olhos sobre o Mar”, procurando, por esta forma, contribuir para posicionar o município ilhavense num lugar  de  referência incontornável na temática do mar, também na área da fotografia. 
O Concurso é aberto a todos os fotógrafos profissionais ou amadores, com caráter nacional, tendo como tema “O Mar” em todas as suas vertentes. Dividido em duas secções (cor e preto e branco), cada participante pode apresentar até um máximo de três fotografias por secção. A data limite de receção das fotografias a concurso é 21 de junho de 2013. 
Para mais informações contactar o secretariado do concurso através do 234 329 600 ou geral@cm-ilhavo.pt .

A história do Palheiro de José Estêvão



Há personalidades que precisam e merecem ser lembradas para mantermos vivas as nossas memórias. José Estêvão é uma delas. Quem há na região aveirense, e não só, que ignore esta verdade?
Senos da Fonseca tem escrito muito sobre as nossa terras e nossas gentes. Reli hoje um texto que escreveu sobre o grande tribuno e seu conhecido palheiro da Costa Nova, que partilho aqui. Nele também evoca a famosa Joana Gramata, "a maluca", com arte e graça. Vale a pena ler...


Fonte: Senos da Fonseca

- Posted using BlogPress from my iPad

terça-feira, 5 de março de 2013

Homenagem ao Dr. Lourenço Simões Peixinho


70 Anos do Falecimento - 1943-2013




Como homenagem aos 70 Anos do Falecimento do Dr. Lourenço Simões Peixinho e às altas qualidades cívicas e morais deste incansável fomentador do progresso regional, protetor dos mais desvalidos, acérrimo propulsor do ensino primário, obreiro que, com dedicação e zelo, marcou de forma indelével o município, legando aos vindouros, património invejável como, a Avenida Central, o Mercado Manuel Firmino, o Jardim Público e a Municipalização da rede elétrica de iluminação pública, iremos rememorar a data 07 de Março de 1943, em atitude apologética, com o programa evocativo que segue abaixo:

Dia 9 de Março 2013
Local: Edifício sede da Assembleia Municipal de Aveiro, antiga Capitania do Porto de Aveiro
17h00 – Intervenção do Sr. Presidente da Câmara Municipal, Dr. Élio Maia
- Palestra de homenagem ao Dr. Lourenço Peixinho | Oradora: Mestre Rosa Maria Oliveira
- Inauguração da exposição: Dr. Lourenço Peixinho: Vida E Obra

Fonte: Museu da Cidade de Aveiro

Caminhar faz bem


Caminhar faz bem à saúde. Disso ninguém duvida, penso eu. Mas também sei que há muitos preguiçosos que preferem ficar aconchegados nos seus cantinhos. É certo que o frio não é convidativo, mas no dia 10 de março, com primavera à vista, talvez esteja um tempo apetecível. A caminhada proposta pela Câmara de Ílhavo é destinada às associações, que o mesmo é dizer das pessoas que, direta ou indiretamente, lhe estão ligadas. Então, boa caminhada, a partir do Jardim Oudinot, uma bonita sala de visitas do nosso concelho e aberta a toda a gente. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Lançamento à água do “Novos Mares”


19 de março de 1958 

"Novos Mares" 
(Foto do blogue Marintimidades)

«No dia de S. José — 19 de Março — foi lançado à água o lugre bacalhoeiro NOVOS MARES, da firma Testa & Cunhas, Limitada. 
Comemorando este acontecimento foi oferecido um lauto jantar no Salão do Cine-Teatro Avenida ao qual assistiram, além de muitas outras individualidades o Ministro da Marinha, Governador Civil do Distrito de Aveiro e Comandante Henrique Tenreiro. 
Na carreira de construção foi dada a bênção pelo sr. D. Domingos da Apresentação Fernandes, Vigário Capitular da Diocese que dirigiu algumas palavras, em nome da Igreja. 
O Eng. Sobral, em nome da Empresa Construtora, Estaleiros Mónica de Manuel Maria Mónica & Filhos, saudou os presentes e expôs a necessidade de construção de ferro naqueles estaleiros. 
Em nome da firma Testa & Cunhas, L.da falou o seu gerente António Cunha congratulando-se com todos e a todos agradecendo. 
O Governador Civil, de palavra sempre fluente, renovou o pedido de construção de ferro. 
Historiou a Empresa Testa & Cunhas o Comandante Henrique Tenreiro. 
Finalmente o Ministro de Marinha, Almirante Américo Tomás encerrou a cerimónia. 
NOVOS MARES, descolou da carreira, entre palmas da numerosa assistência, depois da Esposa do sr. Eng. Higino Queirós, madrinha do barco, ter quebrado a tradicional garrafa de champanhe. 
Vinte anos atrás, a mesma ilustre senhora, em cerimónia idêntica, apadrinhava o afundado NOVOS MARES, da mesma empresa, há pouco perdido nas águas geladas do Norte.» 

Transcrição do jornal TIMONEIRO, de março de 1958 

Nota: Nesta efeméride limitei-me tão-só a transcrever a notícia do acontecimento, tal como foi publicada no TIMONEIRO, com toda a simplicidade. Contudo, não deixei de ler outras notas interessantes, registadas no blogue Marintimidades, de Ana Maria Lopes, que participou na festa. Os mais curiosos podem consultá-lo. 

Legenda da foto: NOVOS MARES. Foto do blogue de Ana Maria Lopes

domingo, 3 de março de 2013

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 334

POSTAL DO PORTO – 199 




PROSTRADOS… LEMBRA A QUARESMA! 

Hora de ponta na cidade; sabeis como é: trânsito intenso, nervos à flor da pele, bichas, apitadelas, acelerações, travagens bruscas, e ainda muitas situações que na banda desenhada dão uma certa vida às quadrículas, mas que francamente me abstenho de transcrever em letra que gente possa ler. 
Qualquer um pode ser apanhado. Também nessa tarde esperei em casa que viessem pelas duas netas que nos fizeram companhia. Lição de música com hora marcada. Entraram no carro da mãe que ainda conseguiu fazer inversão de marcha, mas foi apanhada… Que arrelia! 

Pela minha parte tinha outro compromisso, adeus, e segui pelo passeio, observando (e ouvindo) reações de ar carrancudo. Mas na esquina da rua esticavam-se pescoços para a direita e ecoavam gargalhadas. Fiquei curioso! Não precisei de alterar o meu percurso e fui seguindo no meu ritmo que já não pode ser muito apressado. 
Se vos disser o que vi grande vai ser a vossa admiração, tal como a minha, com muitos pontos de exclamação!!! E o que vi?! Um homem deitado na estrada, atravessado! Um carro parado e o condutor fora, de braços abertos, de braços cruzados, gesticulando! Não ouvia as palavras, mas o «deitado» não se mexia… 

Então, sem mesmo fechar os olhos, eu já estava no passeio frente ao Zézé das Caldeiradas, pé descalço, calça arregaçada, a fazer arruaça com outros companheiros. Em tudo havia semelhança com o que se passava ali na rua Central de Francos, mas as diferenças eram muito significativas para mim: na rua José Estêvão (ainda não havia avenidas!) o homem que se deitava era nosso conhecido, o Pessa. E ele não se deitava… Quando o carro se aproximava, sempre a uma velocidade razoável, ele atirava-se (com toda a propriedade: projetava-se!) para a frente do carro… Chiadeira infernal dos pneus e, não poucas vezes, condutores furiosos que só não lhe esmurravam os fagotes porque alguém pulava e chamava à razão a fúria. Mas era cada calafrio! 

E aqui está como numa tarde de sol frio de fevereiro me transportei ao solo pátrio por uma razão não muito edificante. Já agora duas conclusões: 
O trânsito, passados três quartos de hora, normalizou. 
A segunda, mais do que conclusão, uma proposta: introduzir no nosso código da estrada o sinal que copiei da legislação dum país europeu que foi muito falado por causa da carne de cavalo. Assim os automobilistas não precisavam de se incomodar, apenas respeitar o código. 

Manuel 

Aos homens do mar

  Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida. Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré 1996 «Ó mar salgado, quanto do teu sal s...