POSTAL DO PORTO – 202
LÁZARO, RAMOS… NA PÁSCOA ESTAMOS
Hesitei entre deixar umas palavras sobre S. José e o Pai; afinal vamos pelos ramos.
Alguns provérbios, para abrir:
- Depois de Ramos, na Páscoa estamos.
- Os Ramos querem-se molhados.
- Ramos molhados, anos melhorados.
- Na semana de Ramos enxuga os teus panos, que na semana maior ou choverá ou fará sol.
- Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
E para terminar, este que não conhecia e ouvi no domingo passado da boca de uma transmontana, a Lúcia, esposa do senhor Américo:
- Ana, Bagana, Rabeca, Fuzana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.
Nestes dias há uma azáfama de se lhe tirar o chapéu: preparar os ramos para entregar à madrinha e ao padrinho.
Naqueles tempos não era assim, todos procuravam ajudar nos preparativos para a festa da Páscoa: carrear lenha para o forno, juntar e poupar os ovos e comprar a farinha e o açúcar, tudo para a fornada dos folares. Primeiro amassava-se e os mais pequenos davam colaboração preciosa chegando a água e, com o dedo, provando a massa! À hora prevista, acendia-se o lume no forno para o aquecer. Entretanto, estendia-se a massa na mesa e enformavam-se os folares que ainda cresciam! (E cá para nós, muitas moscas sacudiam as nossas Mães! Com a vontade que a canalha estava a provar a massa, se elas se distraíssem, não tinham massa para todos os folares!)
Forno com os tijolos vermelhos, o pão levedado, feita a prova metendo o braço no forno, folares para dentro e porta na boca! E a espera, a mais longa das nossas vidas! Como gostávamos da primeira prova: às vezes até escaldava! Mas que sabor! E que cheirinho!
Era então o fazer chegar o folar a casa dos afilhados que ansiosamente o esperavam para o confrontar com o dos amigos e companheiros: o que tivesse mais ovos era o campeão!
Por aqui me fico que vou pelo alecrim para o Ramo!
Manuel
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