Costa Nova antiga
«Com a manhã, que se adianta, as gotas de chuva embebem-se de outra luz esbranquiçada. Ganham os tons baços transparência e uma claridade difusa bóia no céu. Baba-se. A amplidão da água reflecte já outras tintas. A neblina a todo o momento desmaia e a casta planície vaporizada ilumina-se de uma luz cor de pérola que hesita em pousar: os verdes são mais claros, as árvores suspensas no ar e as casas construídas na água. Além, à esquerda, mostram-se os palheiros da Costa Nova — mas tudo ainda adormecido na terra, no silêncio e na água. Uma tainha salta…»
In »Os Pescadores»
1 comentário:
Gosto muito do texto (que desconhecia) do meu bisavô Luís de Magalhães, mas estes do Raúl Brandão são de facto extraordinários!
Já os conhecia, já li Os Pescadores. São textos apaixonantes e escritos por um apaixonado. E eu julgo ainda ter vivido um bocado o ambiente da ria que ele descreve na perfeição, as mesmas tremulações daquela luz "que atinge a beleza suprema" e aquele silêncio húmido, a qualidade especial que os sons obtêm sobre a superfície da ria. Fica-nos gravado na alma para sempre.
Gosto muito deste seu blog, e desta sua ideia de compilar textos sobre a ria. Parabéns!
A. Sottomayor
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