domingo, 18 de dezembro de 2016

Sport Club União Gafanhenses


Em 1947, o avô do Grupo Desportivo da Gafanha chamava-se Sport Club União Gafanhense. Posteriormente terá mudado de nome. Mais tarde veio o Grupo Desportivo da Gafanha.
Pessoa amiga, Margarida Bola, descobriu nos papéis que herdou algumas curiosidades, que publicarei num futuro próximo. Seu pai, João da Conceição Bola, sócio n.º 3 (na foto, à esquerda), e João Lé, irmão do Padre Lé (na foto à direita), eram dirigentes. E quem era os jogadores? Aqui deixo o desafio a todos. Quem poderá dar uma ajuda?

sábado, 19 de novembro de 2016

O Gafanhão e a Areia

Uma homenagem a todos os gafanhões
Texto de Joaquim Matias  
 "Arquivo do Distrito de Aveiro", 
n.º 36, 1943










sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Gafanha e a sua água taumaturga

Se fosse hoje, D. João gostaria desta água serena

«À Gafanha, a Verdemilho, a São Bernardo e à Presa eram os passeios que eu mais preferia nas minhas férias de professor de Coimbra.
Quem me levava sobretudo à Gafanha era a água que, taumaturga por excelência, com o seu contacto, com o seu murmúrio, com as suas frescas exalações, me aquietavam brandamente os nervos, mais ou menos fora do ritmo pela continuidade das excitações académicas; e para tal ela não precisava mais do que duma sessão: à primeira vez era logo.»

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Gafanha da Nazaré — Décima década

2000 – 2009


Jardim Oudinot
Santo André no Canal de Mira, no Oudinot

Entrámos na décima década de vida da freguesia e paróquia com a certeza de que o centenário teria de ser um acontecimento para ficar na memória do nosso povo. Cem anos não se celebram todos os dias e se olharmos para trás, para apreciar os caminhos andados, temos de reconhecer e admirar a luta constante e tenaz que foi necessária para alcançar o progresso, em vários setores, do material ao espiritual, numa perspetiva de contribuir de forma significativa para o bem-estar de todos os gafanhões, sejam eles de origem ou por opção pessoal.
Fixando os nossos olhares na idosa senhora que é a Gafanha da Nazaré, vemos, com ternura, quanto ela quer e tem rejuvenescido nas últimas décadas, com os pés bem assentes no trabalho exemplar que nos foi legado pelos nossos avós. 
Durante o Jubileu do ano 2000 há referências à construção da Tenda de Jacob, espaço de convívio e reflexão, na zona da Colónia Agrícola, e em novembro de 2007 são dadas por concluídas as obras em todo o recinto, agora denominado Centro de Recursos Mãe do Redentor.
Para preservar a memória dos seus princípios como freguesia e paróquia, foi inaugurada a Casa Gafanhoa, símbolo do viver de um agricultor rico, que merece novas estruturas de apoio, para dinamizar a divulgação do nosso artesanato e de sinais escritos e outros do nosso passado.
Sentimos, nesta década, que seria importante preparar-lhe uma boda festiva e condigna. Foi elevada à categoria de cidade, o bicentenário da abertura da Barra de Aveiro foi celebrado com pompa e circunstância e o Jardim Oudinot, ampliado e com adaptações aos novos ares, foi oferecido à nossa terra e arredores, como era de justiça, tornando-se numa sala de visitas da região, em especial, e do concelho de Ílhavo, em particular.
O velho e glorioso Santo André, um arrastão que chegou a ser campeão na pesca do bacalhau, foi salvo da sucata e transformado, com muita dignidade, em navio-museu, integrado no Museu Marítimo de Ílhavo, este último de projecção mundial.
A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora da Nazaré, foi profundamente melhorada, com bom gosto, apresentando-se agora muito mais funcional e disposta a acolher novas propostas pastorais para um futuro mais de acordo com a Boa Nova, com projetos de um futuro espiritual mais dinâmico e interventivo.
Em 8 de dezembro de 2006, D. António Francisco dos Santos, até então Bispo Auxiliar de Braga, foi nomeado pelo Santo Padre para Bispo de Aveiro.
Com a saída do Prior Fidalgo, assume o cargo de Administrador Paroquial o Padre Paulo Cruz, pároco da Costa Nova e da Praia da Barra, que contou com a colaboração no serviço paroquial do Padre Luís Filipe. Não foi, nem podia ser, um período de grandes alterações no quotidiano da paróquia, salvo uma ligação mais próximo que ambos conseguiram imprimir nos contactos com o povo. 
Entrou também na paróquia um novo Prior. É ele o Padre Francisco Melo, jovem e dinâmico sacerdote, que aposta em implementar uma pastoral de serviço a todos os gafanhões e a quantos optaram por residir nesta terra, com nova organização e com redobrada atenção à pastoral social. Paralelamente, é nomeado Prior da Gafanha da Encarnação, ao mesmo tempo que é responsável pela Vigararia da Pastoral Geral da Diocese de Aveiro.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Linguajar dos gafanhões

Para sorrir...

Em tempos que já lá vão, apresentaram-se duas comadres para baptizar uma criança, juntamente com a mãe, da mesma. O abade inquiriu: Então como se vai chamar a criança?
A 1.ª comadre respondeu: — Botelhana, Sr Prior! Botelhana!
A 2.ª comadre retorquiu: — Prantelhana, Sr Prior, Prantelhana!
Por fim, a mãe da criança também se pronunciou e anuiu: — Eu Cudcana.
Depois de ter ouvido as três versões, o padre ficou confuso e levou algum tempo até descobrir. Afinal, isto traduzia a maneira de falar das gentes da Gafanha, nos princípios do século passado e todas queriam dizer o mesmo.
Já naquela altura, como sempre, se aplicava à linguagem oral, a lei do menor esforço, pelo que, o povo despende a menor energia possível, para pronunciar as palavras (acto de fonação). Assim, o que as comadres queriam, realmente, dizer era o seguinte:
1.ª Comadre: — Bote-lhe Ana, Sr Prior! (botar – pôr, colocar)
2.ª Comadre — Prante-lhe Ana, Sr prior! (prantar – pôr, colocar)
Mãe — Eu cuido que Ana, Sr Prior! (cuidar – pensar, achar)
M.ª Donzília Almeida

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O gafanhão visto por Frederico de Moura

Frederico de Moura
Frederico de Moura, que foi médico em Vagos, escritor, político e homem da cultura, conhecedor profundo da alma e da determinação da nossa gente, em frases realistas, quais pedras preciosas buriladas, diz assim dos gafanhões:

«O gafanhão — ou o avô do gafanhão — quando se foi às lombas para as cultivar sabia que ia investir contra vidro moído totalmente carenciado de matéria orgânica que desse qualquer quentura ao berço de uma planta. Ele bem via a mica a faiscar-lhe no lombo e bem sentia o vento a transmutar-lhe, de momento a momento, o versátil.»

«Não se foi a ela com a esperança do filho que se achega ao colo maternal e ao seio opíparo que destila o leite da humana ternura. Nada disso! Ao invés, investiu com ela como enteado que não espera da madrasta a carícia rica de promessas, nem a generosidade que dá o pão milagroso…»

«Quem surriba chão de areia não encontra onde enterrar raízes de esperança e quem irriga duna virgem sabe que mija numa peneira! Quem lança a semente num ventre que é maninho não pode ter esperanças de fecundação. E, por isso, o gafanhão, antes de cultivar a lomba, teve de corrigir-lhe a esterilidade servindo-se da Ria que lhe passa à ilharga, procurando nela a nata com que amamentou a semente que deixou cair, amorosamente, naquele chão danado. E humanizou a duna.»

«… Homens da terra a pentear o leito da laguna para fertilizar as dunas — vidro moído ainda há poucos anos estéril, ainda há poucos anos maninha — terra que parecia gafada, a terra da Gafanha! Foi o moliço ou foi o suor humano que fecundou as areias picotadas de mica espelhante? Foi o lodo, a Ria ou a fadiga dos homens que realizou o milagre que, agora, reverdece sobre o nosso olhar, nos batatais viçosos (“negros de verde”, dizem os gafanhões) e nos feijoais delicados como placas de Jardim?»

 Em "Aveiro e o seu Distrito"

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

"ÍLHAVO - TERRA MILENAR"

Uma exposição 
com visita obrigatória

Fernando Caçoilo e Paulo Costa apostaram neste desafio

Moliço, laguna, indústrias, agricultura

Marca da Faina Maior

Padeiros, Sal, Moliço


Se o conhecimento não for partilhado 
não serve para nada

«Pode haver muito conhecimento, mas se não for partilhado pela comunidade, se ficar guardado na gaveta, não serve absolutamente para nada», disse o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Fernando Caçoilo, na inauguração da exposição “Ílhavo, Terra Milenar”, aberta ao público no dia 15 de outubro, no Centro Cultural de Ílhavo. Referiu que «o passado nos dá força e conhecimento para percebermos o que devemos fazer para o futuro das nossas gerações». 
A exposição, que ficará patente até 17 de abril de 2017, poderá vir a ser enriquecida pelo contributo dos munícipes, mas não só, graças ao desafio lançado a todos os presentes pelos autarcas e demais responsáveis da equipa que coordena o projeto — CIEMar-Ílhavo —, que abarca o estudo do passado até ao presente, rumo ao futuro, com mais de dois anos de pesquisas. Nas investigações, têm-se envolvido técnicos credenciados e voluntários com gosto pelo conhecimento da história de terras ilhavenses.
Paulo Costa, vereador da Cultura e dinamizador deste aliciante trabalho, que considera «ambicioso», frisa a importância de todos conhecermos melhor a nossa história «mais sistematizada». Adianta que nos próximos seis meses serão desenvolvidas diversas iniciativas, de forma regular, nomeadamente, conversas, colóquios e debates, dirigidas a vários públicos. 
Admite que a partir deste trabalho-base haverá investigações mais profundas, estando em preparação uma monografia do município «a várias mãos». Salienta que a história do povo «nunca está escrita» porque precisa constantemente de ser «reescrita». Nessa linha, Paulo Costa está certo de que esta exposição «deverá ser um incentivo para conversar e para discutir», no sentido de «conhecermos o passado para prepararmos o futuro». Garantiu, também, que o projeto “Ílhavo, Terra Milenar” vai chegar às escolas.
O visitante encontra no Centro Cultural uma mostra elucidativa e bem ordenada, com painéis que retratam o nosso passado milenar, onde sobressaem vestígios pré-históricos descobertos em Vale de Ílhavo e peças artísticas de pintura e escultura, diversos utensílios da agricultura, salicultura, cerâmica e pescas de antanho, mas também de indústrias locais.
Datas marcantes, cronologias bem alinhadas, evolução demográfica, arqueologia, elementos ambientais, hipóteses do surgimento do vocábulo Gafanha, criação das novas freguesias das Gafanhas por desmembramento de S. Salvador, referências à elevação de Ílhavo e Gafanha da Nazaré a cidades e da Gafanha da Encarnação a vila, entre muitos outros pormenores, podem ser apreciados na exposição.
Esta mostra insere-se nas comemorações dos 720 anos da municipalidade de Ílhavo, podendo ser visitada entre terça e sexta-feira, das 11 às 18h, e aos sábados, das 14 às 19h.

Fernando Martins

Nota: Texto escrito para publicação no jornal Timoneiro. 

sábado, 29 de outubro de 2016

Postal Ilustrado: Farol da Barra


Mesmo no Inverno, é sempre agradável passear por recantos bonitos, como este da Praia da Barra, onde o Farol, dos mais altos de Portugal, é o centro de muitas atenções.

NOTA:

1. Em 2005 (como o tempo passa!...) publiquei em dezembro esta fotografia com uma curta mensagem, decerto para chamar a atenção para este símbolo da nossa região. Repito a publicação,  hoje e aqui, no meu Galafanha, que na altura ainda não tinha visto a luz do dia;

2. Para conhecer as histórias dos Faróis Portugueses, clique aqui.


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Gafanha da Nazaré: Rua Camilo Castelo Branco

Homenagem merecida 
a um dos grandes escritores 
da Língua Portuguesa. 




Penso que não há nenhum português, minimamente letrado, que desconheça O Amor de Perdição, obra famosa de Camilo Castelo Branco.
Não consta que o escritor, falecido em 1890, com 65 anos de idade, alguma vez tenha passado por esta nossa terra, ainda longe de figurar no mapa de Portugal com o título de freguesia, o que só aconteceu, como os meus leitores sabem, em 1910. De qualquer forma, e porque é hábito no nosso País batizar as ruas com nomes de gente célebre, compreende-se, perfeitamente, a lembrança, para quem passa, de Camilo Castelo Branco.
Desde a minha juventude que me deixei seduzir pelas estórias, com enredos, ora simples ora complicados, que Camilo, possuidor de uma escrita bastante rica, soube retratar nos seus livros, reproduzindo cenas e vidas do quotidiano, felizes ou dramáticas, na verdadeira aceção das palavras.
De tal modo que, ainda hoje, me encanta a releitura de obras suas, pela boa disposição que criam em mim. Algumas com uma atualidade ajustada a todos os tempos, sobretudo quando descreve a figura de políticos que deixaram tristes seguidores. 
Amores e desamores, paixões e paixonetas, adultérios e dramas pungentes, santos e pecadores, de tudo um pouco nos fala Camilo em dezenas de livros, ou não vivesse ele do que publicava em tudo onde coubesse bom Português.
Camilo também protagonizou os seus dramas. Estudou, foi seminarista, valdevinos, conquistador, adúltero, polemista temido, visconde e escritor multifacetado: romancista, novelista, dramaturgo, poeta, cronista, etc.
Fugiu com uma senhora casada, Ana Plácido, atitude que o obrigou a esconder-se, andando com ela de terra em terra. Por fim, decerto cansado de viver em refúgios, cai na prisão da Relação, no Porto, onde terá delineado e escrito, em 15 dias, o célebre Amor de Perdição, baseado na vida de um apaixonado parente. Aí foi visitado pelo Rei D. Pedro V e se encontrou com o famoso Zé do Telhado, encontro esse que foi descrito em Memórias do Cárcere.
Em S. Miguel de Seide, onde viveu com Ana Plácido, um filho dela e dois filhos do casal (Jorge, doente mental, e Nuno, um irresponsável), começa a acentuar-se a perda de visão, recebe um oftalmologista de Aveiro, Dr. Edmundo Machado, que atendeu o pedido que o escritor lhe dirigiu, para que o fosse observar. Depois da consulta, Ana Plácido acompanhou o médico à porta. Camilo percebeu do oftalmologista a impossibilidade de cura para a sua cegueira. Pegou numa pistola e disparou um tiro na cabeça. Pouco passava das 15 horas do dia 1 de junho de 1890. Morreu às 17 horas desse mesmo dia.

Fernando Martins

NOTA: Faz hoje, 27 de outubro, sete anos que escrevi este texto. Encontrei-o por acaso e aqui o  edito, nas esperança de que alguns leitores  leiam ou voltem a ler Camilo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Av. José Estêvão em duas imagens

A mesma avenida em duas imagens
separadas por uns 65 anos


A mesma avenida, com uns 65 anos a separar as duas imagens. A de cima exibe o seu traçado retilíneo e quase sem casas a ladeá-la. A segunda, que me foi remetida há anos pelo Ângelo Ribau, mostra claramente uma zona urbana, onde o casario tem lugar de destaque. Quase nem distinguimos a avenida, hoje chamada José Estêvão. As fotos foram tiradas da torre da igreja matriz. Como a vida se desenvolveu e tudo se alterou!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Portas d' Água


Às vezes ouço cada disparate... Estando eu algures, à espera da minha vez, que não tardou, quando ouvi dizer que a Gafanha da Nazaré até tem um monumento romano. Falavam deste resto das Portas d`Água que se vê no Jardim Oudinot. Eu sei que as pessoas não são obrigadas a conhecer tudo, mas como seria isso possível, sendo a Gafanha da Nazaré tão recente? Além do mais, no tempo dos romanos, nem sequer existia este recanto.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Escolas da Gafanha da Nazaré



NOTA:

1. A propósito do meu post editado neste meu blogue sobre a Escola da Cambeia, conhecida na minha infância por Escola da Ti Zefa, proprietária do edifício que ainda hoje existe, publico aqui a lista das escolas que elaborei em 2010, onde fica claro o registo da homologação dos diversos edifícios escolares. Sobre a Escola da Marinha Velha, a cuja inauguração assisti, tinha eu 17 anos, confirmo a data de 1955. E recordo o discurso que  o Presidente da Junta, Manuel da Rocha Fernandes Júnior, então proferiu.  Apoiava-se ele num texto, julgo que do livro da segunda classe, em que uma menina, ao colo de um adulto, foi convidada a ler um edital que os presentes, analfabetos,  não saberiam decifrar. A família do Senhor Rocha, homem que muito estimei, não terá encontrado o referido discurso no seu espólio;
2. Os números do quadro são referentes a 2010.

O rei que abriu portas à criação da freguesia e paróquia

D. Manuel II 
D. Manuel II
O último Rei de Portugal, D. Manuel II, nunca esperou vir a sentar-se no trono do Reino. Tão-pouco havia sido preparado para tais funções. Era segundo filho e o trono, por herança dinástica, seria para seu irmão Luís Filipe.
Quis o destino que o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, de triste memória, o levasse a sentar-se na cadeira que tinha sido ocupada por seu pai, o Rei D. Carlos.
D. Manuel sobe ao trono com apenas 18 anos. Sem a preparação adequada, enfrentou imensos problemas, que ia ultrapassando com a ajuda de políticos que considerou capazes, mas que não estiveram à altura de impedir os avanços da República. E face aos conselhos que os mais próximos lhe dirigiam para que interviesse junto dos partidos, monárquicos e republicanos, de várias correntes, escreveu em Maio de 1909: «Querer que o rei intervenha nas lutas entre os políticos parece-me um erro. Muito interferiu meu pai, e bem triste fim teve», como escreveu Margarida Melo em “O Rei sem Trono”
Na visita que fez à região, em 1908, D. Manuel II passou pela Gafanha da Nazaré, visitou as obras da Barra e regressou a Aveiro, pela Ria. Numa sessão solene, na Câmara Municipal, condecorou um gafanhão, António Roque, que conduziu o barco em que viajou, com a «medalha de mérito, philantropia e generosidade».
Em 1910, no dia 23 de Junho, abre as portas legais para a criação da freguesia e paróquia, com decreto que terá sido o último que assinou para esse fim.
Pouco depois, aquando da implantação da República, em 5 de Outubro, segue para o exílio em Inglaterra. Respeitou quanto pôde e o deixaram o novo regime, nunca escondendo o seu amor à Pátria e aos portugueses. A República também o respeitou, atribuindo-lhe uma pensão para que pudesse viver com dignidade longe dos portugueses.
Com saudades da Pátria, morreu a 2 de Julho de 1932, vítima de um edema da glote.
A 2 de Agosto, o Governo de Salazar «toma a iniciativa da sua trasladação, decretando um funeral de Estado. O corpo do último rei de Portugal fica depositado em S. Vicente de Fora».

Fernando Martins

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Gafanha do Carmo é freguesia há 56 anos

Já era paróquia desde 1957


A Gafanha do Carmo tinha, na altura da criação da freguesia, 1155 habitantes e um grau de desenvolvimento comunitário de grande valia. O sentimento de independência, acicatado pela criação de paróquia em 1957, terá levado o povo a alimentar brios de se organizar para civilmente se desligar da tutela de São Salvador, Ílhavo. 
Na sequência desse propósito, o povo organizou e endossou as suas pretensões às autoridades competentes, como era de lei.
Obtidos os pareceres indispensáveis, o processo culminou com a publicação do Decreto-Lei n.º 43 165, com data de 17 de setembro de 1960 e assinado pelo Presidente da República, Américo de Deus Rodrigues Thomaz, pelo Chefe de Governo, António de Oliveira Salazar, e demais ministros. 
Diz o Decreto-Lei que se atendeu ao que «representou a maioria dos chefes de família eleitores do lugar de Gafanha do Carmo», tendo sido considerado que «a nova circunscrição, com cerca de 297 fogos e 1155 habitantes, já constitui paróquia religiosa, tem igreja e cemitério paroquial».

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

56.º Aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo



Padre João Gonçalves com D. António Moiteiro
Padre João com Inês Leitão, autora do livro "O Padre das Prisões"
A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da Gafanha do Carmo assinalam, no próximo dia 17 de setembro, sábado, o 56.º Aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo, numa Sessão Comemorativa, com o seguinte programa:

16h30 Concentração e visita à obra da Casa Mortuária da Gafanha do Carmo
17h00 Apresentação do documentário e do livro “O Padre das Prisões” do Padre João Gonçalves, no Centro Cultural da Gafanha do Carmo
Neste dia de aniversário, a Câmara Municipal de Ílhavo convida toda a população participar nesta sessão comemorativa, felicitando muito em especial aqueles que nasceram e habitam na Gafanha do Carmo.
 
Nota: Texto da CMI

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A barrilha e a Vista Alegre



Um dia destes estava distraído a pensar nem sei o quê. De repente, os meus olhos pousaram na lombada de um livro de José Hermano Saraiva — Itinerário Português – o Tempo e a Alma —, que havia lido há bastante tempo. Dele guardara uma ou outra referência à nossa região. E abri a página 134, onde pontificava um título que nos diz muito: Vista Alegre — Homenagem à porcelana.
A dado passo diz assim:

«A localização da fábrica na região de Aveiro não foi mero acaso. Aveiro tinha tradição cerâmica; nos barreiros da ria tinham aparecido vestígios de caulino; na Gafanha criava-se uma erva, a barrilha, que, calcinada, era usada no fabrico de vidros e cristais.»

Confesso que nunca ouvira falar de tal erva. Mas se ele diz…
Fui ao dicionário e lá estava: 

«Barrilha (botânica), designação comum a plantas do género Salsola e Halogeton, da subfamília das quenopodiáceas, cujas cinzas são especialmente ricas em carbonato de sódio»

A flor ou fruto dessa planta, suponho,  trouxe-me à ideia os chuchus ou coisa parecida, os quais segregavam um líquido que gostávamos de saborear... Seria a tal barrilha?
Os botânicos que nos expliquem, por favor.

Gafanha antiga para os mais idosos




Estas duas fotos da nossa igreja matriz e arredores são especialmente dedicadas aos mais idosos, para os ajudar a reavivar a memória. Os mais novos não terão, eventualmente, grande interesse, ou talvez tenham para poderem ver a evolução que entretanto se operou o na nossa terra.  Como recordo tudo isto!

Gafanha da Nazaré: Da torre da igreja para sul

Cemitério 
Cemitério

Uns 70 anos separam estas duas fotografias. Oferta do Ângelo Ribau, um apaixonado pela fotografia.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Gafanha Antiga: Da torre da igreja para norte



Encontrei esta foto num dos meus blogues, quando procurava outras. Partilho-a na esperança de que alguém possa identificar alguns pormenores. Eu dou uma ajuda: Lá está o antigo mercado, a escola da Cambeia, situada, curiosamente, no Bebedouro, terrenos onde, entretanto, plantaram casas, e mais não digo...

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Gafanha da Nazaré: Algumas datas para esclarecer



1. A ereção canónica da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré aconteceu em 31 de agosto de 1910 por decreto do Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, a cuja diocese pertencíamos.  Só em 11 de dezembro de 1938, com a restaurada Diocese de Aveiro, é que deixámos a diocese coimbrã.

2. No dia 27 de outubro de 1910, verificou-se a instalação e primeira sessão da Comissão Paroquial da freguesia da Gafanha, concelho de Ílhavo, que ficou assim constituída:
Presidente: José Ferreira de Oliveira
Tesoureiro: António Teixeira
Secretário: Manuel Nunes Ribau
Vogais: Jacinto Teixeira Novo, José Maria Fidalgo e Manuel Ribau Novo.
O tesoureiro não assinou a ata por ter faltado à sessão. Veio a falecer algum tempo depois.

3. A instalação da Primeira Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré teve lugar a 2 de janeiro de 1914. Ficou assim constituída:
José Ferreira de Oliveira
João Sardo Novo
José Maria Fidalgo
Manuel Ribau Novo
José da Silva Mariano
Manuel José Francisco da Rocha
Manuel Conde
Secretariou Alberto Ferreira Martins
Na mesma sessão, os presentes elegeram por unanimidade, José da Silva Mariano como presidente, João Sardo Novo como tesoureiro e Alberto Ferreira Martins como secretário. Posteriormente, a nova junta nomeou para vice-presidente Manuel José Francisco da Rocha.

domingo, 21 de agosto de 2016

Bispo que criou a nossa paróquia


 D. Manuel Correia de Bastos Pina

Anda, ao que julgo, muito esquecido entre nós o Bispo que decretou a ereção canónica da nossa paróquia em 31 de agosto de 1910. Trata-se de D. Manuel Correia de Bastos Pina, Bispo-conde de Coimbra, natural da Carregosa, concelho de Oliveira de Azeméis, onde nasceu em 19 de novembro de 1830.
Na altura, a Diocese de Aveiro ainda não havia sido restaurada, pelo que pertencíamos à Diocese de Coimbra. E só em 1938, no dia 11 de dezembro, com a restauração da Diocese de Aveiro, é que deixámos de pertencer à Igreja Conimbricense.
O Bispo-conde de Coimbra tinha uma natural simpatia por Aveiro. Estudou em Ílhavo e mais tarde acompanhou o percurso de D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, com manifestações de estima e proximidade, dele tendo dito D. João que «era uma figura poderosa de bispo, cheio de prestígio e vida», conforme li no livro “Lima Vidal no seu tempo”, de João Gonçalves Gaspar (I Vol., pág.104).
Segundo A. Jesus Ramos, autor da biografia do Bispo-conde de Coimbra, intitulada “O Bispo de Coimbra D. Manuel Correia de Bastos Pina”, o biografado foi «uma das figuras mais marcantes da Igreja em Portugal na segunda metade do século XIX e inícios do século XX». D. Manuel faleceu em 19 de novembro de 1913.
Noutra passagem do livro de João Gonçalves Gaspar lê-se que «Muitas vezes esteve em Aveiro o bispo-conde e até se dirigiu aos arciprestes, párocos e clérigos dos concelhos de Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira, escrevendo-lhes uma carta pastoral sobre a Ria que tem a data de 30 de janeiro de 1891». Acrescenta, ainda, que «também pôs à disposição do arcipreste de Aveiro a quantia de duzentos mil réis para ajudar os pescadores mais necessitados a fazerem a substituição das redes de pesca, em obediência aos regulamentos oficiais».
Não consta que tenha visitado a Gafanha, mas esteve em Ílhavo.

Fernando Martins

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Gafanha do Carmo — Parque das Merendas


O Parque das Merendas da Gafanha do Carmo julgo que está devidamente preparado para receber quem aprecia, em tempo de verão, a sombra fresca do arvoredo enriquecida pela cobertura de palha. A merenda será fácil e as bebidas  também têm de marcar presença para refrescar corpos e ideias. Aproveitem porque daqui a uns tempos vai-se o sol e volta o frio tão desagradável.

Parque Desportivo da Gafanha da Encarnação

 


 
«Estão a ser ampliados os balneários e está a ser preparado o terreno para a aplicação do relvado sintético. Estas intervenções visam dotar o Parque Desportivo de melhores condições para a prática desportiva de forma a incentivar o desporto e o estilo de vida saudável.
A ampliação dos balneários representa um investimento da Junta de Freguesia para que os utilizadores tenham condições dignas de higiene após a prática desportiva.
A aplicação do relvado sintético, responsabilidade da CMI, visa permitir a prática desportiva segundo os padrões mais atuais.
Estes investimentos, realizados em estreita ligação com o NEGE, decorrem do Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo assinado entre a Câmara Municipal de Ílhavo, o NEGE – Novo Estrela da Gafanha da Encarnação e a Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação.»

Li aqui

Gafanha da Nazaré — Nona Década

1990 - 1999
Centro Cultural
Inauguração do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré
Silva Peixe
Humberto Rocha, primeiro gafanhão na presidência da CMI
Nossa Senhora da Nazaré
Fundação Prior Sardo

Prior Sardo
Alexandrina Cordeiro
Não podemos ficar indiferentes ao que continuamente se tem feito e continua a fazer na nossa freguesia e paróquia. Perfeitamente integrada na comunidade diocesana e regional de que faz parte, a Gafanha da Nazaré jamais foi terra indiferente aos ventos de mudança e do progresso.
O Congresso dos Leigos e o Sínodo Diocesano foram processos dinâmicos e renovadores da nossa maneira de ser e de estar na sociedade envolvente.
 Em Maio de 1990 morre o poeta popular Silva Peixe, natural de Ílhavo, conhecido por Poeta-Marinheiro. Cantou a Gafanha diversas vezes, ou não fosse ele um ilhavense atento às nossas terras e gentes.

Gafanha — Terra de Fé

Gafanha, terra de Fé,
És bem bonita, confesso,
— Um vergel da Nazaré —
Sempre em constante progresso!

O teu porto sobranceiro,
Que te dá tanto valor,
Leva a cidade d’Aveiro
A criar-te um grande amor!

Tens estaleiros navais,
E o Vouga passa-te aos pés.
Há sempre barcos nos cais,
És linda de lés a lés!

As tuas cores garridas
Encantam e não me esquecem,
Andam paisagens perdidas,
Pintores não aparecem!

COLUMBANOS E MALHOAS
Deixai o eterno sono,
Vinde pintar coisas boas,
BELEZAS QUE NÃO TÊM DONO!

Silva Peixe

Com novo prior, o Padre José Fidalgo, desde 17 de Dezembro de 1989, novas ideias emergem e novos desafios se impõem. O Centro Social Paroquial, inicialmente vocacionado para o apoio à Terceira Idade, é inaugurado a 4 de Maio de 1991.
Neste mesmo ano, surge na Praia da Barra uma associação vocacionada para defender, sob o ponto de vista cívico, os interesses e anseios daquela estância balnear — Associação dos Amigos da Praia da Barra.
A Fundação Prior Sardo inicia intervenção social de resposta às mais diversas carências das famílias e pessoas.
No ano seguinte, em 31 de Agosto, data da criação da paróquia, é inaugurada no jardim com aquele nome a estátua do Prior Sardo, na presença do Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, do governador civil, Gilberto Madail, demais autoridades e várias centenas de pessoas. Descerrou a estátua, a convite de Gilberto Madail, a primeira batizada na Gafanha da Nazaré, pelo Prior Sardo, Alexandrina Cordeiro.
Em 1993, pela primeira vez na história do Município de Ílhavo, é eleito um gafanhão, Humberto Rocha, para a presidência da Câmara Municipal.
Em 1994, no adro da igreja matriz, é inaugurada uma estátua de Nossa Senhora da Nazaré, para assinalar o Ano Internacional da Família.
O Centro Cultural da Gafanha da Nazaré foi inaugurado em 1996, abrindo as portas às mais diversas expressões culturais da nossa terra e região, promovendo iniciativas destinadas aos mais variados quadrantes, desde a infância à terceira idade, desde a juventude à gente adulta, para todos os gostos e sensibilidades.
Pólo da Biblioteca Municipal, sala de exposições, anfiteatros para espetáculos e conferências e Fórum da Juventude com Internet integram o Centro Cultural.
Depressa, porém, se concluiu que apresentava lacunas e que urgia proceder a uma profunda remodelação. É o que acontecerá na próxima década.
Ainda nesta década foi constituída a Associação Náutica e Recreativa da Gafanha da Nazaré.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Gafanha da Nazaré — Oitava Década

1980 – 1989
Igreja da Cale da Vila
Igreja da Chave
Filarmónica Gafanhense
Grupo Etnográfico
Rádio Terra Nova
Stella Maris
A oitava década ofereceu um conjunto relevante de projetos que representaram uma mais-valia para o desenvolvimento da comunidade e para o bem-estar do nosso povo.
A inauguração da igreja da Chave, em 8 de dezembro de 1980, simboliza a força de vontade daquele lugar da freguesia e a necessidade de o povo se reunir, para a oração, com mais familiaridade. O mesmo aconteceu na Cale da Vila, cuja igreja foi aberta ao público em 3 de julho de 1983.
Entra um novo prior, foi fundado o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, inicia-se a construção do Lar de Nossa Senhora da Nazaré, a Filarmónica Ilhavense transfere-se de armas e bagagens para a nossa freguesia, assumindo o nome de Filarmónica Gafanhense, e é fundada a Escola de Música Gafanhense.
Em 1982 a paróquia recebeu a visita pastoral do nosso Bispo, D. Manuel de Almeida Trindade, na qual também participou D. António Marcelino, seu bispo coadjutor.
Em 1983, por exigências legais, a Cooperativa Elétrica da Gafanha da Nazaré dá lugar à Cooperativa Cultural da Gafanha da Nazaré.
A freguesia e paróquia celebram Bodas de Diamante, a Rádio Terra Nova é oficializada e leva alto e longe a importância do concelho de Ílhavo. São ordenados, pela primeira vez na Diocese de Aveiro, Diáconos Permanentes para o serviço da Igreja, três dos quais são da nossa paróquia.
Os semáforos entraram em funcionamento, pela primeira vez na nossa terra, a título experimental, no cruzamento da Av. Central (atual José Estêvão) com a Av. Bacalhoeiros, em princípios de 1984. Em abril do mesmo ano foram instalados junto à igreja matriz. 
Em 10 de novembro de 1985, as novas instalações do Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar, foram inauguradas por D. Manuel de Almeida Trindade. Esta primeira fase, que importou em 13 mil contos, passou a oferecer sala de refeições, bar, cozinha, escritório, receção, armazém, 15 quartos com casas de banho e um salão para reuniões.
Houve um subsídio, em 1982, do secretário de Estado dos Assuntos Sociais, Bagão Félix, e apoios das Câmaras Municipais de Aveiro e Ílhavo.
Nesta altura, a direção era constituída por Carlos Sarabando Bola (presidente), Padre Rubens Severino (1.º vice-presidente), Fernando Ribau (2.º vice-presidente), Olinto da Cruz Ravara (1.º secretário), António Manuel de Oliveira Fernandes (2.º secretário), Alberto Almeida Monteiro (1-º tesoureiro) e João Saraiva Sardo (2.º tesoureiro). O assistente religioso era o Padre Messias da Rocha Hipólito.
O progresso social, cultural e económico, em crescendo desde o povoamento destas dunas, tornou-se mais notório.