quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Gafanha da Nazaré: Os primeiros tempos da freguesia e paróquia

A igreja da primeira década


A freguesia da Gafanha da Nazaré é criada numa época marcada por algumas transformações importantes, tanto para o País como para a Igreja Católica. Os moradores, povo crente, sabem escudar-se na Igreja e nas suas organizações para cimentar novas raízes neste espaço de areias soltas e movediças, onde levantam modestas habitações.
Como desde os primeiros tempos da sua fixação, nesta zona de ria e mar, a construção das habitações convoca a troca de saberes e a ajuda mútua. Desde o fabrico dos adobes, nas dunas, terra de ninguém e de um ou outro proprietário, junto à actual Mata da Gafanha, até ao levantar da casa em terreno oferecido pelos pais dos nubentes.

Erguidas as paredes, apenas deixam mais ou menos concluídos a cozinha e um quarto. Tudo o mais fica para mais tarde, quando houver poupanças ou heranças. Quarto de banho não existe, mas não faltam os currais para o gado e para a criação.
A agricultura em terrenos dos pais ou arrendados é a base da subsistência. Outros “andam de fora” como jornaleiros e seareiros, expressão usada nos registos de casamento, baptizado ou óbito.
Depois a pesca, as obras da barra, estaleiros, as secas e demais empresas ligadas às indústrias e comércio. Há conhecimento de que gafanhões emigram para os Estados Unidos e para o Brasil.
Em 5 de Outubro de 1910 é implantada a República em Portugal, gerando um ambiente de crispação entre os defensores do antigo regime e do novo, como é natural. Imbuída do espírito anticlerical, até parece que a Igreja Católica e os seus seguidores são inimigos a abater, acusados de serem a razão do atraso em que vivíamos. Aliás. Antero do Quental, numa “Conferência do Casino”, em 27 de Maio de 1871, atribui ao catolicismo «as causas da decadência dos povos peninsulares».
Com a lei da separação de 20 de Abril de 1911, há a nacionalização dos bens da Igreja, a abolição do ensino religioso nas escolas e a perseguição ao clero, em especial aos jesuítas e a quantos se mostrem discordantes das ideias republicanas no poder. De positivo, salientamos a separação da Igreja e do Estado, pondo fim a séculos de convivência, nem sempre pacífica.
Decreta-se a lei do divórcio e tratamento igual para todas as religiões, terminando a ligação umbilical entre o Estado e a Igreja Católica.

De "Gafanha da Nazaré: 100 anos de vida"

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