Manuel Caçoilo da Rocha
Manuel Caçoilo da Rocha e a festa dos Reis
Pouco se sabe das festas de Natal e Reis, que hoje suscitam tantas vivências entre nós. Curiosamente, ou talvez não, o Padre Resende nada diz sobre o Cortejo dos Reis. Mas a tradição garante que os cortejos fazem parte da nossa maneira de viver esta quadra tão significativa.
Leopoldo Oliveira, 83 anos, genro de Manuel Caçoilo da Rocha, um abastado e influente comerciante da nossa terra, com estabelecimento perto da igreja onde se vendia de tudo, conta-nos o envolvimento da família na festa dos Reis.
Depois de reforçar a ideia de que não havia efectivamente cortejo no verdadeiro sentido da palavra, refere que foi o sogro o dinamizador daquilo que hoje temos a nível dos Reis.
A partir da obra “Mártir do Gólgota” de Perez Escrich, Manuel Caçoilo da Rocha seleccionou as cenas que considerava fundamentais e ensaiou os primeiros autos em sua casa, envolvendo a família.
O primeiro “anjo” da cena que se apresenta no início do cortejo, em Remelha, foi sua filha Aurélia, de 6 anos, em 1923 ou 1924. Os trajes a condizer com as figuras a apresentar foram confeccionados pela esposa e filhas. Posteriormente, esses trajes passaram a ser utilizados, por aluguer, em data que não é possível precisar. Ainda hoje, os filhos de Leopoldo Oliveira sabem de cor os diversos papéis, participando, normalmente, no Cortejo.
Os trajes passaram a ser alugados a partir daí e por muitos anos para os cortejos das Gafanhas da Encarnação e Carmo e até para outras localidades. A família ainda preparava e alugava as roupas para os “anjinhos” das procissões e para as “primeiras comunhões”.
Leopoldo Oliveira regista que algumas músicas foram feitas e ensaiadas pelo Mestre Rocha, e que sua esposa e cunhadas, as chamadas Caçoilas, cantavam, como sempre cantaram também, nas missas solenes e noutras, ensaiadas pelo referido Mestre, com acompanhamento ao órgão do Padre Redondo.
Manuel Caçoilo da Rocha faleceu em 23 de Novembro de 1945, com 58 anos de idade.
Fernando Martins
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