Já há muito tempo que o pronto a vestir se impôs na nossa sociedade e em muitas outras, conforme podemos confirmar nas reportagens que nos chegam de todo o mundo. Na minha meninice e juventude, porém, não era assim. As roupas de cama e de vestir, do dia a dia, de trabalho e de festa, eram confecionadas pelas e costureiras e pelas modistas. Estas últimas, costureiras mais finas, mais habilidosas e mais conhecedoras das modas que se iam impondo, tinham os seus ateliês e empregadas.
Muitas costureiras de há 60 anos andavam de casa em casa, ficando em cada uma o tempo combinado para fazer roupa nova, alterar o que pudesse ser alterado e remendar o que ainda pudesse servir. As roupas dos mais velhos eram adaptadas para os mais novos.
Os alfaiates não saíam de suas casas. Eram, na altura e até muito recente, os mestres, que desenhavam os fatos por medida. Cortavam as diferentes peças do casaco e faziam uma primeira prova no corpo de cliente, prendendo-as com alinhavos e alfinetes. Outras provas se seguiam até o trabalho ficar obra bem feita. Botões e outros pormenores ficavam para o final. De vez em quando havia complicações, com os botões deslocados em relação às casas, como aconteceu comigo no dia do meu casamento. Mas isso é outra história que fica para outro dia.
Ainda sobre as costureiras que andavam de casa e casa, é preciso dizer que a máquina de costura, de marca Singer, era transportada à cabeça (a mesa) ou num carro de mão pela pessoa que contratava a costureira. Esta levava, como coisa preciosa, a cabeça da máquina ao colo, bem segura com as duas mãos.
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