terça-feira, 5 de outubro de 2010

Efeméride: 5 de Outubro de 1910

Será que os gafanhões estiveram a par
do que se passou em Lisboa nessa data?


Em 5 de Outubro de 1910 é implantada a República em Portugal, gerando um ambiente de crispação entre os defensores do antigo regime e do novo, como é natural. Imbuída do espírito anticlerical, até parece que a Igreja Católica e os seus seguidores são inimigos a abater, acusados de serem a razão do atraso em que vivíamos. Aliás. Antero do Quental, numa “Conferência do Casino”, em 27 de Maio de 1871, atribui ao catolicismo «as causas da decadência dos povos peninsulares».
Com a lei da separação de 20 de Abril de 1011, há a nacionalização dos bens da Igreja, a abolição do ensino religioso nas escolas e a perseguição ao clero, em especial aos jesuítas e a quantos se mostrem discordantes das ideias republicanas no poder. De positivo, salientamos a separação da Igreja e do Estado, pondo fim a séculos de convivência, nem sempre pacífica.
Decreta-se a lei do divórcio e tratamento igual para todas as religiões, terminando a ligação umbilical entre o Estado e a Igreja Católica.
Nas capitais de Distrito e nos grandes centros não faltam, todavia, manifestações de regozijo pela mudança do regime em 5 de Outubro. Os jornais dão conta desses movimentos, apesar de alguma indiferença por parte dos povos simples, como são os nossos antepassados, tanto mais que os contactos com as zonas urbanas de Aveiro, Ílhavo e Vagos estão muito limitados, por carência de acessos fáceis.
“O Século” e o “Diário de Notícias”, de âmbito nacional, bem como periódicos regionais e locais, referem, com destaque, o modo festivo como Aveiro e Ílhavo recebem a revolução de 5 de Outubro. Diz “O Século” de 10-X-1911: «O povo [de Ílhavo] estava na maior anciedade por falta de notícias, quando chegou de Aveiro o administrador do concelho, participando que a Republica estava proclamada. N’essa occasião, o sr. Eduardo Craveiro soltou um estridente viva à Republica…»

In “Gafanha da Nazaré — 100 anos de vida”

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