D. Manuel II
O último Rei de Portugal, D. Manuel II, nunca esperou vir a sentar-se no trono do Reino. Tão-pouco havia sido preparado para tais funções. Era segundo filho e o trono, por herança dinástica, seria para seu irmão Luís Filipe.
Quis o destino, como diz o povo, que o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, de triste memória para quem acredita que os problemas dos povos como dos países não têm que ser resolvidos pela força das armas, de forma traiçoeira, o levasse a sentar-se na cadeira que tinha sido ocupada por seu pai, o Rei D. Carlos.
D. Manuel sobe ao trono com apenas 18 anos. Sem a preparação adequada, enfrentou imensos problemas, que ia ultrapassando com a ajuda de políticos que considerou capazes, mas que não estiveram à altura de impedir os avanços da República. E face aos conselhos que os mais próximos lhe dirigiam para que interviesse junto dos partidos, monárquicos e republicanos, de várias correntes, escreveu em Maio de 1909: «Querer que o rei intervenha nas lutas entre os políticos parece-me um erro. Muito interferiu meu pai, e bem triste fim teve.»14
Na visita que fez a Aveiro, em 1908, foi recebido com pompa e circunstância, colhendo aplausos das forças vivas e do povo em geral. Políticos republicanos, no entanto, não estiveram com meias-medidas e puseram de lado a arte de bem receber. Intitularam, no jornal “O Democrata”, a visita do Rei como “A real bambochata”.
D. Manuel II passou pela Gafanha da Nazaré, visitou as obras da Barra e regressou a Aveiro, pela Ria. Numa sessão solene, na Câmara Municipal, condecorou um gafanhão, António Roque, que conduziu o barco em que viajou, com a «medalha de mérito, philantropia e generosidade» (DMIIA)
Em 1910, no dia 23 de Junho, abre as portas legais para a criação da freguesia e paróquia, com decreto que terá sido o último que assinou para esse fim.
Pouco depois, aquando da implantação da República, em 5 de Outubro, segue para o exílio em Inglaterra. Respeitou quanto pôde e o deixaram o novo regime, nunca escondeu o seu amor à Pátria e aos portugueses. A República também o respeitou, atribuindo-lhe uma pensão para que pudesse viver com dignidade longe dos portugueses.
Com saudades da Pátria, morre a 2 de Julho de 1932, vítima de um edema da glote.
A 2 de Agosto, o Governo de Salazar «toma a iniciativa da sua trasladação, decretando um funeral de Estado. O corpo do último rei de Portugal fica depositado em S. Vicente de Fora» (SXX)
Fernando Martins
14. D. Manuel II, “O Rei sem Trono”, Margarida Melo, Século XX, PÚBLICO.
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