Ponte da Gafanha da Nazaré (Clicar na foto para ampliar)
De acordo com várias fontes, a região das Gafanhas começou a ser habitada por modestos agricultores no século XVII, havendo registo de um baptizado, em 1686, como sinal de que as pessoas começaram, antes dessa data, a viver nestes areais.
Em 1758 era já uma povoação com 14 vizinhos ou fogos e 140 pessoas de sacramento, como se lê em carta de Joaquim da Silveira, publicada, em nota de rodapé, na Monografia da Gafanha, do Padre João Vieira Rezende.
Os primeiros habitantes eram gente pobre, oriunda dos concelhos de Vagos e Mira, que buscou terras para cultivar. Com esforço sobre-humano, os gafanhões conseguiram transformar dunas estéreis em terra produtiva, aproveitando os moliços que as marés depositavam na borda-d’água. Não eram pessoas que se aventurassem na ria ou no mar, mas cedo descobriram a riqueza que deles podiam extrair.
A certeza de que os primeiros habitantes vieram dos concelhos de Vagos e Mira está bem patente nos apelidos que perduram nos dias de hoje: Domingos da Graça, Vechinas, Rochas, Ritos, Covas, Merendeiros, Caçoilos, Sarabandos, Esgueirões, Maguetas, Estanqueiros, Apolinários, Carapelhos, Frescos, Patas, Costas e Creoulos, entre outros.
Toda a Gafanha começou por pertencer ao Concelho de Vagos, assim permanecendo até Março de 1835, altura em que passa a depender religiosamente de Ílhavo. Nessa mesma data, é desanexada civilmente de Vagos e passa a integrar a freguesia de Ílhavo. Porém, só o decreto de 24 de Outubro de 1855 veio definir as fronteiras entre Vagos e Ílhavo.
Em 19 de Setembro de 1856 o movimento paroquial de Ílhavo considera a Gafanha como povoação em crescente desenvolvimento, quer sob o ponto de vista demográfico, quer agrícola, sendo os seus produtos, especialmente a batata, preferidos nos mercados de Aveiro e Ílhavo, conforme lembra Leite de Vasconcelos, na Etnografia Portuguesa.
Em Agosto de 1910, por decretos de D. Manuel II e do Bisco-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, é criada a freguesia da Gafanha da Nazaré, sendo seu primeiro Prior o Padre João Ferreira Sardo, também o primeiro gafanhão a concluir um curso superior. E a igreja matriz, uma humilde capelinha situada na Chave, deu lugar à actual igreja, construída no centro geográfico da freguesia e inaugurada em 1912.
O seu desenvolvimento sempre crescente, graças decerto à abertura da Barra de Aveiro, em 3 de Abril de 1808, e à implantação dos portos de Pesca Costeira e Longínqua, Comercial e Industrial, viabilizou a elevação a vila em 1969 e a cidade em 2001, tendo em consideração a importância económica e social da Gafanha da Nazaré, no contexto regional.
Podemos sintetizar, dizendo que a Gafanha da Nazaré deve o seu incremento ao esforço dos gafanhões e a todos os que, através dos tempos, na freguesia se instalaram. Agricultura, Obras da Barra, Estaleiros, Oficinas, Empresas de Pesca, Salinas, Obras Públicas, Construção Civil e toda uma panóplia de pequenas indústrias, comércio e serviços atraíram gentes de mais mil povoações, do país e do estrangeiro.
Fernando Martins
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