Diz o Padre Rezende, na sua Monografia da Gafanha:
(…) “Esta tradição diz-nos que a Gafanha teve como primeiros habitantes quatro criminosos, a quem a Justiça do tempo, que se não pode precisar, mandou cumprir a pena de degredo nesta África Continental. Si vera est fama não têm os nossos briosos gafanhões pergaminhos muito honrosos e limpos com que possam gloriar-se. Felizmente que estes povos desmentem cabalmente a tradição desonrosa. Adiante.
O argumento colhe, e senão vejamos. Não é ainda hoje designado com o nome da Quinta-dos-Degregados um extenso território ao norte da Torreira, de que a Gafanha se pode considerar o prolongamento? Esta designação supre quaisquer documentos abonatórios das condenações presidiárias para esta região semi-africana. É presumível que tais documentos existam, mas não é fácil que cheguem às mãos de qualquer obscuro investigador das coisas da Gafanha. (…)
Para satisfazer, porém, a uma tradição corrente, voltemos aos quatro criminosos, dos quais um, segundo se diz, seria murtoseiro (vulgarmente chamado marinhão) e que se instalou no local que, por isso, ainda agora se denomina Quinta-do-Marinhão; outro vareiro (habitante de Ovar), que construiu a sua cabana onde actualmente existe a Quinta-do-Vareiro; um outro, de proveniência desconhecida, que se fixou onde agora conhecemos a Quinta-do-Carramão, que dele tirou o nome; e o quarto, de quem também não me puderam informar a proveniência e bem assim para onde foi a arrastar a sua suposta grilheta.”
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