domingo, 15 de outubro de 2023

Aos homens do mar

 

Aos homens da nossa terra, que do mar fizeram a sua vida.
Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré
1996

«Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal»

Fernando Pessoa,
"Mar Português",
in Mensagem

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Gafanha da Nazaré - Rua Construtores Navais

Situada nas proximidades do local onde existiu o célebre estaleiro naval do mestre Mónica, na Gafanha da Nazaré, a Rua dos Construtores Navais perpetua a memória dos homens que trabalharam nos estaleiros de construção naval que existiram naquela cidade ilhavense, com especial destaque para os faziam embarcações em madeira, não só para sulcarem as águas da Ria de Aveiro, mas, e sobretudo, cruzarem os mares, com destaque para os navios que integraram a frota bacalhoeira. C.F

Nota: Texto e foto do jornalista Cardoso Ferreira do Correio do Vouga

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Rua Raul Brandão - Um cantor da Ria

O Cantor da Ria merecia muito mais


Quando há anos topei com a Rua Raul Brandão, confesso que fiquei triste. É verdade. Porque o escritor merecia muito mais. Eu sei que a relação das ruas a baptizar tinha sido feita, na sua grande maioria, numa noite. De modo que, quer queiramos quer não, não havia hipótese de escolher a rua, conforme a personalidade a homenagear.
E Raul Brandão, provavelmente, na minha ótica, o que melhor cantou a nossa ria, com referência assinalável à Gafanha, merecia mais do que uma ruazinha sem expressão, sem circulação de veículos que levasse as pessoas a falar dele. A Rua Raul Brandão parte da Rua Sacadura Cabral e dirige-se para a ria, sem lá chegar.
Raul Brandão canta no seu livro Os Pescadores, de forma única, a Ria de Aveiro. Andou por aqui para a conhecer, no dia 21 de Julho, e dias seguintes, de 1922. Alguns dias, certamente, porque de outra forma não seria possível pintar um quadro tão rico.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Divagações no relvado

Enquanto a televisão domina a sala quase por completo com música um tanto ou quanto estridente, eu procuro alinhavar um texto sobre o dia de hoje, domingo, para mim cheio de vida embora com doenças ligeiras, daquelas que inquietam, mas não dão dores de cabeça.
Hoje foi um dia agitado sem incomodar, gente que chega de passagem, outros que vão ficando e todos debitam informações enquanto fazem perguntas sobre o tempo que faz e sobre o ambiente que se vive nos tempos que correm. No fundo, tudo bem. É num ambiente destes, aliás, que se põe a conversa em dia.
A sala de visitas foi o relvado aparado há dias, fresco e macio, e a conversa fluía naturalmente até porque o silêncio na família não é bom sinal.
Para mim, os domingos são sempre apetecidos. A família até percebe que o encontro pressupõe a troca de impressões. E ainda bem porque Deus deu-nos a fala como dom essencial à vida dos humanos, e ainda bem

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Avenida dos Bacalhoeiros


Uma forma de divulgarmos a nossa terra pode passar pelos nomes atribuídos às ruas da Gafanha da Nazaré. Cardoso Ferreira, jornalista da Gafanha da Encarnação, publicou no "Correio do Vouga" uma nota com foto sobre a nossa Avenida dos Bacalhoeiros.

domingo, 13 de agosto de 2023

Stella Maris - Construção do edifício


Em 1982, graças a um subsídio do Governo, foi possível iniciar o processo de construção do atual edifício do Stella Maris, para substituir o antigo pavilhão pré-fabricado. Com o apoio das Câmaras de Aveiro e Ílhavo, o Gabinete Técnico de Aveiro deu início ao projecto da construção. No dia 18 de Setembro de 1983, dia da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, foi possível celebrar a bênção e lançamento da primeira pedra da nova casa do Stella Maris.
Presidiu à cerimónia o então Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade, estando presente D. António Marcelino, Bispo Coadjutor, bem como o secretário de Estado das Pescas e Assuntos Sociais, o Governador Civil de Aveiro, os presidentes das Câmaras de Aveiro, Ílhavo e Murtosa, o comandante da Capitania do Porto de Aveiro, o director e presidente da JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), outras autoridades do Distrito, armadores e muitas pessoas ligadas às actividades marítimas.
Graças aos esforços de todos quantos têm trabalhado neste clube da Obra do Apostolado do Mar, foi possível construir a primeira fase do projeto, que comportou sala de refeições, bar, cozinha, escritório, receção, armazém, 15 quartos com casas de banho privativas e um salão de reuniões.
Esta primeira fase, que importou em 13 mil contos, foi inaugurada no dia 10 de Novembro de 1985. Presidiu à cerimónia da bênção do novo edifício o Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade.

F.M. 

Fonte: “Gafanha – Nossa Senhora da Nazaré”, de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Férias em Agosto


Vou aproveitar este mês de Agosto para descansar um pouco nesta azáfama diária de alimentar os meus blogues. Arrumados que estão os aspetos gráficos dos blogues (Pela Positiva, Memórias Soltas e Galafanha), só voltarei a eles esporadicamente durante o mês de Agosto. Depois retomarei o trabalho e o prazer de estar no mundo.

sábado, 5 de agosto de 2023

O Búzio



«Tão pobrezinha [a primeira capela] que estava desprovida de torre, ou simples campanário, e de sinos.
Sem campanário, sem sinos… Como remediar a falta? Como convocar os fiéis para a santa Missa, para o exercício do culto divino?
Tem o seu quê de regional e de poético a maneira como remediaram a falta e como convocavam os fiéis ao templo. No dealbar do dia, ou à tarde ao mergulhar suave e majestoso do sol nas águas do Oceano, conforme a convocação se fizesse para o Santo Sacrifício ou para as orações da manhã ou da noite, um repolhudo gafanhão, improvisado de sacrista, dirigia-se para o templozinho cheio de misticismo, descalço, de cuecas a cair sobre a rótula, cingidas pelo cós com um só botão às ancas espadaúdas. De barrete pendente sobre as orelhas, contas ao pescoço sobre a baeta da camisola, e de gabão velho, esburacado, deixava fustigar pelo vento da madrugada as canelas magras e nuas.

Este bom e anafado gafanhão, ia eu dizendo, assim descrito, tal qual era na primitiva Gafanha, soprava desesperadamente num enorme búzio, cujos sons cavos, profundos e compassados, iam quebrar-se de encontro às cordilheiras solitárias e silenciosas das dunas, ou espraiar-se pela argentínea superfície do oceano infindo.
E daquele rosto, congestionado e entumecido pelo esforço pulmonar, emergiam uns olhos a saltar das órbitas, a completar um quadro que bem lembrava Neptuno, na solidão das águas, a tirar da enroscada concha vozes cavernosas, a fazer sair dos abismos e das ondas toda a caterva de malignos tritões, a chamar os deuses marinhos para o diabólico conciliábulo de algumas desgraças, ou de alguma tragédia marítima.»

João Vieira Resende,
In MG

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

A volta de pasteleira



"A Volta ao Cais em Pasteleira" regressa ao Festival do Bacalhau no dia 13 de agosto, no domingo que encerra o Festival. As bicicletas pasteleiras voltam a circular as ruas da Gafanha da Nazaré e estacionam no Jardim Oudinot, para um piquenique e bailarico, segundo li na página da CMI.
O início está marcado para as 17 horas e o ponto de encontro é o Cais Bacalhoeiro (junto à empresa Barents). O percurso segue pela Avenida José Estêvão e termina com um piquenique e bailarico junto ao Navio-Museu Santo André.
Para entrar no espírito da “Volta ao Cais em Pasteleira” os participantes não podem dispensar a bicicleta-pasteleira, preferencialmente trajar à época, e, se quiserem, marmita para partilhar.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Festival do Bacalhau

 

Como sempre tem acontecido, o Festival do Bacalhau vem a caminho, mas gosta de ser lembrado e anunciado, não vá dar-se o caso de alguém protestar por não o referir neste meu blogue. Para que ninguém falte, aqui o apresento. E já agora, antes de entrar numa tenda, colha informações sobre os pratos que cada uma confeciona. É que os Chefs não são todos iguais.

Primeiro óbito na Gafanha da Nazaré

Neste dia, 7 de Maio de 1911, às dez horas da noite, faleceu numa casa do “Pharol da Barra”, Joaquim Francisco Gafanhão, de cinquenta anos, pescador e casado com Maria de Jesus, o qual recebeu os “sacramentos da Santa Madre Igreja”, natural desta freguesia. Era filho legítimo de António Francisco Gafanhão e de Ana de Jesus, jornaleiros, naturais desta freguesia, e não fez testamento. Deixa filhos menores e foi sepultado no cemitério público da vila e freguesia de Ílhavo.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Os primeiros médicos da nossa terra

O primeiro médico com consultório na Gafanha da Nazaré foi o Dr. José Rito, o primeiro gafanhão com um curso de medicina. Foi licenciado pela Universidade de Coimbra em 1918. Casou em Santa Maria da Feira, a 13 de Julho de 1919, com Esperança Maria Azevedo, natural de Belmonte, e fixou-se em  Ílhavo, onde foi inspetor de saúde e médico municipal.
Os médicos que montaram consultório na nossa terra e que aqui exerceram clínica toda a vida foram os Drs. Joaquim António Vilão e Maximiano Ribau. O Primeiro de Figueira de Castelo Rodrigo e o segundo da Gafanha da Nazaré.
Exerceram a sua profissão em espírito de missão, muito próximos dos seus pacientes. No consultório e nas visitas domiciliárias, constantes naqueles primeiros tempos.
As consultas e os primeiros tratamentos, que não se coibiam de aplicar, tão certos estavam das dificuldades das pessoas, que bem conheciam, suscitaram muitas reações de respeito para com estes médicos.
Como era hábito nessa década, os médicos estabeleciam com as famílias uma avença ano após ano. Dinheiros não abundavam e a mais simples forma era receberem, em paga das consultas, produtos da terra.
Na época das colheitas, cada médico convidava uns amigos que percorriam a freguesia para a recolha do que as famílias ligadas por compromisso oral podiam dar. Depois, os clínicos, como é óbvio, teriam de vender os produtos recolhidos.
Paralelamente, davam consultas a não avençados e a funcionários e trabalhadores de instituições ou organizações, como a Casa dos Pescadores, a Aviação e empresas.
Quando afirmei atrás que exerciam um serviço médico próximo, quis sublinhar a dedicação com que viviam e sentiam os problemas das famílias e pessoas. Muitas vezes eram eles próprios que ofereciam medicamentos a gente mais pobre, aplicando injecções muito em voga naqueles tempos.
Estes médicos, que ainda moram indelevelmente na memória dos gafanhões mais idosos, os que com eles privaram como pacientes, ainda puseram em prática, no dia-a-dia, uma tarefa pedagógica muito importante, na luta contra a superstição e a ignorância. Importava educar para uma vida mais saudável, para uma alimentação mais correcta dentro do possível, para a vacinação e para o recurso às consultas e erradicação das mezinhas tão em voga na década de quarenta do século passado, como ainda hoje em certas famílias menos esclarecidas.

Fernando Martins

1.º Batizado

No livro dos assentos dos batizados realizados na Gafanha da Nazaré, obviamente depois da criação da paróquia, consta, como n.º 1, o nome de Maria, sem qualquer outra anotação no corpo da primeira página. Porém, na margem esquerda, debaixo do nome referido, tem a informação de que faleceu a 28-11-1910. Nada mais se sabe.

O que se sabe e foi dado por adquirido é que o primeiro batizado, celebrado pelo nosso primeiro prior, Pe. João Ferreira Sardo, no dia 11 de setembro de 1910, foi Alexandrina Cordeiro. Admitimos que o nosso primeiro prior tomou posse como pároco no dia 10 de setembro de 1910, data que o Pe. João Vieira Rezende terá considerado como o da institucionalização da paróquia, criada por decreto do Bispo de Coimbra em 31 de agosto do referido ano.
Diz assim o assento: «Na Capella da Cale da Villa, deste logar da Gafanha e freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, do mesmo logar servindo provisoriamente de Egreja parochial da freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, concelho d’Ilhavo, Diocese de Coimbra, baptisei [Pe. João Ferreira Sardo, pároco encomendado] solenemente um indivíduo do sexo feminino a quem dei o nome de Alexandrina…»
Alexandrina, a primeira pessoa batizada na nova paróquia, com o assento n.º 2, nasceu em 26 de Agosto de 1910, sendo filha legítima de Domingos Ferreira e de Joana de Jesus, jornaleiros, naturais desta freguesia e nela residentes e recebidos na freguesia de Ílhavo.
A nova batizada era neta paterna de Manuel Ferreira e de Maria d’ Oliveira e materna de Jacinto Sarabando e de Rosa de Jesus. Foram padrinhos António Cova, solteiro, jornaleiro e Maria de Jesus, casada, criada de servir, todos desta freguesia.

F. M.