segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Gafanha da Nazaré - 1.º matrimónio

O primeiro matrimónio celebrou-se nesta data [17-06-1911], na então chamada capela da Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, a servir de matriz provisória. Domingos José Soares e Maria de Jesus da Silva consorciaram-se em cerimónia presidida pelo pároco encomendado João Ferreira Sardo, que os uniu, tendo também procedido “à bênção do anel”. O Domingos tinha 22 anos de idade, era solteiro e pescador, natural e morador na freguesia da Murtosa e nela baptizado, filho legítimo de José António Soares e de Maria Joaquina de Oliveira, naturais da mesma freguesia, concelho de Estarreja, Diocese do Porto; a Maria de Jesus tinha 23 anos de idade, era solteira e jornaleira, natural da freguesia da Gafanha, filha legítima de Manuel Fernandes Casqueira e de Rosa de Jesus, naturais desta freguesia. Foi baptizada na freguesia de Ílhavo. Serviram de testemunhas no baptizado João Peixoto, casado e jornaleiro, e Joana de Jesus Casqueira, casada e seareira, naturais desta freguesia e nela residentes. Cônjuges e padrinhos não assinaram, “por não saberem escrever”.

sábado, 1 de junho de 2019

Bacalhau Gratinado


Preparação: 

Comece por demolhar bem o bacalhau. Escorra-o,
passe pela farinha e frite em azeite.
No azeite da fritura, coloque a cebola, o alho, louro,
sal, piripiri, noz-moscada, massa de tomate e regue
com vinho branco. Depois de apurado, triture e
disponha por cima do lombo do bacalhau. Leve ao
forno a gratinar.
Guarneça com a maionese e os picles finamente
cortados e sirva com batatas fritas às rodelas e
tomate a gosto.

Ingredientes:

350 g de bacalhau (lombo)
1 cebola
3 dentes de alho
1 dl de azeite
2 colheres de sopa de farinha
1 pimento vermelho
1 folha de louro
2 colheres de sopa de massa de tomate
Noz-moscada qb
Sal qb
Piripiri qb
4 colheres de sopa de maionese
2 batatas
Vinho branco
Tomate cherry
Picles

Receita apresentada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e que obteve o 3.º lugar na Categoria “Inovação” no Concurso de Gastronomia “Prato Tradição & Prato Inovação”, realizado no Festival do Bacalhau 2018

Fonte: Agenda "Viver em junho" da CMI

domingo, 5 de maio de 2019

Gafanha do Carmo — Breves apontamentos

Igreja da Gafanha do Carmo

A Gafanha do Carmo insere-se, por direito próprio, na região das Gafanhas, sendo inicialmente conhecida por Gafanha dos Caseiros, por razões compreensíveis: predominavam naqueles areais os caseiros, cultivando terras de proprietários provavelmente abastados ou pouco dados aos trabalhos agrícolas. Sem mais delongas, admitimos que as origens dos caseiros eram as mesmas das demais Gafanhas. Contudo, sabe-se que as suas mais naturais ligações foram com os povos da vizinha Gafanha da Encarnação, mas oficialmente aquele lugar estava formalmente integrado na freguesia de São Salvador, Ílhavo, a partir do século XIX. Antes, todas as Gafanhas pertenciam a Vagos.

sábado, 16 de março de 2019

Entrevista que concedi ao "Correio do Vouga"

Foi à sombra da Igreja que surgiram 
as principais instituições da Gafanha da Nazaré 




A Gafanha da Nazaré, paróquia e freguesia, tem vindo a celebrar os 100 anos de existência. D. Manuel II assinou o decreto no dia 23 de Junho de 1910 (provavelmente, o último de criação de uma freguesia na monarquia), enquanto o Bispo de Coimbra criou canonicamente a paróquia no dia 31 de Agosto de 1910. Para assinalar o centenário, entre outras iniciativas, publicou-se o livro “Gafanha da Nazaré, 100 anos de vida”, da autoria de Fernando Martins, antigo professor do ensino básico, diácono, director do “Correio do Vouga” entre 1992 e 2004, profundo conhecedor da terra que o viu nascer. Entrevista conduzida por Jorge Pires Ferreira. 

CORREIO DO VOUGA – Escreveu este livro (apresentado publicamente no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, no dia 7 de Agosto) num tempo recorde. Tal deve-se, também, ao facto de há muito investigar e escrever sobre a Gafanha da Nazaré… 

FERNANDO MARTINS – A paróquia fez-me o desafio no final de 2009: um livro para celebrar o centenário. Aceitei a missão, embora pensasse que não seria tarefa para uma pessoa só. Fiquei encarregado de arranjar uma equipa, mas depois resolvi assumir integralmente a tarefa da escrita. Na minha óptica, teria menos trabalho, evitando reuniões e revisões do trabalho de outros, até porque, de facto já tinha alguma coisa escrita e tenho as minhas próprias ideias. A verdade é esta: a paróquia tem 100 anos e eu vivi quase três quartos desse período. Março, Abril e Maio foram os meses mais intensos de investigação e escrita. 

O livro não é uma autobiografia, mas alimenta-se certamente das suas vivências… 

Eu estive sempre, desde menino, integrado na paróquia, desde a pré-JOC (Juventude Operária Católica – de que seria dirigente diocesano). Na freguesia, a mesma coisa. Sempre lutei, desde jovem, em defesa da Gafanha, quer integrando os seus organismos e associações, quer escrevendo nos jornais da JOC, no “Timoneiro” [mensário da paróquia], como correspondente do Comércio do Porto… 

Hoje prossegue essa defesa na rádio e na imprensa regional e nos seus blogues Pela Positiva e Galafanha. Mas o uso mais eficaz da comunicação social talvez tenha sido aquando da elevação a vila… 

Sim, antes da Gafanha ser elevada a vila (1969), dinamizei a campanha pela comunicação social, que na altura eram os jornais. Trouxe cá, com a colaboração do Daniel Rodrigues, um jornalista do “Diário Popular”, o Ângelo Granja, que fez a reportagem: “Do deserto nasceu uma vila” (21-12-1966). O processo de recolha de elementos para o processo de elevação foi elaborado pelo P.e Domingos Rebelo e por mim. Fui próximo dele e também de outros párocos. 

O Daniel fez várias reportagens no “Comércio de Porto”, um jornal que na altura não era lido aqui. Tinha apenas um leitor. Fez-se então uma campanha de porta a porta, com ardinas a apregoar o jornal que trazia a reportagem do pedido de vila. Na minha sala foi dado um lanche aos jornalistas convidados para visitar a Gafanha da Nazaré… 

Apesar de há muito escrever sobre a Gafanha, encontrou aspectos novos na investigação para este livro? 

Destaco uns artigos que saíram no “Diário de Lisboa”, em 1947. Alguém alertou o jornal para o descontentamento que havia na Gafanha da Nazaré. Nas reuniões da Câmara só se falava da Ílhavo e da Costa Nova. Um enviado especial não identificado fez quatro reportagens. Penso que terá sido Carolina Homem Cristo, directora da revista “Eva”, a alertar o jornalista para o descontentamento. “Mão fina de mulher trouxe à nossa redacção…”, diz o jornal. Falava-se então da pretensão da Gafanha se desligar de Ílhavo e integrar Aveiro. Tínhamos na altura cinco mil habitantes. O mestre Mónica dinamizou uma petição que apresentou ao governador civil. Toda a gente assinou. A petição não seguiu para Lisboa porque o governador achava que era gente de mais. Procurei esse documento no Governo Civil, mas não o encontrei. Pode ter sido levado pelo fogo que entretanto atingiu o edifício. Houve uma manifestação em Aveiro com grande participação popular, mas o governador não apareceu. “Levei lá a gafanhotada toda”, dizia o mestre Manuel Maria Bolais Mónica [construtor naval]. 

As reivindicações contra Ílhavo são uma constante da história da Gafanha da Nazaré? 

Ainda em relação a este episódio, deixe-me dizer-lhe que depois foram entrevistar João Senos, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, que disse: “Acredito que daqui a uns tempos a Gafanha da Nazaré não pertencerá a Aveiro nem a Ílhavo, porque será um concelho”. Disse aquilo para amaciar o pessoal. Mais tarde, um vereador escreveu para o jornal a protestar que o presidente não queria dizer isso. O jornalista respondeu que “podia não ter querido dizer isso, mas foi o que disse”. 

Havia de facto mal estar entre a Gafanha e Ílhavo. O presidente da Câmara era sempre um ilhavense. Isso só foi atenuado quando foi para a presidente Humberto Rocha (da Gafanha da Nazaré), seguido de Ribau Esteves (da Gafanha da Encarnação), que apagou todas essas fogueiras. Ribau Esteves teve a preocupação de alterar a situação, cumprindo a lei de distribuição de verbas proporcional ao número de pessoas e ao território. 

O abandono da Gafanha da Nazaré estava especialmente patente na questão eléctrica… 

Quando nos finais da década de 1940 a energia eléctrica passou para a Costa Nova, com a intenção de chegar ao Farol da Barra, a Gafanha continuava sem nenhuma espécie de energia. Foi aí que o povo se reuniu, de certa forma revoltado, e fez a Cooperativa Eléctrica, que foi a maior acção da unidade de um povo que apostava em si próprio. Era uma das maiores cooperativas de Portugal, porque todos os habitantes faziam parte dela. Para terem energia eléctrica tinham de ser sócios. Durou até depois do 25 de Abril. A cooperativa só foi dissolvida com a nacionalização da distribuição da energia e a criação da EDP. Era eu o presidente da assembleia-geral da cooperativa. 

Que importância teve a paróquia nesta comunidade relativamente jovem? 

Há quem me diga que o livro fala muito da paróquia. Mas foi sem dúvida nenhuma à sombra igreja que surgiram as principais instituições. Restaurou-se, por exemplo, o Grupo Desportivo da Gafanha, tendo eu empurrado para presidente da assembleia-geral o P.e Domingos Rebelo, na década de 50 do século passado. Outro exemplo: o Grupo Etnográfico nasceu a partir do desafio do P.e Miguel Lencastre. A catequese fazia sempre uma festa no final do ano com peças de base bíblica e cantorias, às vezes sem nexo. O P.e Miguel laçou o desafiou: por que é que vocês não fazem umas danças como as dos vossos avós? O Alfredo Ferreira da Silva era na altura o presidente da catequese e é hoje o presidente do Etnográfico. As reuniões destes grupos e da cooperativa eram nas salas da igreja. Até a primeira Junta de Freguesia, segundo a acta, “reuniu-se na sacristia do lado sul da igreja paroquial”. 

Os padres foram pessoas determinantes no destino da Gafanha? 

Sim, conforme a época. Não tinham rasgos, como hoje se vê, em termos pastorais. A pastoral era de manutenção, tradicionalista, como noutros lugares. Só não conheci o Prior Sardo, que morreu 1925. Eu nasci em 1938. Do segundo prior, P.e Guerra, nunca me lembro de ter feito uma homilia. A missa era em latim, as mulheres estavam sentadas no chão, os homens à volta, de pé. Alguns, mais ricos, tinham cadeiras. O Sr. João Catraio, de que falo no meu livro, tinha uma com genuflectório. 

Mas o primeiro, o Prior Sardo (1873- 1925), foi fundamental para a criação da freguesia. 

O P.e João Ferreira Sardo foi um grande político. O P.e João Vieira Resende escreveu no jornal “O Ilhavense”, em 1958, que era importante ele meter-se na política para chegar aos seus fins, criar a paróquia e a freguesia: O P.e Sardo “dava ordens e directrizes em que era obedecido sem restrições ou quaisquer objecções, criando por esta forma ambiente favorável à criação da freguesia, que ele desde há muito tempo trazia em mente”. Era o “rei daquelas terras”. O Prior Sardo tornou-se vereador e foi vice-presidente da Câmara de Ílhavo. Aproveitando uma saída temporária do presidente, ordenou o pagamento da rua da Gafanha de Aquém até à Gafanha da Nazaré. E liderou, na realidade, o processo de criação da paróquia e freguesia. 

Entre os fundadores da freguesia e paróquia, além do povo, D. Manuel II, D. Manuel de Bastos Pina (Bispo de Coimbra) e o Prior Sardo, colocou no seu livro Nossa Senhora da Nazaré. Porquê? 

Porque andava tudo à volta do seu culto. Ninguém sabe como surgiu aqui o seu culto, que será anterior à constituição da paróquia. Quando o Bispo de Coimbra mandou os examinadores para confirmarem se havia condições, o povo disse que queria que a padroeira fosse Nossa Senhora da Nazaré. Assim ficou. 

Hoje a Gafanha está muito ligada ao mar, principalmente às actividades portuárias. No início também foi assim? 

Ao contrário do que muita gente pensa, não foi assim. Colhi esse testemunho dos mais velhos. Eram principalmente agricultores, embora hoje haja pouca agricultura. Tinham a ria ao pé, mas não pescavam, nem apanhavam o moliço. Os moliceiros vinham da Murtosa e de Estarreja. 

Mas a formação geológica da Gafanha – ou mesmo das Gafanhas – está muito dependente da regularização da Barra… 

Sim, mas quando abriram a Barra, em Abril de 1808, durante as Guerras Peninsulares [os barcos para a manutenção do exército luso-inglês já passaram pela Barra), o crescimento não foi de rompante. Mas hoje podemos dizer que a Gafanha é filha do porto, sem dúvida nenhuma. O primeiro estaleiro veio para aqui em 1889. 

Velha história é a da origem etimológica do nome “Gafanha”. Há hoje alguma teoria que seja mais consensual? 

Brinco com isso no livro. Uma teoria que diz que provém de “gadanha”, alfaia de cortar o junto e o recebolo. Como o gafanhão era muito iletrado e deturpava muito as palavras, gadanha teria dado origem a Gafanha. Outra teoria diz que provém de “pagar o gafar”, um imposto para atravessar a ria. Outra, ainda, diz que era uma “terra gafada”, cheira de gretas da lama e do sol, como a pele dos leprosos… Ou que provém de “gafo”, leproso. Mas não consta que os leprosos viessem para aqui, embora os houvesse em Vagos e Mira. 

A minha ideia é que “Gafanha” provenha de “Galafanha”, “Gala + Fânia”, que é também a opinião do Monsenhor João Gaspar, que muito prezo. “Gala” quer dizer “terra alagada” (há uma Gala na Figueira da Foz); “fânia” é junco, que existe em abundância nas margens da ria. 

Para terminar, o que destaca como motivo para visitar a Gafanha da Nazaré? 

Tenho andado um bocado obcecado com a paisagem da ria. O desenvolvimento é muito bonito, mas tiraram a ria à Gafanha da Nazaré. A ria desaparece dos nossos olhares em toda a faixa até à Barra. Os portos industrial, comercial, de pesca longínqua e costeira ocuparam toda a faixa da ria. Só temos acesso à ria, muito apertado, na Associação Náutica e Recreativa da Gafanha da Nazaré. Julgo que a Câmara está interessada em desenvolver nova ligação. 

A nossa sala de visitas é o Jardim Oudinot, com o navio-museu Santo André. Não temos grandes monumentos. Há algumas estátuas e uma âncora que evoca os homens da nossa terra que andaram e andam no mar, mas somos uma terra pobre em história. Por sermos pobres temos de dar mais valor às nossas coisas. 


Entrevista publicada no “Correio do Vouga” em 1 de setembro de 2010


NOTA: Confesso que não sei se alguma vez publiquei nos meus blogues esta entrevista que concedi ao Correio do Vouga.Pelo sim pelo não, achei por bem publicá-la agora, por sugestão de uma mensagem que registei hoje, 16 de março.

sexta-feira, 1 de março de 2019

A Gafanha


Fonte: Arquivo do Distrito de Aveiro, revista n.º 164, 1975. Autor: José Ferreira da Cunha e Sousa (1813-1912). O trabalho tem por título "Subsídios para a história de Ílhavo, Gafanha e Costa Nova". Publicarei o restante texto, por partes, para não cansar os leitores.

NOTA: Está garantido que nunca foram desterrados para as atuais terras gafanhoas gafos ou leprosos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A FESTA DA BARRA DE AVEIRO

A Festa da Barra de Aveiro tem a sua história e continua a fazer história. Ainda bem, porque o que é bom tem de ser preservado e melhorado. Laudelino de Miranda Melo também contou a sua versão, com algumas estórias pelo meio. É legitimo e sabe bem, que a literatura é arte. Aqui a partilho, copiada, com a devida vénia, do "Arquivo do Distrito de Aveiro", n.º 84, 1955.







domingo, 27 de janeiro de 2019

Obelisco da Praia de Barra com as legendas


Novamente o Obelisco da Praia da Barra, agora com  as  legendas. para recordar e para  não caírem no esquecimento.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

O Obelisco da Praia da Barra




NOTA: Aqui fica uma curta explicação sobre o Obelisco da Praia da Barra, que conhecemos. Não sei se todos quantos por ali passam se dão ao cuidado de ler as legendas com dados históricos, mas seria bom que o fizessem. Repesquei esta nota do "Arquivo do Distrito de Aveiro" que de vez em quando visito.