Padre Rezende |
A Monografia da Gafanha pode e deve ser considerada um postal ilustrado da região das Gafanhas dos concelhos de Ílhavo e Vagos, pois trata-se de uma obra de referência aberta a todos os que gostam e estudam esta zona habitada desde o século XVII. Foi escrita pelo primeiro pároco da Gafanha da Encarnação, P. João Vieira Rezende, e a primeira edição viu a luz do dia em 1938. Na altura, o autor sublinhado que, «por sugestão de pessoas interessadas pelas coisas da Gafanha, nos resolvêramos a publicar alguns documentos inéditos, que viriam derramar luz sobre a ignorada história desta região».
A segunda edição, profundamente melhorada, saiu em 25 de fevereiro de 1944, contando com um subsídio do Instituto para a Alta Cultura, e foi prefaciada por Orlando Ribeiro, professor catedrático de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa. E nesse prefácio, o ilustre cientista, referindo-se à Gafanha, diz que «temos aqui um exemplo, importantíssimo e raro, de povoamento que pode seguir-se desde o início e em todas as fases da sua evolução: povoamento que, como noutros lugares do nosso litoral, tem na base os foros, as courelas cultivadas por famílias, que arroteiam o maninho, criam o solo arável, à força de adubos, levantam casa na sorte que cultivam, transformam o areal estéril em plaino produtivo salpicado de habitações dispersas».
A Monografia da Gafanha apresenta, nas suas 364 páginas, bastante informação, dizendo, entre muitos outros assuntos, o que é a Gafanha, o seu povoamento, os seus primeiros proprietários, famílias preponderantes, a fé do povo, a barra e as suas diferentes posições até se fixar na última, em 3 de abril de 1808, a agricultura, as praias, a instrução e pormenores sobre as casas, a lavoura, usos e costumes.
Comentários