Um livro de Manuel António Carvalhais
Com edição da Fábrica Paroquial de Vagos, foi publicado em 2011 o livro “São Tiago de Vagos”, um excelente trabalho de Manuel António Carvalhais, pároco da freguesia do mesmo nome. Trata-se de uma edição destinada ao povo vaguense, mas que pode ser lido por toda a gente, mormente pelos que têm as suas raízes nas povoações do arciprestado de Vagos, terra de Santa Maria, desde os primórdios da nacionalidade.
O autor afirma no Prólogo que, como pastor-presbítero, não pode olvidar «que o património da Igreja é a própria Igreja ou, se quisermos, o coração de cada cristão, aberto às verdades evangélicas, cumpridor esforçado dos valores cristãos, pleno de afectos ao seu semelhante e a Deus, fonte por excelência de toda a Arte e Beleza». E acrescenta: «Guardiã e gestora dos bens e da arte que foi acumulando ao longo dos séculos, a Igreja deve proteger toda esta riqueza patrimonial, quer da cobiça desenfreada dos ladrões ou da fome voraz dos xilófagos, quer, pela positiva, servir-se dela com objectivos catequéticos para melhor aprofundar e anunciar os mistérios recebidos do Senhor Jesus.»
Manuel António Carvalhais soube pesquisar, recorrendo a todos os meios e testemunhos, acabando por elaborar um trabalho muito sério, que mais não é do que um retrato de múltiplas vivências de um povo cristão que se foi adaptando às areias que soube domar, sob a bênção de Santa Maria de Vagos, mãe terna que alimentou devoções através dos séculos e que perduram nos dias de hoje, atraindo peregrinos das redondezas e de mais longe.
No Prefácio, Armor Pires Mota, conhecido jornalista e escritor de multifacetados talentos, diz que neste livro «nada fica de fora de cada templo tratado (património construído, estatuária, ao pormenor, prataria, onde a há, paramentaria, documentação vária), mas pondo sempre as coisas no seu devido patamar de valor, sem esquecer o cabido da história». E frisa: «ajoelha-se o autor na igreja primitiva e sobe, em procissão de reverência e entusiasmo, às igrejas quatrocentista, setecentista e actual, que enriqueceu com a implantação de um Museu.»
Como gafanhão, com raízes profundas em terras de Vagos, saboreei o escrito do autor, mesclado de poesia a cada canto, mas também de verdade histórica que urge recordar e legar aos vindouros, como matriz da maneira de ser e de estar de um povo cristão aberto ao progresso, abençoado por terra fértil e pelas águas mansas da nossa ria.
A obra, de 366 páginas, em bom papel, está muito bem ilustrada e merece, sem dúvida, o meu aplauso, na esperança, ainda, de que Manuel António Carvalhais possa continuar a brindar-nos com outros trabalhos.
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