sábado, 26 de maio de 2012

Uma estória da Cooperativa Elétrica

O contador não é automático


A CEGN (Cooperativa Elétrica da Gafanha da Nazaré) teve vida longa, com a grande maioria dos proprietários ou arrendatários de habitações como cooperantes, razão fundamental para ter energia elétrica em casa. A contagem da luz era mensal, feita pelo cobrador do consumo referente ao mês anterior. 
Sem qualquer anúncio, em época de alguma folga económico-financeira da cooperativa, era perdoado um mês aos cooperantes. As reparações e ligações, esta mediante o pagamento do valor de uma acção, ficavam a cargo de uma equipa técnica, que mantinha a assistência 24 horas por dia. No Inverno, sobretudo, era frequente falhar a corrente, mas no mesmo dia, por norma, era reparada a avaria. 
Um dia, o cobrador António Próspero dirigiu-se à casa de um lavrador já idoso, que protestou contra o facto de estar sem luz há um mês. 
— Todos os dias, à noitinha, ligo o interruptor e nada — disse ele. 
— E comunicou isso à cooperativa? 
— Eu não; estava à espera que o senhor por cá aparecesse. 
Quando a equipa técnica lá foi para ver o que se passava, verificou que estava tudo em ordem, apenas o contador estava desligado. 
— Ó senhor, aqui não há avaria nenhuma. O senhor mexeu no contador? 
— Mexi, mexi, há um mês, quando houve uma trovoada muito forte! 
— Pois é; devia tê-lo ligado, porque isto não é automático.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na minha casa acoteceu algo diferente logo no dia em que ligaram a baixada.
A minha mãe foi para a vida dela nas terras e deixou-nos em casa (a mim e à minha irmã), para que os electricistas fizessem o seu trabalho de ligação à rede eléctrica. A determinada altura o encarregado comunicou à minha irmã que o serviço estava quase concluído e que era melhor ir avisar a minha mãe para vir aquecer uns rojões. Ela assim o fez mas a minha mãe não estava para aí virada. Eis que chega o meu pai e convence-a a dár merenda aos homens. Viemos todos para casa a meio da tarde e a minha mãe lá arranjou merenda para todos. Há ainda quem se penetencie por estas partidas feitas aos conterrâneos que estavam às escuras.
Como todos os dias, ao fim da tade, pela força do hábito a minha irmã preparava-se para limpar o vidro do candeeiro não obstante a recente ligação à rede. O meu pai satisfeito pela merenda e pela inovação disse-lhe: "dá cá isso que leva já um pontapé". Valeu a minha mãe que o lembrou que era melhor guardar o candeeiro pois tinha ouvido falar que às vezes a corrente falhava. Medida acertada como o demonstrou o Inverno seguinte.

Um abraço

João Marçal

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