Escola Feminina da Marinha Velha. Classe de 1958,
com a sua professora. Algumas meninas descalças
Em 7 de Julho de 1880 é criada a Escola Masculina na Gafanha e um ano depois, a 24 de Dezembro, surge a Escola Feminina. A primeira funcionava na zona do actual Lar Nossa Senhora da Nazaré e a segunda na Cale da Vila.
Segundo a MG, o primeiro professor oficial da Gafanha [todas as actuais Gafanhas] foi o Padre João da Silva Gomes, natural da Légua (Ílhavo), que faleceu pároco aposentado do Troviscal.
Depois dessas metas, outras foram respondendo aos desafios da sociedade em franco crescimento a vários níveis. Escolas Primárias, Escolas Preparatórias e Secundárias. Depois do 25 de Abril, sobretudo, surgiram as Creches e os Jardins-de-Infância, as ATL (Actividades de Tempos Livres).
O ensino já não é fruto de circunstâncias ocasionais, para horas de sesta ou de serão, mas são resultado de políticas programadas e de concepções das novas sociedades para um novo homem, direccionado para um futuro altamente competitivo e suportado por tecnologias de ponta. O improviso, tão típico do povo português, passou à história, sendo substituído pela ousadia dos desafios, pela prontidão das respostas e pela coragem com que se enfrenta a ânsia de mais e melhor.
Pelas escolas da Gafanha da Nazaré passaram, ao longo deste século, centenas de professores e milhares de alunos, e muitos deles, mestres e discípulos, fizeram história nos variadíssimos campos profissionais, sociais, políticos, culturais, desportivos e religiosos.
Não se julgue, porém, que as nossas escolas primárias de há 60 anos, para não recuar mais, estavam instaladas em belos edifícios, com salas amplas e arejadas e com turmas pequenas. Algumas nem sanitários possuíam, o que obrigava os alunos a servirem-se das hortas e quintais. E os professores? Os professores batiam à porta de famílias vizinhas. Contínuas? Nem pensar. E a limpeza das salas? Professores e alunos, de vassoura na mão, davam um jeito.
Alunos descalços, a maioria. Apenas no inverno calçavam, os que podiam, umas chancas (botas de sola de madeira) compradas nas feiras.
Fernando Martins
In "Gafanha da Nazaré: 100 anos de Vida"
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