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Obra do Apostolado do Mar na Diocese de Aveiro – 3

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Preparação do terreno para a implantação do Stella Maris pré-fabricado


“OS QUE OLHAM O STELLA MARIS”



O Stella Maris de Aveiro hoje é mais do que assunto, porque é obra erguida. Pequena ou grande, bem ou mal delineada, ali está já na Gafanha, onde tomou corpo e agora, já com cor, começa a falar por si a quantos o interrogam. Paredes levantadas, já o telhado o cobre para que depressa cubra aqueles a quem pertence. A olhá-lo como os outros, parámos a uns passos. Cruzou connosco gente curiosa, interessada. Identificámos um tripulante e quisemos ouvi-lo. Falámos e da nossa conversa guardámos das suas palavras sadias, que passamos a transcrever:
– Então que diz a isto?
– A obra vai! Mas nós temos pressa, sabe? É difícil explicar. É assim como ver crescer a nossa casa. Apetece-nos já lá estar dentro! E olhe que todos os dias aqui venho e já não sou só eu! Pois como é? Se a apanho pronta ainda julgo que será mentira!
– A construção com aquela cor azul, já é realmente outra! Agrada mesmo e até parece maior!
– Cá para mim, está bonita, sim senhor! Mas cuida que está pronta? Ainda falta um mar de coisas, homem! Nunca ouviu dizer que os acabamentos são o pior? E depois montar a “máquina”? Móveis e mais que é preciso? É uma labuta grande, é…! Mas a rapaziada precisa e temos de ser uns para os outros. O que custa é que vale! Somos desta têmpera, sabe? Ali se há-de cavaquear, juntar famílias e até para os de passagem, ser família também. Os de terra depois, é que hão-de ver como é e a falta que isto fazia!
– Pois sim senhor, gostei de o ouvir. Obrigado, amigo! Se todos assim pensassem não havia entraves para os projectos “valentes”! Na obra, não podemos dizer que se nota azáfama. Antes trabalho compassado, pancadas certas de marteladas seguras.
Assistimos à descarga de mais material e vimos “encher” com tijolos os baixos da construção.
Como o nosso homem do mar, também nós voltámos mais tarde. Afrouxámos e passámos à escuta. Mas dessa nova conversa daremos conta no próximo número…

In “Timoneiro” de Maio/Junho de 1973


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