PITADAS
DE SAL – 29
MARINHAS: ESTADO
ATUAL
Caríssima/o:
Como se vê pelas
imagens, o estado atual das nossas marinhas não é muito animador; retrato do
abandono e da desolação. De fato, muito se tem dito e escrito; não vale a pena
acrescentar seja o que for, não altera a situação e deixa-nos sempre um amargo
de boca tanto ou mais difícil de tragar que uma boa pitada de sal fresco.
Contudo, permitam que
transcreva ideias em frases soltas que nos ajudarão a navegar por estas águas
(não cito o autor no propósito de alertar a nossa resistência crítica):
«A
jurisdição sobre a Ria tem estado dispersa por inúmeras entidades e foi
concentrada, recentemente, na administração da bacia hidrográfica, ainda em
instalação.»
«Os canais e
esteiros da Ria estão sem manutenção desde que essa competência foi retirada à
administração portuária, e os problemas têm-se agudizado devido ao
assoreamento, ao abandono das explorações de sal que travavam o avanço das
águas e à intrusão salina em terrenos agrícolas.»
«Qualquer dia não há Ria nenhuma… já não é
possível ir de barco de Aveiro a Vagos e para navegar até Ovar é preciso
esperar pelas marés.»
«Desde 1975
que tem sido reclamada a intervenção dos poderes públicos para impedir o
assoreamento da Ria de Aveiro, criando uma entidade gestora, sem resultados
práticos.»
«A paisagem desoladora, as marinhas de sal abandonadas e os perigos
constantes para a navegação: efeitos das obras que foram
realizadas para a ampliação do Porto de Aveiro, que, ao provocar maior
amplitude de marés para permitir a entrada de barcos de maior dimensão, veio
destruir as motas (muros de proteção) das salinas.»
«Há muito tempo que o organismo de gestão da Ria devia estar a funcionar
e devia ter estudado esses efeitos, mas foi adiado sistematicamente.
«As obras
portuárias recentes, trouxeram mais
marés, mais água a entrar, o fim do moliço e a penetração da cunha salina nos
terrenos do Baixo Vouga, mas não foi a causa do abandono das marinhas de
sal.»
«Houve o
fenómeno da emigração e a mão-de-obra difícil, de trabalho quase escravo,
desapareceu. Os marnotos foram para França e já não há feira dos moços, e sem
eles não há marinhas.»
As
vossas opiniões ficariam a matar nesta contenda embora continuemos a bater como
as correntes e as ondas contra os muros já arrunhados…
Manuel
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