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A mostrar mensagens de janeiro, 2009

GAFANHA DA NAZARÉ: Residências paroquiais

: Primeira residência para o Prior Guerra Segunda residência para o Prior Guerra Terceira resiência para o Prior Bastos Quarta residência para o Prior Bastos e seguintes : RESIDÊNCIA DO PÁROCO : O processo de criação de uma paróquia, pelo menos no século passado, exigia, normalmente, uma residência para o pároco. Penso que ainda hoje se pensa assim, como garantia, à partida, para o pároco poder viver na comunidade que o acolhe. Quando foi criada a paróquia da Gafanha da Nazaré, o prior, padre João Ferreira Sardo, tinha residência própria, pelo que não foi preciso a comunidade preocupar-se com esse problema. Quando o padre José Francisco Corujo (Prior Guerra) veio para a Gafanha da Nazaré, foi necessário, então, preparar-lhe uma residência. A comissão da paróquia arrendou, por isso, uma casa, na Chave, pertencente ao proprietário Manuel Cravo. Mais tarde, o prior Guerra mudou-se para uma outra casa, que ainda existe, na actual Av. José Estêvão, e que era pertença do mestre Jos

GAFANHA: Coisas de antigamente - 3

: As Malhadas Depois das sementeiras e regas, com sacha pelo meio, vinham as esperadas colheitas, nem sempre abundantes. Tudo feito a poder de braço e com a ajuda de alfaias simples. A foicinha, nas mãos hábeis dos nossos avós, fazia prodígios e campos enormes eram ceifados com rapidez. O transporte em carros de vacas ou bois era feito com alegria, que o osso mais duro já estava roído. Estamos a falar de cereais, está bem de ver. As batatas, arrancadas muitas vezes à mão, com as facilidades oferecidas pela areia, eram de seguida levadas para o celeiro à espera da melhor hora para a venda. Voltemos aos cereais e às malhadas que só mudaram de técnica em 1935, altura em que começaram a ser utilizadas as malhadeiras motorizadas. Até aí, a força humana e animal é que imperou. Diz o Padre Resende e disso fomos testemunha e interveniente: “Estendido na eira o cereal a debulhar, defrontavam-se duas alas de malhadores que começavam por dar pancadas rítmicas e cadenciadas no mesmo ponto, at

GAFANHA: Coisas de antigamente - 2

Sementeiras e colheitas eram feitas   em espírito de entreajuda   Nas primeiras décadas do século XX, a terra começa a ser repartida e dez por cento da população emigra. Os proprietários maiores (ou remediados), como afirma o Padre Rezende, constituem seis por cento da população, sendo os proprietários menores cerca de 50 por cento. Os jornaleiros são já 34 por cento da população da Gafanha. Também nesta altura surgem os Róis do Gado. Eram associação de socorros mútuos que os nossos avós criaram para se auxiliarem em caso de doença prolongada ou morte de animais. Leite de Vasconcelos sublinha que o nome destas Associações (Róis do Gado) era incorrecto porquanto também se destinavam aos donos. Sementeiras e colheitas eram feitas em espírito de entreajuda.  Os lavradores e seus familiares ajudavam os amigos e vizinhos para ganhar tempo. Os ajudados tinham de pagar na mesma moeda. Estas reminiscências comunitárias, que num ou noutro aspecto ainda perduram, constituem prova evi

GAFANHA: Coisas de antigamente – 1

: Jardim e esteiro Oudinot de outros tempos Há séculos o mar por aqui cirandava  Qualquer gafanhão que se preze e que da Gafanha procure saber o mínimo não ignora que há séculos o mar por aqui cirandava e que estes areais, agora férteis, foram construídos pouco a pouco pelos aluviões do Vouga e pelas ofertas das correntes marinhas. Aluviões e areias brancas, com anos e paciência da natureza, formam hoje rincão apetecido, não tanto por lavradores, que esses, a cair em desuso, deram lugar a industriais e comerciantes. Agora o apetite vem mais de quem tem dinheiro para construir e investir, quer em habitação própria, quer em espaços comerciais e industriais.  A agricultura, essa ficará para as horas de folga ou para servir de complemento à economia doméstica de operários e pequenos comerciantes e industriais. E já não será muito mau, nestes tempos em que, por exigências da UE, só os grandes agricultores terão hipóteses de sobreviver. Mas quem nos nossos dias aprecia os campos

GAFANHA DA NAZARÉ: Cortejo dos Reis

: TRADIÇÕES PARA ESPEVITAR A MEMÓRIA No domingo, 11 de Janeiro, vivi o Cortejo dos Reis experimentando a proximidade com as pessoas, muitas delas envolvidas na vivência desta antiga e sempre renovada tradição. Para quem gosta da sua terra, o encontro com alguns conterrâneos proporcionou-me a oportunidade de voltar aos tempos em que eu, menino, com meu irmão, mais novo três anos, participámos no Cortejo dos Reis, de uma ponta à outra, cada um com a sua cana às costas. Na ponta da cana lá ia a prenda para o Menino Jesus. Não consigo recordar toda a pequena carga, mas dela fazia parte um chouriço, um pequeno bacalhau e umas laranjas. Tudo o mais se varreu. Mas também é verdade que os nossos frágeis ombros não suportariam muito mais. O meu pai levou-nos até Remelha, de bicicleta, como era hábito na altura, entregando-nos ao cuidado de pessoa sua conhecida. Ainda me lembro de ouvir a minha mãe dizer que estaríamos assim a pagar uma sua promessa, coisa que na altura não compreendi. Mas

Linguajar dos gafanhões

: Triga-milha Salgadeira - Espécie de caixa grande, feita de paredes de cimento; Nesse lugar da casa, bastante aconchegado, salgava-se o porco, em camadas sucessivas de carne e sal e era o sustento das famílias para o ano todo. Claro que não havia a preocupação com a limpeza e a manutenção das casas que hoje há, pois como é de calcular, a zona circundante àquela onde estava implantada a salgadeira, ficava cheia de salitre! As pessoas trabalhavam de sol a sol para angariar o seu sustento, pelo que pouco lhe restava para este tipo de preocupações. Taleigo - Saco estreito e comprido usado para transportar a farinha de milho e de trigo; ir de taleigo à cabeça. Triga-milha - Pão feito com as farinhas de trigo e milho misturadas cozido no forno do lavrador e que era uma delícia. Sugo – Líquido escuro e viscoso, composto por urina, excrementos do porco e água, de cor acastanhada, que escorria por um furo, na parede da pocilga. Escorria para uma pequena fossa no exterior; sendo usado como

AS CASAS GAFANHOAS

: A Cale da Vila já competia com qualquer vila ou cidade, na década de 40 do século passado “A sucasa era destinada, como as poucas que ainda existem, para colocar a salgadeira e para arrecadação de algumas alfaias e ferramentas agrícolas, bem como para a instalação das camas das filhas do casal. Os filhos dormiam fora de casa: ou nas proas dos barcos presos ao moirão na borda, ou nas mesmas proas dos barcos cortados que para esse fim eram instalados nos pátios, ou ainda nos palheiros. Este costume vinha dar relevo ao rifão, ainda agora muito em voga: cama de rapaz solteiro - ninho de cão!”, lê-se na Monografia da Gafanha, do Padre João Vieira Rezende. “A altura destas casas, que tinham quanto muito duas pequenas janelas, não ultrapassava três metros. Ainda agora - prossegue o Padre Rezende - se nota o seu pouco pé direito, com as soleiras e soalhos quase empastados no solo. Concorrerá para isso a tradição e também o desabrigo da região”. Claro que este tipo de habitação foi-se modifi