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A mostrar mensagens de novembro, 2016

O Gafanhão e a Areia

Uma homenagem a todos os gafanhões Texto de Joaquim Matias    "Arquivo do Distrito de Aveiro",  n.º 36, 1943

A Gafanha e a sua água taumaturga

Se fosse hoje, D. João gostaria desta água serena «À Gafanha, a Verdemilho, a São Bernardo e à Presa eram os passeios que eu mais preferia nas minhas férias de professor de Coimbra. Quem me levava sobretudo à Gafanha era a água que, taumaturga por excelência, com o seu contacto, com o seu murmúrio, com as suas frescas exalações, me aquietavam brandamente os nervos, mais ou menos fora do ritmo pela continuidade das excitações académicas; e para tal ela não precisava mais do que duma sessão: à primeira vez era logo.» D. João Evangelista de Lima Vidal

Gafanha da Nazaré — Décima década

2000 – 2009 Jardim Oudinot Santo André no Canal de Mira, no Oudinot Entrámos na décima década de vida da freguesia e paróquia com a certeza de que o centenário teria de ser um acontecimento para ficar na memória do nosso povo. Cem anos não se celebram todos os dias e se olharmos para trás, para apreciar os caminhos andados, temos de reconhecer e admirar a luta constante e tenaz que foi necessária para alcançar o progresso, em vários setores, do material ao espiritual, numa perspetiva de contribuir de forma significativa para o bem-estar de todos os gafanhões, sejam eles de origem ou por opção pessoal. Fixando os nossos olhares na idosa senhora que é a Gafanha da Nazaré, vemos, com ternura, quanto ela quer e tem rejuvenescido nas últimas décadas, com os pés bem assentes no trabalho exemplar que nos foi legado pelos nossos avós.  Durante o Jubileu do ano 2000 há referências à construção da Tenda de Jacob, espaço de convívio e reflexão, na zona da Colónia Agrícola, e

Linguajar dos gafanhões

Para sorrir... Em tempos que já lá vão, apresentaram-se duas comadres para baptizar uma criança, juntamente com a mãe, da mesma. O abade inquiriu: Então como se vai chamar a criança? A 1.ª comadre respondeu: — Botelhana, Sr Prior! Botelhana! A 2.ª comadre retorquiu: — Prantelhana, Sr Prior, Prantelhana! Por fim, a mãe da criança também se pronunciou e anuiu: — Eu Cudcana. Depois de ter ouvido as três versões, o padre ficou confuso e levou algum tempo até descobrir. Afinal, isto traduzia a maneira de falar das gentes da Gafanha, nos princípios do século passado e todas queriam dizer o mesmo. Já naquela altura, como sempre, se aplicava à linguagem oral, a lei do menor esforço, pelo que, o povo despende a menor energia possível, para pronunciar as palavras (acto de fonação). Assim, o que as comadres queriam, realmente, dizer era o seguinte: 1.ª Comadre: — Bote-lhe Ana, Sr Prior! (botar – pôr, colocar) 2.ª Comadre — Prante-lhe Ana, Sr prior! (prantar – pôr, colocar) Mãe

O gafanhão visto por Frederico de Moura

Frederico de Moura Frederico de Moura, que foi médico em Vagos, escritor, político e homem da cultura, conhecedor profundo da alma e da determinação da nossa gente, em frases realistas, quais pedras preciosas buriladas, diz assim dos gafanhões: «O gafanhão — ou o avô do gafanhão — quando se foi às lombas para as cultivar sabia que ia investir contra vidro moído totalmente carenciado de matéria orgânica que desse qualquer quentura ao berço de uma planta. Ele bem via a mica a faiscar-lhe no lombo e bem sentia o vento a transmutar-lhe, de momento a momento, o versátil.» «Não se foi a ela com a esperança do filho que se achega ao colo maternal e ao seio opíparo que destila o leite da humana ternura. Nada disso! Ao invés, investiu com ela como enteado que não espera da madrasta a carícia rica de promessas, nem a generosidade que dá o pão milagroso…» «Quem surriba chão de areia não encontra onde enterrar raízes de esperança e quem irriga duna virgem sabe que mija numa peneira