PITADAS
DE SAL – 27
OS RATOS
Caríssima/o:
Muitos de nós habituados a olhar para as marinhas como se de
um postal ilustrado se tratasse, não imaginamos o quão difícil é caminhar nos
muros (e o caso complica-se quando, pelas várias circunstâncias, somos forçados
a correr). É um exercício de equilibrismo complicado que origina cambalhotas,
saltos, pontapés na atmosfera e, quantas vezes!, quedas aparatosas e banhos
forçados e inesperados.
Quem andar longe desta realidade perguntará a causa de
bailado tão intrigante. A resposta fácil remete para a qualidade dos serviços
de reparação … Porém, o que mais origina as roturas nos muros são os ratos; é
incrível como conseguem iludir os mais sagazes. Mergulham, escavam as tocas e,
de tal forma que aparecem depois com uma ninhada de ratinhos encantadores.
Entretanto, o “trabalho” está feito e se o marnoto não estiver atento arranja
uma carga de trabalhos…
Ora, como estamos num ecossistema que queremos perfeito, as
tocas dos ratos são ocupadas por enguias que fazem as delícias dos
“pescadores”: quando descobrem essas luras é quem mais arregaça a manga da
camisola e atira o braço com a mão à frente e grita e salta quando agarra a
enguia pela cabeça e, orgulhoso, exibe o troféu:
- Esta é das grandes! Duas destas fazem uma caldeirada!
Só que…
Verdade seja que o tio
António João era um verdadeiro campeão; tinha um faro especial; sempre que saía
para a pesca, trazia caldeirada e farta.
Um dia, começou a meter a
mão pelos buracos dos muros da marinha e a tirar cada enguia que era um
encanto... Rejubilava! Saltava! Dançava!
O pior foi quando, às
tantas, meteu a mão e soltou um grande grito praguejado…
Tirou a mão e lá vinha
agarrada … uma enorme ratazana que lhe deu uma valente dentada...
Era só sangue!...
Caldeirada terminada… e que
ficou como lembrança.
Manuel
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