Avançar para o conteúdo principal

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 323

PITADAS DE SAL – 53





FIGURAS DO MEU PRESÉPIO 

NATAL – 2012 

Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, 
com que o haveis de temperar? 
Tende sal em vós mesmos, 
e guardai a paz uns com os outros. 
Marcos 9:50 

Caríssima/o:

Estava tentado a escrever que este ano de 2012 passou muito depressa e quase me parece que não teve os dias todos, quando afinal até houve o 29 de fevereiro. Andámos pelas marinhas e, entretidos, o Natal surpreende-nos! 
Seguindo a tradição, vamos convocar algumas figuras que, com a ajuda de meus Netos, disporemos no Presépio que todos os anos reconstruímos. 

Porque mais jovem tem a primazia: o Ângelo, muito ao seu jeito, suave mas com firmeza, requisita o seu lugar. Se o não conhecesse, dir-lhe-ia que esperasse e deixasse acantonar os mais avançados na idade. Mas decidido como está, tem mesmo de ser, caso contrário estamos sujeitos àquela furiazinha do stique a voar para as nossas canelas como no tempo dos jogos na eira. Deixai que recorde desses tempos a paixão que tinha pela fotografia… Ainda hoje me admiro como nos metíamos num quarto escuro onde manobrava os ácidos e sais para «prender» as imagens ao papel! Aquele cheiro ao amoníaco ainda aqui está! E o Ângelo foi moço na Novazinha das Canas que era a marinha onde o ti Manel Elviro imperava como marnoto! Não adianto mais… Ali fica ele perto do lago a recordar essa faina e a engenhar como arranjar uns cobres para comprar papel para mais umas experiências.

Tantos marnotos! Só um ficará por todos. Vou convidar o ti Zé Lé, marnoto da Nojeira, para se sentar e ir desfiando o seu rosário naquela voz pausada e um tanto roufenha. Era também pedalada certa e vagarosa a que puxava a bicicleta que o levava à bateira.

De proprietários também a escolha não é fácil; mas o que ficou mais presente na imaginação foi o ti Zé Vieira, sem dúvida por ser o dono da Novazinha das Canas e eu privar muito com o respectivo marnoto. Demos-lhe espaço de largo que bom jeito lhe fará… 

Pescador nas marinhas só «conheci» um, o meu tio António João e já aqui expliquei a razão. Portanto, ponhamos-lhe a foice na mão e deixemo-lo à vontade que não gosta de se ver muito preso. 

Dos que iam ao bacalhau, só vou convidar o ti Artur Calção. Foi salgador e conversámos muito sobre a vida a bordo. E recordo o seu olhar triste quando desabafava: “Olha, rapaz, foram mais de cinquenta anos de mar… para ter esta miséria de reforma!” E a voz sumia-se…

Vamos então pela última figura!... Qual? 

O matador dos porcos. Fica pacificamente sentado o ti João André que, depois de morto e desmanchado o animal, vai aconchegar na salgadeira com sal novo a carne para governo da casa. 

E ficaríamos por aqui, quando um dos netos me interpela: “Ó Avô, e se puséssemos neste canto a bateira…” Como poderia resistir?! Venha a bateira!... 

A todos muitas e Boas-Festas! 

Manuel

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gafanha em "Recordações de Aveiro"

Foto da Família Ribau, cedida pelo Ângelo Ribau António Gomes da Rocha Madail escreveu na revista “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2 de 1966, um artigo com o título de “Impressões de Aveiro recolhidas em 1871».   Cita, em determinada altura, “Recordações de Aveiro”, de Guerra Leal, que aqui transcrevo: (…)  «No seguimento d'esta estrada ha uma ponte de um só arco, por baixo da qual atravessa o canal que vai a Ilhavo, Vista Alegre, Vagos, etc., e ha tambem a ponte denominada das Cambeias, proxima à Gafanha.  É curiosa e de data pouco remota a historia d'esta povoação original, que occupa uma pequena peninsula. Era tudo areal quando das partes de Mira para alli vieram os fundadores d' aquelIa colonia agricola, que á força de trabalho e perseverança conseguiu, com o lodo e moliço da ria, transformar uma grande parte do areal em terreno productivo. Foi crescendo a população, que já hoje conta uns 200 fogos, e o que fôra esteril areal pouco a pouco se transformou em fertil e

Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré

Alguns subsídios para a sua história Em 1888,  inicia-se a sementeira do penisco no pinhal velho, terminando, na área da atual Gafanha da Nazaré, em 1910. Somente em 1939 ultrapassou o sítio da capela de Nossa Senhora da Boa Hora, ficando a Mata da Gafanha posteriormente ligada à Mata de Mira. (MG) A Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré foi inaugurada numa segunda-feira, 8 de dezembro de 1958, Dia da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal. Contudo, o processo desenvolvido até àquela data foi demorado e complexo. Aliás, a sua existência legal data de 16 de novembro de 1936, decreto-lei 27 207. Os estudos do terreno foram iniciados pela Junta de Colonização Interna em 1937, onde se salientaram as «condições especiais de localização, vias de comunicação e características agrológicas», como se lê em “O Ilhavense”, que relata o dia festivo da inauguração. O projeto foi elaborado em 1942 e, após derrube da mata em 1947, começaram as obras no ano seguinte. Terraplanagens,

1.º Batizado

No livro dos assentos dos batizados realizados na Gafanha da Nazaré, obviamente depois da criação da paróquia, consta, como n.º 1, o nome de Maria, sem qualquer outra anotação no corpo da primeira página. Porém, na margem esquerda, debaixo do nome referido, tem a informação de que faleceu a 28-11-1910. Nada mais se sabe. O que se sabe e foi dado por adquirido é que o primeiro batizado, celebrado pelo nosso primeiro prior, Pe. João Ferreira Sardo, no dia 11 de setembro de 1910, foi Alexandrina Cordeiro. Admitimos que o nosso primeiro prior tomou posse como pároco no dia 10 de setembro de 1910, data que o Pe. João Vieira Rezende terá considerado como o da institucionalização da paróquia, criada por decreto do Bispo de Coimbra em 31 de agosto do referido ano. Diz assim o assento: «Na Capella da Cale da Villa, deste logar da Gafanha e freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, do mesmo logar servindo provisoriamente de Egreja parochial da freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, concelho d’Ilh