Caríssima/o:
Pitada a pitada, semana a semana, fomos andando por aí, como agora se diz. Não sei se éramos muitos se poucos, mas a mim deu-me muito prazer, qual galgo à solta, andarilhar como perdido à busca de memórias vividas. É tempo de resguardar o sal (agora tem de ser com um plástico…).
Mas, antes de me ir embora afastando-me das marinhas, permiti que abrace um velho amigo que, ao longo dos anos me acompanhou e proporcionou aventuras as mais fantásticas e incríveis, qual delas a mais inesperada… Não minto se vos disser que, sentado à minha beira, com a Madalena e minha Mulher, reviveu e recontou muitas destas pitadas. Obrigado, Baltazar!
Demos então a voz ao poeta que reservei para hoje:
O SAL DA LÍNGUA
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade
A todos desejo um 2013 pleno de saúde, felicidade, paz e amor!
Manuel
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