PITADAS
DE SAL – 34
CORRIDAS DE BATEIRAS
… E AS OLIMPÍADAS
Caríssima/o:
Terminado mais um dia de intensa faina
na marinha da Novazinha das Canas, o ti Manel Elviro deu as ordens devidas para
iniciarmos o regresso. Momento sempre ansiado por todos, cada um com as suas
razões e com o seu lugar e tarefa na bateira. Parece que ainda estou a ver:
chegados à Cale e aproados para atravessar, era certo ouvirmos o entusiasmo do
Ângelo:
- Ali vão eles! Aquilo é que é andar!
E, de fato, eles lá iam a remar como
valentes e a competir bateira com bateira; ele até sabia os nomes deles e as
marinhas que amanhavam…
Não admira[va], pois, que estes “[R]apazes fortes, rijos, queimados pelo sol
e curtidos pelo sal e pelo lodo, ei-los que durante anos ergueram bem alto o
nome do Galitos, nos jogos olímpicos de 1948 e 1952, competindo em remo”.
Era, sem dúvida, desta “escola” que
saíram os que “[E]m
1948 e em 1952, tripulações de sheel de 8 (remo) participaram nas Olimpíadas de
Londres e de Helsínquia, respetivamente. No conjunto, as duas englobaram 14
remadores dos quais apenas um não era marnoto. Estes desportistas juntavam à
resistência física adquirida na faina e à familiarização com os remos com que
moviam as bateiras nas deslocações diárias para as marinhas, no trajeto de ida
e no de volta, o treino específico. Como atletas ganharam a nível nacional e
ibérico 'tudo quanto havia para ganhar' ao longo de mais de uma década,
congregaram a dupla faceta de marnotos e de remadores. ...” [Énio Semedo, Ecomuseu do salgado
de Aveiro, 204]
Ora bem: em plena jornada olímpica o
Ângelo terminou a sua corrida. Enquanto correu, fez quanto lhe competia: puxava
e animava os outros para que não ficassem para trás!
Que o seu querer e o seu ser, nos
estimulem a não virarmos a cara ao nosso ouro olímpico!
Manuel
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