sábado, 15 de dezembro de 2018

Gafanha da Encarnação

Gafanha da  Encarnação - Estufa


Costa Nova - Igreja 


A Gafanha da Encarnação insere-se na área geográfica das freguesias desmembradas de São Salvador, Ílhavo, constituindo uma identidade própria. Podemos dizer, com propriedade, que fazem parte de um todo, com características bem definidas. São elas as freguesias das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. As suas gentes têm sensivelmente as mesmas origens, as mesmas ocupações, as mesmas tradições, a mesma fé. 
Da comunidade humana, que assentou e criou raízes nestes areais inóspitos no século XVII, brotou a comunidade religiosa, com anseios,  normais, de independência, em relação às freguesias e paróquias a que estava ligada, inicialmente de terras de Vagos e depois de São Salvador. Daí nasceu o movimento que levou à constituição da freguesia, que ocorreu pela publicação do Decreto número  12 612, publicado no DG número 250, primeira  série, de 8 de novembro de 1926, em resposta «à representação de vários cidadãos eleitores do mesmo lugar, pela qual se verifica tal urgência». 
O Decreto, assinado em 1 de novembro daquele ano pelo Presidente da República, António Óscar de Fragoso Carmona, e demais autoridades governamentais, esclarece que na nova freguesia está «integrado o lugar da Costa Nova do Prado». 
A nova freguesia foi gerida por uma Comissão Administrativa até 15 de agosto de 1930, data em que tomou posse a primeira Junta de Freguesia, presidida João Ferreira Félix. 
A paróquia de Nossa Senhora da Encarnação, porém, só foi ereta canonicamente em 3 de maio de 1928 pelo Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Coelho da Silva, diocese a que pertencia a nossa região. Nessa data, a nova paróquia é desmembrada da paróquia de São Salvador, de Ílhavo. Refere o Decreto do Bispo que no requerimento dos moradores dos lugares da Gafanha da Encarnação e Praia da Costa Nova do Prado, freguesia de Ílhavo, se pede a criação de uma paróquia no lugar da Gafanha da Encarnação, tendo sido ouvido o pároco de Ílhavo. Diz ainda que «esta nova freguesia [paróquia] fica anexada à freguesia [paróquia] de Ílhavo até que tenha residência paroquial própria. Só  depois disso lhe nomearemos pároco». 
Entretanto, o primeiro pároco, Padre João Vieira Rezende, foi nomeado, tendo exercido funções entre 10 de novembro de 1928 e 1948. A elevação a vila aconteceu em 9 de dezembro de 2004, no âmbito da Assembleia da República, nos termos da alínea c) do artigo 161 da Constituição. 
A promulgação do Presidente da República tem data de 7 de janeiro de 2005. No requerimento enviado à Assembleia da República, para além das notas histórias sempre importantes, sublinha-se a evolução crescente da freguesia, quer ao nível social e demográfico, quer cultural e económico. 
A Gafanha da Encarnação, beneficiando da proximidade do mar, da ria e do Porto de Aveiro, polo notório de desenvolvimento acentuado nas últimas décadas, tem sido palco de crescimento em variados setores, sendo justo realçar a dinâmica imposta pela Zona Industrial da Mota do Município de Ílhavo, com cerca de uma centena de empresas, as quais empregam, direta ou indiretamente, muitas centenas de trabalhadores e técnicos qualificados, graças a empresários com visão de futuro. 
Deixando para outra ocasião as áreas culturais, sociais, educacionais, recreativos, religiosas e desportivas, importa frisar que o povo da freguesia da Gafanha da Encarnação tem sabido contribuir para o progresso da sua terra, pelo bairrismo e capacidade criativa que ostenta no seu dia a dia. 
Quem fala ou escreve sobre esta freguesia do concelho de Ílhavo não pode nem deve esquecer o lugar da Costa Nova do Prado (Costa Nova, no dia a dia) que é parte integrante da comunidade, desde o seu início, como se diz acima. Curiosamente, a Costa Nova é paróquia, dedicada a Nossa Senhora da Saúde, tendo sido criada em 16 de julho de 1989, por decreto do Bispo de Aveiro, D. António Marcelino. 

Fernando Martins 

NOTA: Texto publicado no jornal "VOZ sénior" da US-GN, relativo a novembro de 2018.

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