domingo, 1 de janeiro de 2017

Cruzeiro da Gafanha do Carmo



No dia 29, quinta-feira, senti um apelo que me levou a passar pela Gafanha do Carmo. Eram as minhas raízes, do lado materno, a chamarem-me. A minha avó Custódia Luís Ferreira nasceu na então Gafanha dos Caseiros, em 28-08-1867.

Em adolescente e jovem por lá andei imensas vezes de casa em casa com os meus pais. Na rua por onde andava pouco resta daquilo que conheci há uns 70 anos. Passei, olhei numa tentativa de recordar. E fui atraído pelo cruzeiro que é quase da minha idade. Parei, fotografei, procurei registos, mas nada. Um casal que terá apreciado a minha curiosidade suscitou uma curta conversa. Garantiu-me que está como na origem, apesar de ter sido derrubado por um carro que se despistou. O marido da senhora evocou que ele próprio e uns vizinhos tiveram o cuidado de o reconstruir, aproveitando ao máximo o que era de aproveitar. E lá está ele. 
Na minha memória estava um cruzeiro maior, mas não, não senhor. Disse a senhora: — Talvez por nessa altura o senhor ser menino… 
É verdade. Em menino, coisas pequenas parecem-nos maiores. A memória não será tão rigorosa quanto julgamos.
Depois fui à cata. E aqui fica a nota do Padre Resende na sua Monografia:

«O terceiro Cruzeiro, ou melhor o Cruzeiro-Crucifixo, foi benzido e inaugurado na Gafanha do Carmo em 21 de Agosto de 1939, em Comemoração dos Centenários da Independência e Restauração de Portugal. Sobre a base com três degraus de cimento assenta o Crucifixo de pedra de Ançã, medindo a altura do conjunto 2m,50. 
O terreno e alguns materiais para a construção foram cedidos por Joaquim Maria Caçador.
O resto da despesa, que foi de 240$00, foi custeado pela Irmandade de Nossa Senhora do Carmo.»

Notas:

1. Atrevo-me a sugerir que seja aplicada no cruzeiro uma placa simples com a legenda: "Inaugurado em 21 de Agosto de 1939  - Irmandade de Nossa Senhora do Carmo". É importante esclarecer quem passa, seja gente da terra ou algum turista, como foi o meu caso.

2. Algumas vezes ouvi, até de gente com alguma cultura, que os cruzeiros são pelourinhos. Não têm nada a ver com os pelourinhos. São, simplesmente, monumentos religiosos comemorativos da Independência e Restauração de Portugal.

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