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Tecendo a vida umas coisitas – 311

PITADAS DE SAL – 41 




ANCORADOUROS 

Caríssima/o:

O que aí fica como «imagem» dava pano para mangas e ainda sobrava para fazer uma vela para o nosso bote. De fato, a listagem encontrei-a no livro “ I Seminário Internacional sobre O SAL PORTUGUÊS”, na página 243, num trabalho de Miguel Nogueira: «Imagens cartográficas da vitalidade económica da Ria de Aveiro em 1934». 

Como alguns, também procurei o “cais” que ficava mais perto de minha casa; e lá está: é o número 105 – Desembarcadouro da Ponte da Cambeia. Contudo, e pensando melhor, depois das primeiras e mais fortes emoções (que estes encontros dão-nos sempre voltas à cabeça…), me parece que o 106 – Desembarcadouro da Ponte do Paredão terá sido mais impressivo na minha meninice. 

O que nos traz aqui é o sal e não vamos dar mergulhos nem cair à água, ou ficar estáticos a “remirar” pela milésima vez o “postal” trazido pelos labregos a navegar pelo Esteiro Grande e a querer passar por baixo da Ponte (claro que tinha que ser por baixo!...), no pico da maré cheia! Oh tristes! O que eles ralhavam, praguejavam, retesavam os músculos… 
Ou então o da chegada do barco que trazia as compras feitas em Aveiro nesse domingo de madrugada, anunciada pelo búzio… 

Mas é de sal que se trata… Acompanhemos Miguel Nogueira em dois parágrafos: 


«Também se reconhece que junto aos grandes centros populacionais existe um importante ponto de acostagem, ou de transbordo se assim for entendido, uma vez que, para além de uma parte das mercadorias que ali ficaria para consumo local, se presume que uma percentagem significativa daria entrada nos circuitos rodoviários ou ferroviários para chegar a outras regiões do país, ou que destes integraria os circuitos fluviais e/ou marítimos para, nestes meios de transporte, chegar a outros pontos do país ou estrangeiro. […] 

O Sal foi propositadamente relegado para última análise, cartografado no Mapa 5. A circular preferencialmente em grandes embarcações, o volume total transportado ultrapassou as 80 mil toneladas (83230 ton.) e 98% deste produto foi desembarcado em 37 postos. O Sal, não sendo o produto com o maior volume total de mercadoria transportada, é contudo aquele que regista o valor mais elevado desembarcado num dos postos de acostagem considerados:45 mil toneladas no Cais de São Roque, em Aveiro! Dos 34 postos, 31 recebem quantidades muito pequenas, provavelmente destinadas ao consumo local. Contudo, o Sal é quase exclusivamente desembarcado (90% do total desembarcado) em 3 pontos da Ria: no Cais de Ovar (10 mil ton.), no Cais de Estarreja (20 mil ton.) e em Aveiro, como já foi referido. 

Assim, esta distribuição espacial peculiar parece estar relacionada com a proximidade a importantes centros demográficos, consumidores mas também redistribuidores, dada a curta distância para o Porto, no caso de Ovar, ou ao caminho-de-ferro, no caso de Estarreja.» 

Manuel

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