Sou do tempo em que a apanha dos berbigões (cricos) e outros bivalves era livre. Os gafanhões e visitantes tinham acesso à ria por todos os lados e dela se serviam, de alguma maneira, para a sua alimentação. Sobretudo nas horas livres, lá ia o pessoal apanhar os cricos, entre outras ofertas da laguna, que existiam em abundância e não custavam nada. Depois, tudo se comia às refeições, segundo receitas elementares, que não lhe retiravam o sabor. E a experiência secular não deixava de alertar para se respeitar o tempo de defeso, que coincidia com o perigo das toxinas que provocavam diarreias. Toda a gente sabia que nos meses sem "r" (maio, junho, julho e agosto) era proibido comer marisco. Agora, pelo que me dizem, a ria está a ser explorada por viveiristas e nela, nas zonas não concessionadas, só com licença é autorizada a apanha. Hoje por ali andavam algumas pessoas, atarefadas, apanhando umas coisitas para alguma patuscada. Que saudades tenho de tudo isso!
Foto da Família Ribau, cedida pelo Ângelo Ribau António Gomes da Rocha Madail escreveu na revista “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2 de 1966, um artigo com o título de “Impressões de Aveiro recolhidas em 1871». Cita, em determinada altura, “Recordações de Aveiro”, de Guerra Leal, que aqui transcrevo: (…) «No seguimento d'esta estrada ha uma ponte de um só arco, por baixo da qual atravessa o canal que vai a Ilhavo, Vista Alegre, Vagos, etc., e ha tambem a ponte denominada das Cambeias, proxima à Gafanha. É curiosa e de data pouco remota a historia d'esta povoação original, que occupa uma pequena peninsula. Era tudo areal quando das partes de Mira para alli vieram os fundadores d' aquelIa colonia agricola, que á força de trabalho e perseverança conseguiu, com o lodo e moliço da ria, transformar uma grande parte do areal em terreno productivo. Foi crescendo a população, que já hoje conta uns 200 fogos, e o que fôra esteril areal pouco a pouco se transformou em fertil e
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