Ontem, sábado, 6 de Julho, realizou-se o XXXIX Festival Nacional de Folclore, com abertura na Casa Gafanhoa, espaço museológico da nossa terra. Seguiu-se o jantar com os ranchos e convidados, na Sede do CEGN. O festival veio a seguir.
NOTA: Para esta edição, escrevi o seguinte:
Evocando primórdios da nossa terra
Como manda a tradição, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) organizou mais um festival na nossa cidade, o número XXXIX, que movimenta muita gente, da nossa terra e região, mas também dos ranchos ou grupos convidados.
O GEGN, que completa 41 anos de vida em 1 de setembro de 2024, continuará a pesquisar as fontes das nossas tradições, recorrendo à memória dos mais idosos, sobretudo, mas ainda a leituras dos mais variados escritores, nomeadamente, romancistas, historiadores e músicos das mais diversas épocas, sem esquecer os poetas populares e até os eruditos, especialmente da região das Gafanhas, ocupada por gentes desde o século XVII.
Não se julgue, porém, que essas tarefas cabem aos gafanhões nados e criados nas Gafanhas, mas a todos os residentes, tenham eles as origens que tiverem. Aliás, na região das Gafanhas há residentes de todos os recantos do nosso país e do estrangeiro, por razões profissionais, nomeadamente, agricultura, pescas, secas do bacalhau, estaleiros, etc.
Curiosamente, o Etnográfico da Gafanha da Nazaré conta no seu historial os dois primeiros e únicos presidentes (Alfredo Ferreira da Silva, de Macinhata do Vouga, e José Manuel da Cunha Pereira, de Celorico de Basto, que veio para a nossa terra com 14 anos), a quem devemos muito pelo esforço, dedicação e saber. Sem o entusiasmo deles e de quantos os apoiam e acompanham, o Etnográfico não seria o que é presentemente, levando as nossas tradições a diversos recantos de Portugal e do estrangeiro, na certeza de que assim dignificam o nosso povo, o qual, à força de trabalho insano, transformou areias estéreis em terra fertilíssima, ao mesmo tempo que deu espaço a indústrias e comércio variados.
O estudo da Etnografia e do Folclore não pode ignorar as nossas raízes de gente de trabalho duro, ignorando a fixação de pessoas oriundas de diversificadas regiões para as mais variadas profissões. “A fixação dos forasteiros e a implantação de outras infraestruturas produtivas acabaram por provocar uma alteração da comunidade tradicional, outrora marcada pelo predomínio das atividades do setor primário: agricultura, pesca e apanha do moliço, que muito contribuíram para o enriquecimento do solo, tornando-o mais fértil de toda a área litoral, quebrando os laços de solidariedade mecânica que durante décadas uniram esta comunidade, como se pode ler em “Gafanha da Nazaré — Escola e comunidade numa sociedade em mudança”.
Fernando Martins
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