terça-feira, 8 de março de 2016

Gafanha da Nazaré — Segunda Década

Prior Guerra
1920 - 1929

Algumas considerações
sobre a nossa freguesia e paróquia

Dez anos depois, a vida continuava, num crescendo notório. Em 1921, no dia 25 de julho, é benzido o Cemitério Paroquial, terminando o sacrifício dos enterros e demais trabalhos inerentes aos funerais. As obras da igreja matriz prosseguiam e empregos sucediam-se. A agricultura continuava a ser a base da subsistência do povo. Emigração foi mais um caminho de desenvolvimento pessoal e familiar.
Schwalbach Lucci, citado por Jorge Arroteia em “Gafanha da Nazaré — Escola e comunidade numa sociedade em mudança”, diz, em 1918:
«Alguns indivíduos compraram a terra a crédito e, após a transacção, emigraram temporariamente para a Califórnia, forcejando por juntar a soma precisa para o pagamento da dívida contraída. Não é uma deslocação de carácter permanente, pois deixaram frequentemente a substituí-los nos trabalhos da metrópole as esposas: até servem de arrais.»

Em 5 de outubro de 1922, o Padre José Francisco Corujo [Prior Guerra] assume a paroquialidade da Gafanha da Nazaré, substituindo o Prior Sardo, por doença, que é nomeado coadjutor em novembro do mesmo ano. Em 20 de Dezembro de 1925 faleceu o Prior Sardo, sendo sepultado no cemitério paroquial, em jazigo cujo terreno foi doado pela Junta de Freguesia.
Em 1926, o Bispo D. António Antunes, Bispo Coadjutor de D. Manuel Luís Coelho da Silva, Bispo de Coimbra, crisma, na Gafanha da Nazaré, «cerca de 160 pessoas».
Como nota curiosa, em “Lima Vidal e o seu tempo”, o autor [João Gonçalves Gaspar], citando o nosso primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, garante: «Também não me deixaria de fazer uma certa impressão o facto de o novo bispo de Coimbra, D. Manuel Luís Coelho da Silva, tão perto de Aveiro, durante mais de duas dezenas de anos nunca a ter visitado pastoralmente e só uma vez, de passagem para Ílhavo, ter recebido o clero numa garagem.» 
A Gafanha da Encarnação nasce como freguesia civil e paróquia, desmembrando-se de São Salvador, respectivamente, em 8 de Novembro de 1926 (decreto n.º 12612) e 3 de Maio de 1928.
A primeira República permanecia no caos, com Governos a multiplicarem-se e as finanças públicas a ameaçarem bancarrota. Como consequência disso, surge o golpe de Estado sob comando do General Gomes da Costa, bem apoiado pelas forças da direita política, monárquicos e republicanos descontentes. Tudo aconteceu em 28 de Maio de 1926, abrindo-se, deste modo, as portas ao chamado Estado Novo, onde se impôs o Dr. Salazar. 
Em 1929 a Gafanha da Nazaré e as praias da Barra e Costa Nova passam a ter transporte de passageiros assegurado pela futura Auto Viação Aveirense, criada, por escritura notarial, em 1935.
Até essa altura, duas camionetas da carreira, com eram designadas, conduzidas por Ricardo Ferreira Sardo e Domingos Rodrigues Marçal, estabeleciam as ligações a Aveiro com horários pré-definidos. 


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