Foto da Família Ribau, cedida pelo Ângelo Ribau
António Gomes da Rocha Madail escreveu na revista “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2 de 1966, um artigo com o título de “Impressões de Aveiro recolhidas em 1871». Cita, em determinada altura, “Recordações de Aveiro”, de Guerra Leal, que aqui transcrevo:
(…)
«No seguimento d'esta estrada ha uma ponte de um só arco, por baixo da qual atravessa o canal que vai a Ilhavo, Vista Alegre, Vagos, etc., e ha tambem a ponte denominada das Cambeias, proxima à Gafanha.
É curiosa e de data pouco remota a historia d'esta povoação original, que occupa uma pequena peninsula. Era tudo areal quando das partes de Mira para alli vieram os fundadores d' aquelIa colonia agricola, que á força de trabalho e perseverança conseguiu, com o lodo e moliço da ria, transformar uma grande parte do areal em terreno productivo. Foi crescendo a população, que já hoje conta uns 200 fogos, e o que fôra esteril areal pouco a pouco se transformou em fertil e extensa campina, que fornece o mercado de Aveiro de muito milho, feijão, ervilha, batata, hortaliça, gallinhas, ovos, etc.
Os anhos da Gafanha são muito apreciados, pelo sabor agradavel e especial da carne.
Não ha alli arvores fructiferas nem vinhas, porque a camada de terra productiva, pela sua pequena profundidade, lhes não permite crescimento.
São denominados gafanhões os habitantes da Gafanha, a seu typo physionomico denuncia feicão árabe, os homens são robustos e de boas fórmas, e as mulheres de mediana estatura, mas cheias e vigorosas. São de caracter expansivo e indole benevola. É raridade o casamento de um gafanhão, homem ou mulher, fora da colonia, que talvez por isso conserva immutavel a sua feição primitiva. Cada nova casa edificada é signal de que um novo casal se estabeleceu. Há alli duas capelIas, modestas, mas decentes, edificadas e consagradas ao culto, à custa da colonia.
Em junho do anno passado vivia, e talvez viva ainda, a matriarcha d'aquelIa povoação. Chamavam-lhe a tia Joanna e parecIa que, embebecida no fumo do seu cachimbo, se deslembrava da conta do tempo abrangido pelos seus 90 janeiros. É a idade que nos disseram deveria ter.»
(…)
Comentários
Os Ribau da fotografia, serão ascendentes directos do Engº José Ribau Esteves, por acaso?
A. Sottomayor
A propósito do que se descreve neste texto sobre o aproveitamento agrícola das areias das Gafanhas, deixo a curiosidade do facto de ter havido, em terrenos da minha família na Costa Nova, uma exploração hortícola ainda relativamente grande, tanto quanto sei pelo que me contaram, desenvolvida e explorada por gente vinda da Aguçadoura (Póvoa de Varzim). Já não é do meu tempo, claro, e na época a faixa de areia da Costa Nova era bastante mais larga, o que fazia com que a distância ao mar ainda permitisse a cultura. Ainda assim, relativamente às culturas nas Gafanhas ficava muito mais próximo do mar.
FM
NOTA: Este comentário substitui o que cortei, por conter uma imprecisão.
FM
Fernando Martins
Para as pessoas que tem facebook, há um grupo com o nome "Ribau e origens genealógicas da Gafanha".
Já existe alguns livros de algumas famílias e as suas origens.
- Ribau, apareceu na Gafanha com Manuel Nunes Giraldo, nascido aqui, a 02 de Dezembro de 1769;
- Ramos, nasceu na Gafanha com os filhos do casal Manuel André e Maria Francisca, que tinham casado a 09 de Junho de 1748, ambos nascidos na Gafanha;
- Sardo, nasceram derivado às características físicas de António Ferreira, que nasceu na Gafanha, a 30 de Maio de 1758;
- Fidalgo, nasceu de um sobrinho de António Ferreira, o Sardo, o José Ferreira, filho de Joaquim André Ferreira;
- Os Figueiredo, Caleiro, Garrelhas e outros, descenderam de outros sobrenomes já existentes por cá.