segunda-feira, 1 de novembro de 2010

As Senhoras Mestras da Catequese

Igreja Antiga



A Minha Mestra Joana Rosa Bola

A minha Mestra, senhora Joana Rosa Bola, recebia-nos numa sala onde ficávamos sentados no chão, em círculo. Ela, se bem recordo, estava sentada numa manta de tiras. Extremamente bondosa, tinha uma paciência de santa e um sorriso encantador.
Solteira, vivia um pouco da agricultura, mas também era tecedeira, onde fazia passadeiras e mantas de tiras a quem lhas encomendava. As pessoas, sobretudo mulheres e raparigas casadoiras, levavam-lhe as tiras feitas de roupa velha. Escuras para as passadeiras e brancas para as mantas. Faziam-nas ao serão ou em dias de muito frio e chuva, que impediam os trabalhos agrícolas. Num desses serões, a que assisti, um namorado cortava as tiras, enquanto a menina as ia ligando, antes de fazer os rolos.
A senhora Mestra dedicava muito do seu tempo ao ensino da catequese, assumindo essa tarefa como missão. Recordo com saudade a maneira como ela nos olhava e a devoção com que nos iniciava nos caminhos da fé e da devoção a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora.
Era um ensino fortemente voltado para a repetição das orações fundamentais e para os conhecimentos básicos, em especial, o Pai-Nosso, Ave-Maria, Salve-Rainha, Confissão, entre outras. Não ficavam de fora os Mandamentos da Lei Deus e os Mandamentos da Santa Madre Igreja, os Pecados Veniais e Mortais, os Sacramentos, etc.
A senhora Mestra era-o para toda a vida. Quando me cruzava com ela, tinha sempre uma atenção para com esta mulher, boa por condição e generosa por natureza. E ela jamais deixava de nos sorrir e de nos perguntar pormenores da nossa vida, alegrando-se com o que ouvia de bom. Esse meu comportamento era estimulado por minha mãe. Decerto acontecia com os meus colegas e amigos, meninos e meninas, já que na catequese não havia discriminação de sexos como, aliás, acontecia na escola primária, em que havia salas para rapazes e salas para raparigas. 

Fernando Martins


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