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Primórdios da Gafanha - I

Século XVII — Os registos mais antigos garantem que nesta faixa se fixaram, no século XVII, os avós dos gafanhões que, no princípio do século XX, quiseram organizar-se como comunidade administrativa e religiosa, pugnando por aquilo que consideravam ser justo para a sua identidade, enquanto se reviam como sociedade organizada, trabalhadora e solidária. Eram fundamentalmente agricultores. Ainda não seriam identificados como gafanhões.


1677 — Em 1677, afirma o Padre Resende na sua MG, que «São feitos aforamentos por leiras, sendo de concluir que a cultura dos areais da Gafanha fosse anterior a essa data. Seriam seus agricultores os primitivos povoadores da Gafanha: Manuel da Rocha Tanoeiro, de Vagos; António Matias; Manuel Rodrigues Chino; Manuel Alves Zagalo; Domingos Francisco Bico.»

De 1677 a 1727 — O «Conde de Aveiras, ao tempo directo senhorio das Quintas da Mó-do-Meio, Preguiceiro e Carramão, isto é, de toda a orla que borda a Ria desde o actual Estaleiro até à mota que dá passagem para a Costa Nova», faz «vários aforamentos dessas quintas por leiras e, por último, vende-os ao capitão-mor, Luís da Gama Ribeiro Rangel de Quadros e Maia, governador da Barra de Aveiro e Juiz da Alfândega e seu pai Carlos Ribeiro da Maia, de Aveiro, que por sua vez as venderam por arrematação a Francisco António Camelo, o qual as deixou por herança a seu filho Fernando José Camelo, e este juntamente com toda a sua casa as deixou por testamento a seu segundo primo João Lopes Ferreira». (MG)

1800 — A Gafanha era já bastante povoada, na sua maioria por foreirosm, e em 1808, a 3 de Abril, Luís Gomes de Carvalho, «pelas sete horas da tarde, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota, no frágil obstáculo que separava a ria do mar, deu passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica, depois de uma opressão que durara sessenta anos», como escreveu o Comandante Rocha e Cunha, em 1923. É altura de sublinhar que a Gafanha muito ficou a dever à nova Barra de Aveiro, podendo nós, com propriedade, dizer que a nossa terra é filha do porto.

1818 — Dez anos depois, em Abril de 1818, é assinada a escritura da Capela de Nossa Senhora da Nazaré no lugar da Gafanha e em 21 de Março de 1835 dá-se a transferência religiosa da Gafanha, de Vagos para Ílhavo. A desanexação civil acontecerá, oficialmente, em 31 de Dezembro de 1853. Porém, somente em 24 de Outubro de 1855 é que, na prática, tal aconteceu. Há quem defenda que foi em 19 de Setembro de 1856.

Comentários

Sérgio Lopes disse…
Agradeço-lhe pelo serviço que vai prestando neste blogue.

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