Quando me propus registar pedaços da história da Gafanha da Nazaré, ouvidos uns e vividos outros, socorri-me da memória. E logo reconheci, de forma mais palpável, a sua importância. Com ela, e graças a ela, consigo desenhar percursos, meus e de outros, e compreender os alicerces das gentes desta terra que durante muitas décadas construíram a aldeia, depois a freguesia e mais tarde a vila e a cidade.
Senti, então, enquanto retrocedia no tempo, como a memória explica sentimentos, quantas vezes esculpidos nos acontecimentos que vivi ou vi de perto, mas também que foram experimentados por tantos outros e que passaram de boca em boca. Com a memória revivi interrogações, desafios, barreiras e sucessos que encheram a alma dos gafanhões.
Qual montanha que foi crescendo em mim, a memória permitiu-me um olhar crítico sobre o passado. E lá do cimo, ao mesmo tempo que me mostrou panorâmicas a perder de vista, contemplei suor e lágrimas de quem apostou transformar dunas estéreis em terra fértil, à custa de canseiras e de uma determinação exemplar.
A memória diz-me que povo aqui se fixou: povo que apostou em vencer, recuando e crescendo, planeando e desistindo; povo que construiu e destruiu até encontrar o ponto certo da sua identidade, marcada pelo mar e pela ria que a foram moldando.
Os usos e costumes que antes de nós foram cultivados, que vivemos e que ajudámos a transmitir às gerações mais novas, aí estão na minha memória, como fatia insignificante, mas riquíssima, ou qual grão de areia minúsculo do universo. Com uma singularidade própria, apesar de tudo, que enriquece a história do povo gafanhão.
Se pensarmos bem, cada um de nós faz parte de uma tribo ou clã, com seus hábitos, a vários níveis: familiares, sociais, políticos, educativos, culturais e religiosos. Hábitos que, se não forem acautelados e preservados, poderão perder-se de forma irreparável, perdendo-se também o substrato da nossa maneira de ser e de pensar, da nossa educação, das nossas inclinações ou tendências, da nossa personalidade.
A memória ainda me diz que as nossas ânsias de saber e de progredir em vários campos, inclusive espirituais, estão profundamente ligadas a muito do que herdámos dos nossos antepassados e que fomos burilando ao sabor da nossa capacidade de interiorizar, mas também assumindo culturas e valores que armazenámos no nosso inconsciente ou subconsciente.
Daí o meu bem-haja à minha memória, que será a garantia de que muito poderei oferecer aos meus leitores. Outras ofertas virão de documentos e de relatos que ao longo da vida fui registando e arquivando.
Fernando Martins
Senti, então, enquanto retrocedia no tempo, como a memória explica sentimentos, quantas vezes esculpidos nos acontecimentos que vivi ou vi de perto, mas também que foram experimentados por tantos outros e que passaram de boca em boca. Com a memória revivi interrogações, desafios, barreiras e sucessos que encheram a alma dos gafanhões.
Qual montanha que foi crescendo em mim, a memória permitiu-me um olhar crítico sobre o passado. E lá do cimo, ao mesmo tempo que me mostrou panorâmicas a perder de vista, contemplei suor e lágrimas de quem apostou transformar dunas estéreis em terra fértil, à custa de canseiras e de uma determinação exemplar.
A memória diz-me que povo aqui se fixou: povo que apostou em vencer, recuando e crescendo, planeando e desistindo; povo que construiu e destruiu até encontrar o ponto certo da sua identidade, marcada pelo mar e pela ria que a foram moldando.
Os usos e costumes que antes de nós foram cultivados, que vivemos e que ajudámos a transmitir às gerações mais novas, aí estão na minha memória, como fatia insignificante, mas riquíssima, ou qual grão de areia minúsculo do universo. Com uma singularidade própria, apesar de tudo, que enriquece a história do povo gafanhão.
Se pensarmos bem, cada um de nós faz parte de uma tribo ou clã, com seus hábitos, a vários níveis: familiares, sociais, políticos, educativos, culturais e religiosos. Hábitos que, se não forem acautelados e preservados, poderão perder-se de forma irreparável, perdendo-se também o substrato da nossa maneira de ser e de pensar, da nossa educação, das nossas inclinações ou tendências, da nossa personalidade.
A memória ainda me diz que as nossas ânsias de saber e de progredir em vários campos, inclusive espirituais, estão profundamente ligadas a muito do que herdámos dos nossos antepassados e que fomos burilando ao sabor da nossa capacidade de interiorizar, mas também assumindo culturas e valores que armazenámos no nosso inconsciente ou subconsciente.
Daí o meu bem-haja à minha memória, que será a garantia de que muito poderei oferecer aos meus leitores. Outras ofertas virão de documentos e de relatos que ao longo da vida fui registando e arquivando.
Fernando Martins
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