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Auto de Revista da Capela de Nossa Senhora da Nazaré

“Aos trinta do mês de Julho do anno do Nascimento de N. S. Jesus Christo de mil novecentos e dez, no logar da Gafanha e do concelho d’Ilhavo d’esta Diocese de Coimbra, compareceram o M. R. Arcypreste do Districto Eclesiástico d’Aveiro, Manuel Ferreira Pinto de Sousa, comigo António Joaquim Soares de Rezende, escrivão mas em cumprimento da Ordem junto que lhe foi dirigida pelo Exm.º e Rev.mo Prelado diocesano, para responder aos artigos na mesma mencionada, para a creação duma nova parochia no referido logar da Gafanha, creada por decreto de vinte e três de Junho do corrente anno. E, passado, digo, passando o M. R. Arcypreste a responder, sobre os mesmos artigos, disse ao primeiro, que o Orago da nova freguesia devia ser - Nossa Senhora da Nasareth - por ser esta a vontade dos novos parochianos (o que acha muito justo) visto que a mesma Capella foi sempre dedicada a Nossa Senhora da Nazareth; ao segundo verificou que a dita capella mede de comprimento dezanove metros e oito de largura e portanto tem a capacidade necessária para n’ella ser erecta provisoriamente a nova parochia, em quanto não se conclue o novo templo destinado ao mesmo fim, que se acha em adiantada construção e fica de grandes dimensões; Ao terceiro que na referida capella há vasos sagrados, paramentos, alfaias e todos os utensílios indispensáveis n’uma egreja parochial e tudo em perfeito estado de conservação e aceio; e ao quarto que também se acha já assente na mesma capella a pia baptismal, que é nova. E dando por concluido, o M.R. Arcypreste as diligências, mandou escrever este auto que por elle vai ser assignado, depois de lido por mim, Padre António Joaquim Soares de Rezende, escrivão ad hoc que o escrevi e assigno. Manuel Ferreira Pinto de Sousa António Joaquim Soares de Rezende.

NOTA: A criação de uma freguesia impunha a existência dum templo digno para o culto. Para verificar isso mesmo, deslocou-se à Gafanha, ao lugar da Chave, em 30 de Julho de 1910, o Arcipreste do Distrito Eclesiástico de Aveiro, Diocese de Coimbra, para verificar se estava tudo conforme as leis da Igreja Católica.

FM

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